Deus sabe - e quem tem a paciência de me ler também - como não tenho a menor pachorra para a estupidez. Não acrescento "humana" precisamente porque só esta espécie pode optar por ser estúpida. Dito isto, e porque
deles recebi um
mail, só posso lamentar
este post. Ou, em alternativa, considerá-lo "engraçadista". Pois como havemos nós de classificar - por muita, pouca ou nenhuma consideração que nos mereçam as criaturas em causa - a sugestão de D. Duarte de Bragança, Bagão Félix, João César das Neves, Aura Miguel, Maria José Nogueira Pinto, Gen. Rocha Vieira ou Daniel Serrão como putativos candidatos "pro vida" à presidência da República porque, perguntam eles, «pode o PS escolher um Presidente da República mais colaboracionista (em colaboração estratégica) com as suas políticas (aborto, casamento homossexual, deseducação sexual obrigatória nas escolas, divórcio simplex)... do que Cavaco Silva?» A patetice destes católicos à beira de um ataque de nervos, explícita na capciosa pergunta, assenta nalguns equívocos básicos. O PR - este ou outro qualquer - não é, como na monárquica Inglaterra, simultaneamente chefe de Estado e chefe da Igreja doméstica. Depois, e como frisou Bento XVI assim que aterrou em Portugal,
«a viragem republicana, operada há cem anos em Portugal, abriu, na distinção entre Igreja e Estado, um espaço novo de liberdade para a Igreja, que as duas Concordatas de 1940 e 2004 formalizariam, em contextos culturais e perspectivas eclesiais bem demarcados por rápida mudança.» Ratzinger, ao contrário desta gente, conhece perfeitamente o mundo em que vive e há muitos anos. Não tem, por isso, ilusões e decerto sabia a que país chegava e que país deixaria quatro dias depois. Consequentemente falou da liberdade da Igreja e da liberdade do Estado. Lamento, porque dele era adepto, que não tivesse sido realizado um referendo sobre a matéria. Mas era indisputável a legitimidade deste parlamento para tratar dela. Também era legítimo um veto presidencial ou a promulgação. Se vetasse, Cavaco, como os seus adversários esquerdófilos decerto apreciariam, lançaria para a arena uma falsa questão religiosa que até o Papa desaconselharia. Promulgando, Cavaco desagradou aos simétricos das direitas a quem também lhes puxa o pé para tal intempestiva e parva questão. Tem um preço político? Seguramente. E pago no momento do voto. O que me parece esdrúxulo é pretender-se que a democracia, valha a nossa o que valer, seja confessional e que os representantes dela também o tenham de ser. Seja pelo lado jacobino dos "funcionários do género", seja pelo lado oposto, não menos "funcionário", destes amiguinhos "pro vida". Pelos vistos, o que sobra em
Titis de ambas as bandas falta em tino. Juntem, pois, uma à lista.
Adenda: Com o devido respeito - coisa distinta do respeitinho -, D. José Policarpo, que deixou os adeptos do "não" no referendo à IVG entregues a si mesmos após uma breve e "correcta" declaração antes do processo eleitoral,
não tem agora grande "moral" para vir debitar doutrina para cima do PR, sobretudo insinuando que existe uma relação causa-efeito entre o processo político das eleições presidenciais e uma lei que altera o Código Civil. Entre outros, colocou-se ao lado do edil Costa, do PS, que acabou de dizer coisa idêntica na
SICN para justificar o engolir de Alegre. Se fossemos "medir" as complacências para com o absolutismo "socrático", não sei se D. José Policarpo não levaria a dianteira a Cavaco.
Adenda de sexta-feira: À questão religiosa (que não existe)
alguns querem acrescentar uma questão política perfeitamente imbecil a propósito das eleições presidenciais. E
outros ainda (que deviam estar calados e eles sabem perfeitamente porquê) também andam nesta de "Maria-vai-com-as-outras". Razão tinha Chateaubriand. Deve-se ser parcimonioso na distribuição do desprezo em função do grande e inesperado número de necessitados.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...