Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

 

Sophia de Mello Breyner é, talvez, ao lado de Vitorino Nemésio (tão parcamente evocado como tal) e de Jorge de Sena um dos poetas fortes do século XX literário português. Se os outros dois fossem, um dia, transladados para o Panteão, acompanhavam-se perfeitamente uns aos outros. Se lá repousa o Junqueiro, essa meia-tijela intelectual nas palavras ácidas de Sena, por que é que aqueles não podem entrar em Santa Engrácia? Entre nós, estas "entradas" no Panteão, apesar de toda a devoção regimental, correm sempre o risco da sua própria caricatura contrariamente ao que que sucede em países como a França, mais dados a prestar à cultura e à história uma atenção que por aqui é quase sempre fruto do descaso. Da poesia de Sophia "falaram" bem alguns seus "confrades" e ensaístas como Óscar Lopes, Joaquim Manuel Magalhães, Eduardo Prado Coelho e, mais recentemente numa peça notável no Expresso, Pedro Mexia. Mas porventura por andar com ele na mão, é a Vasco Graça Moura (Discursos vários poéticos) que peço emprestadas as palavras do título e as seguintes. Porque há nos versos de Sophia um sentido de austeridade, de rigor e de autenticidade, que Graça Moura evoca e resume, um sentido de quem escreve «o poema como o boi lavra o campo/Sem que tropece no metro o pensamento/Sem que nada seja reduzido ou exilado/Sem que nada separe o homem do vivido».

 

«Ela surge, assim, outra vez, na sua nobre voz e no seu vulto frágil, num momento em que a cidade dos homens perdeu o norte e se tornou um pântano em que se respira tanto lixo, tanta porcaria e tanta abjecção. Nunca o que tinha a dizer-nos foi tão imperativamente necessário como agora. Nunca, como agora, precisámos tanto do banho lustral e purificador dos sons da sua lira de oiro e cristal, e dos fustes, dos frisos, das colunas, da justa proporção e da medida, do sonho e da água, do ar cor de safira e da luz que cintilam na sua palavra, atravessando-a e atravessando-nos para nos despoluírem a alma e para nos refundarem em dignidade.»

INSCRIÇÃO

João Gonçalves 24 Jul 11



Quando eu morrer voltarei para buscar
os instantes que não vivi junto do mar


Sophia de Mello Breyner Andresen

SOPHIA

João Gonçalves 27 Jan 11


A partir de agora, o espólio de Sophia de Mello Breyner está na Biblioteca Nacional. E entre hoje e amanhã decorre na Gulbenkian o "COLÓQUIO INTERNACIONAL SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDRESEN", promovido por Maria Andresen de Sousa Tavares e realizado com a colaboração do Centro Nacional de Cultura. Tardava este reconhecimento a uma grande poeta portuguesa contemporânea.

HOMENAGEM

João Gonçalves 1 Jan 11

Faz da tua vida em frente à luz
Um lúcido terraço exacto e branco,
Docemente cortado
Pelo rio das noites.

Alheio o passo em tão perdida estrada
Vive, sem seres ele, o teu destino.
Inflexível assiste
À tua própria ausência.

Do livro de Sophia, ali à direita (e emprestado do
Almocreve)

«TUDO QUANTO ACONTECE É SOLITÁRIO»

João Gonçalves 14 Dez 10






Venho do lançamento do livro ali à direita que reúne a obra poética édita de Sophia de Mello Breyner Andresen. Notável trabalho da Caminho/Leya. Não devemos gastar muitas palavras a falar de poesia. Por isso, para Sophia, bastam duas: austeridade e precisão. «Não procures verdade no que sabes/Nem destino procures nos teus gestos/Tudo quanto acontece é solitário/Fora de saber fora das leis/Dentro de um ritmo cego inumerável/Onde nunca foi dito nenhum nome.»

Clips: João César Monteiro, 1970: Sophia de Mello Breyner Andresen

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor