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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 4 Nov 14
Para alguma minoria que não suporta bola, e ainda menos os comentários infinitos que a antecedem e que lhe sucedem (curiosamente quase sempre com os mesmos que também comentam a política o que não deixa de ser concludente acerca da vulgaridade que tomou conta de tudo), o canal Mezzo oferece a partir das 19.30 uma das melhores versões contemporâneas da ópera Macbeth, de Verdi, a da Royal Opera House dirigida por Antonio Pappano. Com Simon Keenlyside, Liudmyla Monastyrska, Raymond Aceto e Dimitri Pittas, numa encenação de Phyllida Lloyd com Anthony Ward, Paule Constable e Michael Keengan-Dolan. Notável.
La vita... che importa?...
È il racconto d'un povero idiota;
Vento e suono che nulla dinota!
João Gonçalves 12 Out 14
A "putinesca" Netrebko perpetrou na tarde de sábado em Nova Iorque - em directo para o fim de tarde e princípio de noite lisboetas da Gulbenkian, o oásis de sempre no meio da cloaca em que permanentemente chafurdamos - uma Lady Macbeth extraordinária. Está quase sempre bem calada, isto é, quando apenas canta e não se põe com gracinhas nos intervalos. Já o Macbeth propriamente dito - Zeljko Lucic, faltam uns acentos que este teclado não possui -, quando foi entrevistado antes dos 3º e 4º actos, afirmou que tinha acabado de endoidecer (a personagem) e que daí em diante a circunstância era imparável. Francesco Maria Piave adaptou Shakespeare para o libreto verdiano e Macbeth, musicalmente falando, "antecipa" (como referiu o maestro Fabio Luisi) muito do que se seguiu. Todos temos um pouco deste casal divinamente demoníaco. No clip, Lady Macbeth/Netrebko está já completamente louca (sorte dela) e caminha para a morte depois de ter feito o que achava que lhe competia fazer. Deixa um lastro de sangue, volúpia e ambição realizados até ao paroxismo. Macbeth e a sua Senhora sobrevivem-nos enquanto sublimes representantes da eternidade do mal - na peça do inglês e na ópera de Verdi. Ou julgam que isto de andar por aqui é só miosótis e óculos de sol?
Adenda: «De onde emana tanto talento? À opulência vocal junta-se a fisicalidade que destila sexo. Na cama, no chão, fodendo o marido, manejando uma lâmpada crua e encandeando-nos, ou sonâmbula, a atravessar uma correnteza de cadeiras, não há obstáculos que a impeçam de casar o vocalismo com a psicologia do papel. Basta observar a maneira como atravessa o palco para se perceber o que lhe vai na alma e na mente.» (Jorge Calado, Expresso, 11.10.2014)
João Gonçalves 7 Set 13
Verdi, Otello. Vickers, Freni. Herbert von Karajan
João Gonçalves 17 Ago 13
No canal ARTE. ontem, serão adentro, transmitiu-se em directo o Don Carlo de Verdi, a partir do Festival de Salzurgo. É a grande ou pelo menos uma das maiores óperas "políticas" do grande Mestre italiano apesar do libreto se basear numa obra de Schiller. Há um momento decisivo no qual Filipe - que também mandou cá - é interpelado pelo Marquês de Posa, íntimo do príncipe protagonista, sobre o que pretende fazer com os domínios flamengos do império. Filipe afirma que o seu "projecto" é idêntico ao que pratica na "sede" - a paz. Posa responde-lhe desafiadoramente: "a paz dos cemitérios?". È notório que Posa não acabou bem. Filipe logo ali lhe atirou à cara com o Grande Inquisidor que, com a proficiência dos séculos e do espírito, tratou de tudo. Enquanto Posa jazia varado por uma bala traiçoeira, no derradeiro acto, com Carlos (o excelente Jonas Kaufmann) a ampará-lo, num remoto cantinho do antigo império "onde o sol nunca se punha", Quarteira, o primeiro-ministro de Portugal perpetrava um "discurso", entre o improvisado e a papeleta, o qual, com as devidas adaptações de tempo, modo e lugar fazia lembrar o da "paz dos cemitérios" do outro. Apesar de rodeado de "académicos" - desde ministros a secretários de Estado do "novo ciclo" passando pelo seu próprio staff -, o primeiro-ministro parece exibir alguma dificuldade em lidar com a realidade que também é, mal ou bem, jurídica. Se para alguma coisa serve o Direito é para criar nas pessoas pelo menos a sensação da certeza e da segurança. Até o autor da famosa expressão "forças de bloqueio" entendeu devidamente o que é que certeza e segurança jurídicas querem dizer caso contrário não colocava, por exemplo, questões ao Tribunal Constitucional. Nomeadamente, e para citar o próprio chefe do governo, quando há "riscos". Em democracia felizmente todos os dias há riscos, tentativas e erros. O oposto, por muito aborrecido que seja, é a paz dos cemitérios.
João Gonçalves 23 Jul 13
A Netrebko canta Lady Macbeth, de Verdi. É uma personagem que encarna com frequência em figuras públicas, muito especialmente na política. Nesta ária ela "anuncia" o seu "programa de acção" que envolve, entre outras coisas, punhaladas e manipulações várias para atingir os seus objectivos. De rainha a louca foi um passo. Acabou famosamente mal.
João Gonçalves 3 Mai 13
Para ver a partir das 20 horas. No São Carlos.
João Gonçalves 14 Abr 13
João Gonçalves 1 Jan 13
Comemora-se este ano o bicentenário do nascimento de Giuseppe Verdi. Viva, pois, Verdi com a versão de La Traviata para o Festival de Salzburgo de 2005. Anna Netrebko, Rolando Villazón, Thomas Hampson dirigidos por Carlo Rizzi.
João Gonçalves 15 Dez 12
A última vez que vi cantar Olga Borodina foi na Ópera da Bastilha. Era então a princesa Eboli no Don Carlo de Verdi. Esta tarde, em Nova Iorque e ao princípio da noite em Lisboa, em directo na Gulbenkian, Borodina foi Amneris, a despeitada filha do Faraó que o "herói" Radamés troca pela não menos princesa - só que etíope -, escrava da outra, a famosa Aida. Como escreve Jorge Calado no Expresso, não era possível juntar agora elenco melhor. Verdi interessou-se pela política. Muitas das suas óperas são sobre o poder que é a coisa mais próxima de outras inclinações "humanas" como o amor ou a paixão. E como a vida imita a arte (O. Wilde), Verdi acabou por ser um dos grandes inspiradores da unificação italiana e as suas óperas são bem mais "realistas" que as referidas paixões "humanas". Para além disso, e como me dizia alguém na Gulbenkian, esta ainda é uma ilha no meio da ignorância, da má-fé e das lérias domésticas. Ou seja, um lugar frequentável com gente frequentável. Honra e glória a Verdi.
João Gonçalves 8 Dez 12
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...