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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Contra Crato

João Gonçalves 14 Dez 14

Depois de um rapaz amável de Braga (se não erro), o Hugo Soares, a agremiação juvenil do PSD escolheu Simão Ribeiro para seu presidente. Estreou-se bem. Sovou Crato diante do Querido Líder - depois de assistir às últimas baboseiras populistas do dr. Passos e de ter tido conhecimento de outras mais restritas, nomeadamente na comissão política nacional a propósito dos deputados eleitos pela RA da Madeira que votaram contra o Orçamento, o presidente do PSD já merece ascender à sempre tão disputada cadeira do "kim-il-sunguismo" nacional -, elogiou o papel dos professores e defendeu o ensino superior da mesquinhice merceeira que o ameaça. Não conheço este Simãozinho mas já gosto dele.

Um coveiro na academia

João Gonçalves 15 Jan 14

Crato constará do rodapé da "história" deste governo sobretudo como alguém que ajudou a derrubar um colega seu à conta de um "relatório" do qual nunca mais se ouviu falar. De resto, como ministro da educação e ciência é um logro e um figurante que aprecia arrastar-se atrás dos que vão à frente dele: o primeiro-ministro, por natureza, e um ou outro ministro por irrelevância (ainda hoje ornamentou uma mesinha ao lado do "empreendedor" dr. Lima). E, como professor universitário, presumo que não mereça a menor consideração da "comunidade académica", da que existe ou da por vir. Com ele, aliás, corre o sério risco de não vir de todo.

Um explicador para Crato

João Gonçalves 5 Dez 13

 

David Justino foi ministro da educação. Presentemente aconselha o Presidente da República. É professor. Tem bom senso. Não é suspeito. Nesta entrevista, sem o citar, acabou por dar uma "lição" ao incumbente da 5 de Outubro. O caos e a insegurança que Nuno Crato lançou abrupta e estupidamente no mundo da educação e do ensino superior, acabou por frustrar as expectativas que acompanharam a sua escolha. Curiosamente não vemos o primeiro-ministro muito preocupado com os danos que as trapalhadas do ilustre professor provocam num sector, o da qualificação, do qual depende também o famoso "futuro" que nunca sai do discurso único do "financês" que adoptou. Como se a educação, a cultura, a investigação e a formação superior fossem filhas de um deus menor que não cabem nas simplificações do "ajustamento". Mas não são, de facto. Crato anda à solta. E não lhe ocorre que já está a mais há demasiado tempo. Haja alguém que faça o favor de lhe explicar.

Já chumbou

João Gonçalves 19 Nov 13

O Governo, por causa do prof. Crato, uma catedrática nulidade política, passou pelo vexame de as universidades "cortarem" relações com ele. Mais do que as restrições orçamentais, os reitores queixaram-se da forma - a ausência de sentido institucional da criatura - como a tutela, desde pelo menos Agosto, tem tratado o ensino superior público. Aparentemente a qualificação não consta do livro vermelho-liberal do ministro que, após este medíocre exercício governativo, devia pensar duas vezes antes de regressar ao espaço universitário público. Já chumbou.

Uma Universidade cosmopolita

João Gonçalves 22 Jun 13

 

Não pertenço ao largo clube pernóstico que costuma tremelicar de emoção patrioteira cada vez que alguém nos distingue, da UNESCO ao festival da eurovisão, passando pelo fatal dr. Barroso na Comissão Europeia. Não me comovi com o fado, apesar da D. Amália, porque à conta disso um batalhão de pindéricos decidiu declarar-se abruptamente "fadista". Executado o prolegómeno, tranquiliza-me manifestar público apreço pela Universidade de Coimbra cuja edificação original data do século XIII. Para além disso, muito do meu curso de Direito na Católica foi ministrado por professores oriundos daquela Universidade. Francisco Lucas Pires, Mário Júlio de Almeida Costa, Carlos Mota Pinto, Antunes Varela, Ferrer Correia ou Castanheira Neves, pelo Direito, ao vivo e a cores, ou Vítor Aguiar e Silva e Aníbal Pinto de Castro, pelas Letras, em livro, bem como, na década passada, Vital Moreira e a sua pós-graduação sobre direitos humanos e democracia, aí estão para confirmar a minha amizade intelectual para com a instituição fundada por D. Dinis. Os produtos da nossa academia, em particular os de Lisboa, sempre alimentaram uma particular acrimónia com Coimbra. Presumo que os de lá façam o mesmo. É claro que não há a menor pachorra para "fitas", "tradições" ou Torgas que, por vezes, incutem os piores instintos separatistas e que dão vontade que o país termine, na prática, aos primeiros quilómetros da A1 no sentido Sul-Norte. Mas a Universidade de Coimbra que me interessa é a cosmopolita que conheci e que a UNESCO celebrou. O resto é facultativo.

Um limbo

João Gonçalves 24 Jul 12

 

Quando entrei na universidade, a Católica, depois de meia dúzia de exames escritos sobre história, filosofia e português se bem me lembro, as faculdades públicas recuperavam lentamente do desvario do PREC. Em Direito, por exemplo, os exames orais chegavam a realizar-se num sofá onde, ao mesmo tempo, se sentavam três ou quatro alunos que iam sendo interrogados à vez. A Católica acolheu, por isso e por outras coisas, muitos dos professores estupidamente expulsos da cátedra, ou mal aproveitados, por causa da política et al, o que me deu o privilégio - a mim e a centenas de pessoas - de ter aulas com Vasco Pulido Valente, Jorge Miranda, António Luciano Pacheco de Sousa Franco, Mário Júlio de Almeida Costa, Jorge Borges de Macedo, João de Matos Antunes Varela, Francisco Lucas Pires, Carlos Mota Pinto, Pedro Soares Martinez, Maria da Glória Garcia, a nova reitora da UCP, Manuel Cavaleiro Ferreira, Mário Bigotte Chorão, António Castanheira Neves, Maria dos Prazeres Beleza, etc., etc. Mais. Muitos dos nomes que citei não apenas garantiam as chamadas aulas teóricas como davam as aulas práticas. Para além das "públicas" e do estado delas, praticamente só havia a Católica e, depois, a Livre que rapidamente se dividiu em facções. Com o tempo e os costumes, abriram-se vários estabelecimentos de "ensino superior" e a própria Católica começou a oferecer extravagâncias que nada tinham a ver com a sua matriz original. Entretanto, para os vários "departamentos" desses novos estabelecimentos foram sendo convidados nomes (mais do que "professores" propriamente ditos) que "emprestavam" os referidos nomes (a notoridedade ou "reputação", como há dias notei aqui, adquire-se nas novas mesas de café que são as tribunas partidárias ou televisivas) aos departamentos. Nalguns casos os nomes coincidiram com uma carreira académica normal, feita de acordo com os concursos públicos exigidos para o efeito, noutros não. Não será este último caso o dos directores de uma das faculdades de uma universidade ultimamente muito em voga que decidiram colocar "os cargos à disposição". Todavia não deixa de ser curioso que tenham escolhido este momento para o fazer. Até agora, e dentro da dita universidade, o que é que afinal dirigiam? Um limbo?

De susto

João Gonçalves 16 Jun 12

Vasco Pulido Valente, no Público, coloca o dedo - os dedos todos - numa chaga cultural e social. «Portugal tem um número extravagante (e suponho que nunca visto num país tão pequeno) de 4154 cursos “superiores”(...) Em Portugal, existem 20 faculdades de Direito, com a consequência inevitável de que os licenciados em Direito estão no desemprego ou trabalham, precariamente, “no que vai aparecendo”… Outro exemplo: há uma Escola Superior de Educação em Arcozelo. Há uma segunda em Fafe. E há ainda uma Faculdade de Línguas Estrangeiras Aplicadas (como serão as que não se aplicam?) na Universidade de Trás-os-Montes e uma Faculdade de Estudos Artísticos na Universidade do Algarve.» Etc. Etc. A proliferação acéfala de estabelecimentos comerciais ditos de "ensino superior" agravou o panorama geral da qualificação doméstica que, famosamente, nunca foi grande coisa. E agravou-a por duas vias. Desde logo pela invenção de licenciaturas para tudo e para nada a que se juntou o declínio inevitável de algum do ensino universitário mais frequentado como o direito ou a economia. Por outro lado, e dada a natureza "mercantil" do objectivo, hordas de analfabetos simples invadiram as chamadas universidades com os resultados que para aí se exibem, desde os rodapés dos telejornais até ao mais perfumado "executivo" empreendedor. Como se isto não bastasse, Bolonha complicou tudo com os seus expeditos "créditos". Alexandre Herculano, nestas circunstâncias, não teria apenas "vontade de morrer" como estaria inequivocamente morto. De susto.

A GRAÇA SOCIAL

João Gonçalves 18 Set 11

O dr. Paulo Pedroso tem todo o direito do mundo à sua privativa "indignação" relativamente ao senhor reitor da UCP. Presumo que se refere a Manuel Braga da Cruz. No meu tempo era reitor o agora D. José Policarpo que, em certo sentido, também pode suscitar "indignações" em alguns católicos opostos às crenças do dr. Pedroso (crenças aqui no sentido que lhe atribui a filosofia pragmatista). Mas, como escreve hoje no Público o antigo docente da referida Universidade Católica, Vasco Pulido Valente, «a gente que, em 1975, destruiu alegremente a economia não sofreu o menor incómodo pessoal ou profissional; e a gente que proclamava pelas ruas a necessidade de "fuzilar a reacção" e de estabelecer rapidamente uma ditadura do PC acabou em Belém a receber a Ordem da "Liberdade" das mãos de Soares» pelo que «mesmo hoje, um passado "revolucionário" se considera uma recomendação e até uma espécie de graça social.» Considere a coisa assim e fica mais consolado.
Concordo com Pedro Lomba, no Público. «As universidades, em quem ninguém acredita, poderiam ser bem mais úteis a Portugal.» Mas, primeiro, teríamos de responder a esta singela questão. Por que é que ninguém acredita nas universidades domésticas?

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