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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 26 Mar 14
João Gonçalves 6 Fev 14
João Gonçalves 13 Nov 12
Entre outros, ando a ler o livro de Vargas Llosa A Civilização do Espectáculo, da Quetzal. Llosa é um homem que participa activamente nos debates contemporâneos sem a soberba de outros escritores que receberam o Nobel da literatura. Não segue a correcção política e isso, por vezes, vale-lhe o epíteto de reaccionário ou liberal o que na cabeça de determinados analfabetos é a mesma coisa. Em matéria de comunicação social e cultural, Llosa intui perfeitamente o que se passa sem se exceder em derrames inúteis. «Por iniciativa própria, o jornalismo dos nossos dias, seguindo o mandato cultural imperante, procura entreter e divertir informando, com o resultado inevitável de fomentar, graças a essa subtil deformação dos seus objectivos tradicionais, uma imprensa também light, leve, amena, superficial e que entretém, a qual, nos casos extremos, se não tiver à mão informações desta índole para relatar, ela própria as fabrica.»
João Gonçalves 24 Jun 12
Tenho lido muitas alusões a um chamado "jornalismo de referência". Certamente por deficiência minha, ainda não consegui entender o que é (e onde se encontra) esse "jornalismo de referência", quem é que e como é que se apura semelhante coisa, o que é que o distingue precisamente como "referência", etc., etc. Sempre aqui escrevi que não possuo o menor temor reverencial perante a actividade jornalística e que, neste como em qualquer outro sector, há muito bons, bons, sofrivéis, maus e muito maus profissionais. Para além de que se trata de uma área "especializada" em escrutinar tudo e todos e que não aprecia ser escrutinada, embora a última palavra sobre o "produto" seja a do cliente e a do mercado. Por isso não espanta que um jornal com as características comunicacionais do Correio da Manhã "bata" sistematicamente qualquer alternativa a que os "especialistas" chamariam "de referência". Até a circunstância de não ter cedido ao português "acordográfico" lhe é favorável. Há uns anos, no Expresso (um verdadeiro monumento nacional ao tal "jornalismo de referência"), Manuel Maria Carrilho perguntava o seguinte: «no mundo em que a informação se encontra totalmente mercantilizada, e não podendo invocar nem uma legitimidade eleitoral (como os políticos) nem uma legitimidade técnica (como a opinião pública [através das sondagens], a fonte da legitimidade jornalística aparece, sem dúvida, cada vez mais opaca: ela vem de onde, representa quem, responde perante o quê?» Boas perguntas de resposta complexa. Mas há mais. Esta opacidade, que muitos pelos vistos acham "de referência", traduz-se - continuo com Carrilho - «em geral num discurso que assenta no surrealista princípio de que «eles» é que sabem (e sempre melhor do que os que foram eleitos) o que «realmente» o povo sente e quer», arrogando-se «o direito - marcado por um tropismo ora policial, ora moralóide - de passar do registo dos confrontos de opinião para o das avaliações completamente subjectivas, tão expressivas como espúrias.» Este úlltimo aspecto é particularmente impressivo em certo comentarismo televisivo - prolongável ou não em papel - cujo paroxismo "tudológico" atinge, quase diariamente, patamares apenas risíveis. Em suma, "de referência" só mesmo alguns livros.
João Gonçalves 1 Abr 12
«Tudo o que seja previsões de políticos, comentadores, governantes ou outros protagonistas mediáticos é valorizado em manchetes e títulos e citado em espiral de auto-referenciação noutros media. Haverá razões de carácter nacional para a obsessão com o futuro – o fado, a vivência no sonho – mas explico o fenómeno pelo comodismo. As previsões não implicam investigação, não remetem para quaisquer factos verificados. Não trazem maçadas de nenhum género a quem as reporta e quem as profere assegura protagonismo. Acontece que Passos é avesso a previsões. Em vez de prometer amanhãs que cantam, como outros políticos, tem preferido manter o seu discurso político no presente. Isso deveria ser bem-vindo, por trazer realismo e sensatez ao discurso político, mas é criticado por políticos, comentadores, incluindo do seu próprio partido, como Marcelo Rebelo de Sousa, e, mais espantosamente, por muitos jornalistas comentadores que parecem preferir políticos mentirosos aos que, mesmo escondendo verdades, pelo menos não mintam. Quando comentadores dizem que Passos deveria acentuar o "discurso da esperança", já se sabe que estão a sugerir ao primeiro-ministro que comece a mentir. Parte do jornalismo português, viciado nas mentiras cor-de-rosa do anterior governo, anda desaustinada com um primeiro--ministro que recusa aderir a essa má prática política e jornalística. Ele repete que não quer prever e prometer o que não pode. Mas os microfones sedentos de previsões não o largam. Quando esse jornalismo anseia que lhe contem mentiras, que se pode esperar dele?
A inscrição "Paços Coelho" na entrevista do primeiro-ministro na TVI não foi uma simples gralha. Assinalou uma total ignorância sobre a vida nacional. Este terá sido o erro gramatical mais gritante da última década, mas acontece tantas vezes em todos os canais que se trata já de uma característica estrutural da informação na TV portuguesa. Quando falo com jornalistas jovens, verifico que, faltando-lhes cultura geral, vêem-se à nora para escrever sobre matérias de que nada sabem — e não podem informar-se devidamente porque não lhes dão tempo para escrever. A proletarização dos jornalistas é responsável pela decadência, nos velhos e nos novos media, da prática jornalística, que de indústria cultural vai passando a indústria "desculturalizada".»
João Gonçalves 24 Fev 12
João Gonçalves 24 Jan 12
Nunca um apelo ao silêncio foi tão oportuno. «O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. » Aprendam, tagarelas.
João Gonçalves 12 Jan 12
João Gonçalves 14 Dez 11
João Gonçalves 29 Out 11
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...