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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

A CULPA É DO MEXIA?

João Gonçalves 6 Abr 10


Não aprecio muito conversas de mercearia. Acontece que as notícias em torno das remunerações de António Mexia, que preside ao emporio EDP, incomodam. Pelo menos incomodam-me a mim. A EDP supostamente presta um serviço público para além de outras coisas a que mais recentemente se dedicou. E esse serviço público depende do carregar em interruptores, ligar fichas e aparelhos de todo o género e feitio a essas fichas, em suma, é público porque não se pode passar sem a electricidade. Público também é porque é "oferecido" em regime monopolista por essa EDP e porque se parte do princípio que ninguém, de repente, decide "desligar-se" e regressar tranquilamente à noite do mundo. Pelo contrário - e essa é a fortuna espiritual de Mexia e derivados - toda a gente adora estar ligado a qualquer coisa a todo o tempo e desde a mais tenra e estúpida idade. Mexia preside, pois, a isto que é a EDP e isto entende que presidir-lhe vale muito dinheiro. Um país não cresce nivelando-se por baixo mas muito menos cresce - quando nele tanta falta faz que cresça - repetindo actos financeiramente pornográficos de que, por acaso agora Mexia e amanhã outro Mexia qualquer, meia dúzia de pessoas ditas "geniais" são beneficiárias. Na GALP é a mesma coisa e dos bancos nem vale a pena falar a não ser para uma simples perguntinha. Teria sido necessário um PEC visceralmente destruidor da classe média se não fosse o dinheiro que o Estado (dinheiro dos contribuintes) enterrou na falsa salvação de coisas como o BPN e o BPP ou que continua a enterrar na RTP? O "sistema", que é o regime, segura-se porque tem na base um povo manso, tendencialmente cornudo e sexualmente passivo mesmo quando julga que está por cima, que tudo aceita desde que lhe dêem bola fresca todos os dias. A culpa é do Mexia?

A LUZ SEGUNDO MEXIA

João Gonçalves 20 Mar 10

Na capa do "i", António Mexia, um dos sobas das empresas do regime, tem a lata de afirmar que Portugal caminha para uma "mediocridade lenta" como se ele fosse de Marte. Não deve estar a referir-se aos lucros dessas empresas, de certeza. Sobretudo da dele.

DOS SETE AOS SETENTA E SETE

João Gonçalves 30 Mai 09

Por falar em regime, o dr. Silva Lopes - uma eminência eterna da economia nacional que prefigura o que vai acontecer a Constâncio quando for finalmente removido do BP a bem da nação - mal saiu do Montepio Geral , foi nomeado administrador da EDP Renováveis, uma empresa do luzidio Grupo EDP que, pelos vistos, acolhe - tal como a GALP ou a CGD - os servidores do regime entre os 7 e os 77 anos. Tudo gente que "faz bem a Portugal", naturalmente.

NOSSA SENHORA ELECTRICIDADE DE PORTUGAL

João Gonçalves 28 Mai 09


«O anúncio, sem o querer, desvenda o sentido da campanha da EDP: é mais imagem do que paisagem, mais barragem do que a alardeada protecção de espécies em extinção. Como referia o blogue Estrago da Nação, para nos vender barragens, os publicitários tiveram de alugar serviços de animais amestrados (lobos, aves de rapina), de filmar em ribeiros e quedas de água que deixariam de existir se ali houvesse barragens. E maquilharam a rapariga para ela parecer natural, recorreram à mangueirada para simular chuva; e a rapariga bebe água da ribeira, o que nunca faria numa barragem. A publicidade, como o cinema, é uma fábrica de sonhos: o objectivo é que não se veja a fábrica, mas o “making of” mostra-a enquanto o anúncio fornece o sonho. Se Freud voltasse, diria que o sonho dos publicitários revela a realidade: no anúncio, a natureza selvagem acaba encapsulada num outro filme, projectado do rio sobre a parede de betão. A natureza selvagem não existe, ou deixa de existir: transfere-se de ribeiros intocáveis para simulacros numa parede de betão. As barragens têm tremendos efeitos ecológicos, destroem, por exemplo, o ambiente das aves de rapina que se mostram no anúncio. Tal como são precisos lobos amestrados para fazer o anúncio, também a real e verdadeira natureza dos últimos santuários é nele aprisionada em imagens que vemos fugazmente projectadas em betão, à noite, para nos descansar as consciências. Enquanto a EDP destrói natureza selvagem construindo barragens e substituindo-a por uma natureza humanizada, nós olhamos para o boneco —na parede de betão, ou no ecrã do televisor, ou no jornal ou no outdoor urbano.»

Eduardo Cintra Torres, Jornal de Negócios

A BEM DA CULTURA

João Gonçalves 25 Mai 09


A EDP, essa mágica empresa do regime - tão mágica como a GALP, por exemplo -, tem uma Fundação. E para sustentar a Fundação, a empresa-mãe queria registar como custo um donativo de 22,3 milhões de euros, transferido em 2005, para a dita "a título de dotação inicial." O Estado - e bem - recusou esta habilidade fiscal porque, sendo a Fundação indissociável da empresa, o tal "custo" não é nenhum custo, mas antes uma despesa de investimento. Escuda-se a fundação no entretanto revogado do Estatuto de Mecenato que previa que os «donativos atribuídos para a dotação inicial de fundações de iniciativa exclusivamente privada que prossigam fins de natureza predominantemente social ou cultural» fossem considerados como custos como se o "mecenas" não fosse a mesma EDP. Parece que continuou a fazer o mesmo com os "donativos" subsequentes. Da EDP para a Fundação EDP, note-se. Como provavelmente perderá a acção que intentou contra o Estado, já veio a chantagem habitual. Haverá uma «penalização na sua actividade mecenática (...) muitas das vezes em parceria com o Estado, como acontece com o Ministério da Cultura, Ministério da Educação e outros» e «se o desfecho da acção em tribunal for negativo para a empresa, "o impacte financeiro reflectir-se-ia certamente numa menor capacidade por parte da EDP em manter o nível actual dos apoios financeiros à fundação para que esta leve a cabo o vasto programa mecenático que tem vindo a desenvolver junto da sociedade civil e de entidades, tais como a Companhia Nacional de Bailado, a Orquestra Metropolitana de Lisboa, Teatro Luís de Camões, dos quais é mecenas exclusivo, e ainda do Teatro S. Carlos, Casa da Música, Fundação Serralves, entre muitas outras.» Com os lucros que a EDP apresenta, é mesmo só fazer as contas e preencher adequadamente a Modelo 22. Ficam todos a ganhar. E a bem da cultura.

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