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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 2 Fev 16
Até aqui não se pode afirmar que Costa não tivesse tido sucesso nas negociações internas. Apesar da soberba peralvilha das raparigas do Bloco e do compromisso "patriótico e de esquerda" do PC, a verdade é que o governo em funções é aquele que Costa quis, as pessoas que ele quis e os lugares dependentes do governo para as pessoas que o PS quer. Nem mais nem menos. Para recorrer a linguagem da história diplomática, Costa garantiu a sua soberania na ordem interna. Falta-lhe agora demonstrar que também a assegura na ordem externa sem beliscar a que decorre dos papéis assinados à sua esquerda. O embate das propostas orçamentais com Bruxelas serve parta testar as capacidades negociadoras, ou seja, políticas de Costa com os donos do Tratado Orçamental. Não creio que seja útil para o país - independentemente de se criticar o exercício e, mesmo, de o rejeitar na altura adequada no parlamento - aplaudir de fora para dentro, ou de dentro para fora, a "Europa" contra o governo. Uma coisa é deixar Costa e os seus aliados, como aliás ele reclamou, sozinhos defenderem a sua dama. Outra bem diferente é dizer mal da dama diante de terceiros. O palco é todo do negociador.
João Gonçalves 2 Set 15
Agosto, mês de férias, feiras e festas, manteve o país em remanso relativo. Só não foi absoluto por causa das eleições o que obrigou os protagonistas delas a alguma movimentação. O "povo", pareceu-me, absorveu as férias, as feiras e as festas até ao tutano e desprezou os ruídos que, de vez em quando, lhe chegavam do folclore partidário. O que pode ser um sinal interpretável para Outubro: a política não consta "inequivocamente" da lista de prioridades do "povo" como desejam os principais candidatos à pastorícia directa da nação. Mesmo assim houve esforços.
O PS acampou a juventude. O PSD ofereceu-lhe a habitual academia de Castelo de Vide. Apareceu uma candidata presidencial e desapareceu outro que antes de ser já não era. O dr. Passos, por força das circunstâncias, anda mais "social" na retórica mas carrega o Novo Banco às costas. O dr. Costa anda o que for preciso e mesmo assim pode não chegar. O dr. Portas, e como estão perfeitos um para o outro, prepara um talk show com a D. Heloísa Apolónia. Jerónimo espera mais deputados. E o Bloco é a Mariana Mortágua e basta. Não se dá praticamente pelos "novos" que, aliás, não fizeram muito para que se dê por eles. Sucede que fora desta pequenez caseirinha a Europa, a que nós estamos ligados mais pelo tratado orçamental do que por qualquer outra coisa, ficou obrigada a encontrar-se consigo própria (história, "valores", "princípios", economia, etc.) por causa dos chamados migrantes e refugiados.
Durão Barroso, o mais bonzo presidente da Comissão Europeia dos derradeiros tempos, passeou por Castelo de Vide a frivolidade que o tornou internacionalmente famoso. Sobre isto referiu que a Europa terá sempre as portas abertas mas não escancaradas. A Hungria ou a Sérvia - países cujo passado não os recomenda especialmente em matéria de direitos humanos - "aprenderam" mais depressa a "lição" de Barroso do que a rapaziada laranja. Foi preciso Merkel para retomar um olhar europeu, sensato e cosmopolita, sobre esta catástrofe. A Alemanha política e "da indústria" dispõe-se a receber 800 mil pessoas e reprova sem hesitações comportamentos xenófobos. Desafia, com a autoridade de quem pagou o preço elevado da devastação física e moral, a restante Europa, a que cabe na indigência oportunista dos Barrosos de Castelo de Vide. A chanceler, para já, devolveu uma "ideia de Europa" à Europa. E é dos textos que quem salva uma vida salva a humanidade inteira.
João Gonçalves 8 Jul 15
Por aqui, as circunstâncias eleitorais explicaram parte do desvario jubilatório das esquerdas e da intimidação timorata das direitas. E o "carácter nacional", espalhado em muito comentadorismo, nas redes sociais e em algumas prosas do jornalismo oficioso, o resto: "dureza" e grosseria. Paulo Rangel perguntava ontem, num artigo no Público, "Grécia, Grécia, por que nos abandonaste", presumivelmente na sua recente qualidade de substituto de Alexandra Solnado na interlocução directa com Jesus. E o primeiro-ministro, mais terreno e jurado praticante do tratado orçamental, sugeria que cabia à Grécia escolher. Ou seja, apontou-lhe delicadamente a luz de presença "saída" na lógica, aliás, da aritmética do doutor Cavaco. Ora como preveniu Medeiros Ferreira em Abril de 2012, o Tratado Orçamental foi feito para dividir a Europa e não para a unir. É também isso que revela a tagarelice e a mesquinhice de muitas destas reacções ao transe grego o qual, lá por ser grego, não deixa de ser sobretudo europeu. Os sonsos das "instituições" - com Dijsselbloem à cabeça, Draghi nas mãos, Schulz no tronco e Juncker nos pés -, no lastro de um Conselho Europeu composto por impotentes políticos, activos ou passivos, espelham bem a inexistência de um pensamento sobre o futuro da União. Primeiro, cativa da alacridade dos Tratados desde 1992 e, agora, exclusivamente subordinada ao Tratado Orçamental de 2012 que apenas serviu para aumentar a desconfiança entre estados-membros. O episódio grego decorre fundamentalmente disto e do colapso de décadas de governações falaciosas caídas com estrondo sobre o perplexo e porventura impreparado Tsipras que não hesitou na imolação de Varoufakis. Porque (e volto a pedir emprestadas palavras a Medeiros Ferreira) "neste momento as instituições europeias não funcionam, nem dentro nem fora dos Tratados" dado "o erro inicial da fuga à vontade dos povos e ao escrutínio democrático a nível europeu". Obama e Putin não são meros observadores. Foi você que pediu esta Europa? Eu não.
João Gonçalves 3 Jul 15
João Gonçalves 17 Jun 15
Findo, cerca da meia-noite, O Crepúsculo dos Deuses no canal Mezzo - as "elites" deviam ser fechadas numa sala durante aquelas quase cinco horas e "obrigadas" a ver aquilo para ver se finalmente percebem o que lhes acaba sempre por acontecer - passei pelas notícias domésticas. Sem som, li num rodapé que ilustrava a dra. Albuquerque que a mesma aludiu a uma "pedra". Ora "a pedra" seria a dívida. E os carregadores da dita seriam os portugueses ainda por muitos e bons anos. A dra. Albuquerque não mente e não erra. Não tem jeitinho nenhum mas não se engana. Aliás, a coisa persegue-nos desde que a história de Portugal passou a ser conspícua. A literatura da especialidade, e a outra, glosou amplamente a matéria sobretudo em torno do consabido binómio dívida-empréstimo. Com a "Europa", onde comemorámos outro dia 30 anos de adesão, o binómio conheceu as oscilações decorrentes dela (antes dela, nos anos 70, e com ela nos anos 80 e em 2011) e do convívio forçado com o benemérito FMI. De 2011 para cá, os juros do empréstimo aumentaram significativamente a dívida desequilibrando o binómio, na realidade o seu estado natural. O dr. Costa, cuja superficialidade nestas matérias assusta o último moderado, acha que a "pedra" se dissolve por artes mágicas da dita "Europa". Mas imagine o dr. Costa, homem assaz desprovido de imaginação, que a "Europa", ou melhor, o tratado orçamental que a constitui e comanda, se "dissolve" antes da nossa pesada "pedra". Aí, com certeza, não ficará pedra sobre pedra.
João Gonçalves 8 Mai 15
Paradoxalmente, ou talvez não, a vitória conservadora na Inglaterra constitui mais uma derrota da "Europa": a de Barroso, de Juncker, da Senhora e de Hollande. O "nivelamento" a que praticamente todas as governações europeias se sujeitaram, sejam mais das esquerdas ou mais das direitas, por causa do "tratado orçamental" alterou profundamente aquilo a que o PC costuma chamar "a correlação de forças". O socialismo e a social-democracia, à força de não se distinguirem dos "conservadores" e "liberais"no austeritarismo e na mistificação política em que se tornou a "Europa", fazem com que a populaça prefira o original (com algumas "originalidades" tais como a ameaça de referendo sobre a pertença à Europa e a moeda própria) ou o "radical" quase inconsequente (como na Grécia) a cópias remoídas. Deve ser por isso que o dr. Costa, que possui um módico de literacia económica e financeira, não se entende politicamente com o "relatório técnico" que encomendou. Está entre aquele clássico querer e não querer o mesmo, "rebocado" pelos mesmos que já não vão a tempo de entender, para citar um título de Manuel Valls, que é preciso acabar com o velho socialismo para ser finalmente de esquerda.
João Gonçalves 20 Abr 15
Já não sei quem escreveu que há duas coisas que o homem não consegue encarar de frente: o sol e a morte. Esta última é particularmente verdadeira para o homem ocidental e europeu, em especial. As tragédias consecutivas que têm lugar no Mediterrâneo, às portas da mirífica Europa, dizem muito sobre a impotência em que esta "União" caiu. No meio desta catástrofe - e a antecedê-la - está um pouco de tudo: negócios, medo, esperança, cobardia. O recalcado triunfa sobre a retórica judaico-cristã que, por exemplo, o Papa fez questão de "terrenizar" indo a Lampedusa. Também lá foi a burocracia europeia de Bruxelas, encabeçada ainda por Barroso, o cretino, para nada. A verdade é que a "Europa" não sabe o que fazer com estes milhares de pessoas que sonham com ela. Transformada numa gigantesca secção de contabilidade e de negocismo político rasca, a "Europa" apenas consegue aparentemente patrulhar a morte. A sua e a dos outros.
Foto: Público
João Gonçalves 22 Mar 15
Com certeza Marine Le Pen terminará o dia com um sorriso maior. Rirá sobretudo dos pobres de espírito que arruinam politicamente a Europa à conta das folhas Excel que uns esquadrinham e outros preenchem obedientemente. A metáfora paroquial dos "cofres cheios" apenas denota esta infelicidade generalizada. A Le Pen, como a outros em países onde as opiniões públicas são fortes e pouco timoratas, basta aproveitar as brechas que os burocratas da democracia cavam todos os dias. Os "centrões", mais à esquerda ou mais à direita, acharam que o hiperliberalismo retórico das "reformas" (repare-se que nunca ninguém menciona, em concreto, o que é que entende por "reformas") os salvava. Começou com o estúpido Blair e acabou na Merkel da contabilidade pública comunitária. Agora amanhem-se. Só temos o que merecemos.
João Gonçalves 4 Mar 15
O sr. Juncker, ignorando-se se foi em momento pré ou pós-prandial, atribuiu aos dois governos ibéricos uma "exigência" maior em relação à Grécia do que propriamente a Alemanha. Já se percebeu que o sr. Juncker, democrata-cristão, não navegou pelo livro vermelho do Grande Desdentado Mao contrariamente ao seu antecessor que nunca deu um ponto periférico sem nó germânico. Se as coisas não correrem bem à "Europa" e à Grécia - porque uma não vai sem a outra e vice-versa - Juncker pretende, desde já, "aliviar" as responsabilidades da Comissão passando-as politicamente para o Conselho Europeu e para o Eurogrupo onde alguns têm ido além da chinela. Por coincidência a Península também se junta em eleições. A Espanha não quer piorar as "condições" dos seus PEC' s e o dr. Passos não pretende dar início aos seus de volta à cauda como "aluno" insuficente em vez de bom. Porque se a Europa se entender quanto ao futuro próximo helénico, a anunciada "vigilância" será ainda mais apertada do que a prevista precisamente pela Comissão do amigo Juncker. A "jangada de pedra" precisa das bóias para se amparar.
João Gonçalves 27 Fev 15
A Comissão Europeia - que faz de preboste na execução do estúpido tratado orçamental, a verdadeira "constituição europeia" - veio lembrar a um dos seus melhores alunos, o governo português (em funções ou outro qualquer por vir), que o PEAF não só não chegou como da sua aplicação resultaram "desequilíbrios excessivos" (como se estes estupores não soubessem o que é que ia "resultar" na periferia) tais como o aumento da dívida, do desemprego e da pobreza. No fundo a Comissão escreveu o prefácio do primeiro PEC do governo do dr. Passos o qual entrará já em vigor na saison primavera-verão e em plena pré-campanha eleitoral doméstica. Ou seja, o "arco da governação" não pode ter outro programa a não ser o que lhe vai ser imposto pelas "entidades" do costume que resultam do dito tratado. É esse, também, o engulho do dr. Costa e menos a sabujice circunstancial a terceiros. O resto são jogos florais.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...