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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Ansiedade não sei de quê

João Gonçalves 26 Mai 12

«Encontrávamo-nos sempre os dois à espera de qualquer coisa, de notícias de um outro mundo qualquer, que nos tirasse da ansiedade não sei de quê. Mas éramos novos, ainda estávamos à espera de qualquer coisa. Agora já não estou à espera de nada.»

 

Eduardo Lourenço, i

Tempo de heterodoxia

João Gonçalves 18 Mai 12

«Hoje, livros como o Heterodoxia, parecem coisas simples, mas eram coisa para o gigantesco na altura em que foram feitos. E tão excepcionais eram que foram respondidos pelo silêncio que protege a incomodidade. O livro permanecia, como aliás muitos escritos de Lourenço, num limbo bem afastado da moda corrente, na primeira edição (...). No seu discurso a receber o prémio [Pessoa], Lourenço fez também uma coisa cada vez mais rara: trouxe consigo esse “país estrangeiro” que é o passado, para homenagear, ao receber o Pessoa, o papel dos que ajudaram Pessoa a ser mais do que um grande poeta, um elemento simbólico dos nossos tempos portugueses do século XX. Falou de gente esquecida como Adolfo Casais Monteiro ou João Gaspar Simões, que alguns, poucos, intelectuais recordam e ainda menos lêem. E ao falar sobre eles, falou também sobre si. Falou num momento de consagração pessoal, sobre como é efémera essa glória e como nós temos uma excelente capacidade para esquecer o importante e uma excelente capacidade para perpetuar a trivialidade. As duas coisas juntas foram o seu verdadeiro discurso sobre a crise. »

 

José Pacheco Pereira, Abrupto

UM DESTINO PORTUGUÊS

João Gonçalves 29 Dez 11


«É pena que Freud não nos tenha conhecido: teria descoberto, ao menos, no campo da pura vontade de aparecer, um povo em que se exemplifica o sublime triunfo do princípio do prazer sobre o princípio da realidade.»

Eduardo Lourenço (revisitado 33 anos depois em O Labirinto da Saudade)

PRÉMIO LAURENTINO

João Gonçalves 16 Dez 11

«Já houve de tudo na atribuição do Prémio Pessoa inventado pelo Expresso: amiguismo, snobismo, intriguismo, oportunismo, e algumas distinções adequadas. O prémio hoje atribuído a Eduardo Lourenço, no ano em que a Gulbenkian está a publicar a obra completa do grande ensaísta, redime muitos pecados cometidos em Seteais.» É verdade, Medeiros. "Pecados" em que o premiado também terá participado já que fez parte do júri do dito prémio durante uns bons aninhos. All in all, ainda é dos poucos que pensa.

SERVIÇO PÚBLICO DE TELEVISÃO

João Gonçalves 13 Nov 11


É, por exemplo, isto. A propósito, a Gulbenkian começou a editar as Obras Completas do homem. Já vi por lá a Heterodoxia, um dos meus preferidos. «O homem é uma realidade dividida. O respeito pela sua divisão é Heterodoxia.» (1949)

LAURENTINAS

João Gonçalves 5 Abr 10


Jorge Dias já tinha dito há muitos anos, em pleno "fascismo", que Portugal era um país difícil de governar porque o respectivo povinho é paradoxal. Eduardo Lourenço, o homem da "psicanálise mítica do destino português" e que oscila entre o francamente bom, o sofrível e o desnecessário, farta-se de dar entrevistas, de escrever artigos e de não cessar de falar desta trampa a partir bem do centro dela. Umas vezes daqui mesmo, outras de França que escolheu como residência. Um amigo definiu-o como "um jesuíta a lubrificar as ideias dos outros". Que crueldade.

CONVERSAS LAURENTINAS

João Gonçalves 17 Set 09


Via Eduardo Pitta - sim, existe um Eduardo Pitta para além da tagarelice em curso - dou conta da retoma da publicação da revista Colóquio-Letras depois do infeliz "episódio Joana Varela" entretanto passado a ferro pelo decurso do tempo. São dois números dedicados a Eduardo Lourenço. O primeiro (que me interessa pouco) resume um congresso que lhe foi dedicado. Os nomes são recorrentes. E a "presença real" laurentina será sempre mais poderosa do que tudo o que se possa escrever sobre ele. O segundo é mais auspicioso porque «tem por base o trabalho de selecção, transcrição, tradução e anotação do espólio de Lourenço (transferido de França para Portugal)» e «além de textos de Agustina Bessa-Luís, José Blanc de Portugal, Patrick Quillier e Carlos Mendes de Sousa, recolhe parte do epistolário do autor com Miguel Torga, Jorge Guillén, Hernâni Cidade, Jacinto do Prado Coelho, David Mourão-Ferreira, José-Augusto França, Eugénio de Andrade, Salette Tavares, Vergílio Ferreira, Luís Amaro, Mário Botas, Adolfo Casais Monteiro, Luciana Stegagno Picchio, Eduardo Prado Coelho, etc.». Aprende-se muita coisa com determinada epistolografia. Muita mesmo.

PONTO DE EXCLAMAÇÃO

João Gonçalves 13 Set 09


Numa estante aqui de casa dei pela "correspondência" de Jorge de Sena com Eduardo Lourenço, um livrinho publicado pela IN-CM em 1991. Inclui as dedicatórias mútuas apostas nos livros que enviaram um ao outro. Gostei particularmente deste post-scriptum de Sena, numa delas, datado de 1955: «olhe que o Torga é, para mim, a imagem do que a poesia não deve ser!» Até tem ponto de exclamação e tudo!

NINGUÉM MORRE CONTENTE CONSIGO

João Gonçalves 19 Out 08


«Somos prisioneiros de uma absoluta misericórdia, tanto mais inexpugnável quanto mais a supusermos anónima. Isto nos devia tornar humildes, não como cães da vida, por temor do castigo ou avidez de alimento, mas por fidelidade ao silêncio terrestre que de todos os lados nos excede. Quem se olhou a fundo sabe que coisa alguma da sua vida, o pior ou o melhor, dependeu totalmente da sua vontade. Colaborámos, bem ou mal, mas fomos excedidos. Talvez por isso, espécie alguma de homem me é mais estranha que os contentes de si, ricos do espírito e fátuos do coração. Mas é-me necessário compreendê-los para não ficar prisioneiro de um contentamento próprio ainda mais profundo. De resto, tal propósito é igualmente fátuo. A mesma mão que nos cega levantando a sua pressão nos libertará. Ninguém morre contente consigo.»

Eduardo Lourenço, Fragmentos de um diário inédito, Prelo, Maio, 1984

WELTLITERATUR

João Gonçalves 8 Out 08

Eduardo Lourenço, mais logo, no auditório 3 da Gulbenkian: "Uma conversa sobre Pessoa e outros". Por volta das 18 horas.

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