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portugal dos pequeninos

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Uma sugestão

João Gonçalves 21 Ago 14

 

Numa noite branda da primavera de 2011, no Nobre ao Campo Pequeno, jantava um pequeno grupo de bloggers. A "estrela" do convívio era o dr. Passos Coelho. Sentado à minha frente, o actual primeiro-ministro defendeu a frugalidade dos gabinetes governamentais. O que passava, esclareceu, por "privilegiar" o recrutamento de gente das administrações públicas face ao tradicional cortejo de "rapazes" e "raparigas", em geral desbiografados salvo em matéria partidária ou afim. "Gabinetes pequenos e funcionais", dizia. Por outro lado, e nesta "linha", pretendia combater-se o chamado "Estado paralelo". Conservo o manuscrito, a lápis, do "preâmbulo" do Programa do Governo onde isso ficou assente: fui eu que o escrevi. Na altura até tive de "explicar" ao actual secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Bruno Maçães, acabado de aterrar em Portugal, o que é que "Estado paralelo" queria dizer. Imagino que presentemente esteja supra-esclarecido sobre o tema. Mesmo assim, o Governo - este mesmo, o do "Programa" - insiste em coisas como contratar «quase 500 mil euros de serviços de assessoria externa» porque «apesar do ministério [da Defesa] ter um gabinete jurídico, a opção de recorrer ao exterior foi justificada com o facto de o contrato prever tanto assessoria financeira como jurídica». Mais. «É jurídico o grosso dos serviços externos a que o Ministério da Defesa tem recorrido. E de acordo com os dados disponibilizados publicamente pelo Estado, desde o início deste ano, aquele ministério já celebrou contratos deste tipo que podem vir a chegar ao valor de 493.624 euros. Sem concurso público, com a maioria dos casos a resultarem de ajuste directo.» Porquê? «O gabinete de imprensa do ministro da Defesa explicou que a razão para o recurso a este tipo de serviços tem que ver com a “complexidade” das matérias e o vínculo anterior aos processos.» Voltamos ao princípio da conversa. O Estado tem juristas que aprecia tratar como idiotas naturais ou complexos conforme a "natureza" deles e de quem manda neles. Paga-lhes mal para, pelos vistos, ter uma "reserva" para os grandes escritórios do regime, alguns mencionados no artigo do Público. O dr. Passos e os seus próximos não se pouparam, nas palavras e nos gestos, em demonstrar o que, afinal, "pensavam" de quem serve a função pública e aparentada. Entretanto, e a um ano do final da legislatura, o "jornalismo de investigação" podia apurar até que ponto o "desejo" inicial, manifestado naquela já longínqua primavera de 2011, se concretizou. Ou seja, quantos trabalhadores das administrações públicas estiveram afectos aos gabinetes do executivo (a começar pelo do próprio PM) e quantos estão actualmente nessas funções. Fica a sugestão.

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