Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

ACORDO ORTOGRÁFICO?

João Gonçalves 2 Jan 12


Claro que não, salvo em documentos oficiais porque a "aparelhagem" já foi formatada. Aqui não entra. Como escreveu Sousa Tavares no Expresso (que pratica a coisa há muito tempo, mas nem ele, Mexia ou Cutileiro o fazem e não deve ser por acaso), «a história do acordo ortográfico é um exemplo brilhante de como, por passividade e deixar andar, se consuma um crime contra o património». Com a agravante que, dos oito países falantes da língua, apenas três ratificaram isto enquanto cinco continuam com o português - cito de novo MST - «que nós traímos».

COM RICARDO PAIS NO PORTO

João Gonçalves 20 Abr 11

Conheci o Ricardo Pais, há muitos anos, por baixo do palco do Grande Auditório da Gulbenkian. Ele encenava - e ensaiava com Jorge Salavisa e Vasco Wellemkamp - Só Longe Daqui para o defunto Ballet Gulbenkian e eu escrevia para o igualmente desaparecido Semanário. Depois revi-o no Dona Maria (outra coisa praticamente morta), no São João e no Rivoli. Nem sempre estivemos de acordo quando ambos tivemos responsabilidades no ministério da Cultura (mais um venerando falecido às mãos do demissionário socratismo) ou mesmo depois. Mas sempre segui e admirei o trabalho do Ricardo, de Lisboa (desde a Casa da Comédia) ao Porto ou em Viseu. Por isso lhe propus que apresentasse o Contra a Literatice e Afins no Porto onde agora reside (o convite está aqui à direita). É mais logo, a partir das 18 horas, na Fnac de Santa Catarina.

A "OBJECTIVIDADE" PODE SER SUBJECTIVA*

João Gonçalves 14 Abr 11


«Esclarece a abrir que fez um livro de breves notas e não de teses, no pressuposto elementar de que a literatura não é democrática. Aquilo que condena à cabeça é a literatice pela literatice, mal que reputa ter atacado em doses decididamente não homeopáticas o que passa por literatura portuguesa contemporânea. Pugna pelo gozo estético, citando Nabokov, e esgrime contra a proliferação das más ideias em torno da literatura. O programa será vasto mas, posto assim, absolutamente consensual. E será também por isso que o seu livro, cuja irreverência se presume, acaba por saber a pouco. Se era para “bater”, uns eram desnecessários e outros faltam. Mas não fora para ler o seu argumento contra o acordo ortográfico valeria a pena: um ‘intelectual’ que fala em ‘uniformização da língua’ não é um intelectual. É uma besta.»

Ana Cristina Leonardo, Expresso. 9.4.11

*a minha, evidentemente. «Não há outra objectividade que não seja a de tudo referirmos à pessoa que somos, àquilo que, para cada qual, a vida é.» (Jorge de Sena)

"OS MORNOS SÃO VOMITADOS POR DEUS"

João Gonçalves 3 Abr 11


«Diz a Bíblia que os mornos são vomitados por Deus. João Gonçalves não corre esse risco: estes retratos literários sobre alguns objectos do seu afecto e desafecto são tudo aquilo que a nossa crítica paroquial não é. Brilhantemente escritos e habitados pela memória. Que Gonçalves não pontifique na imprensa com regularidade, eis o melhor comentário sobre o estado comatoso da dita.»

João Pereira Coutinho, suplemento Domingo (CM)


Nota: João Pereira Coutinho sabe que eu sei que ele sabe que eu sei que ele sabe porquê. Parafraseando Vitorino Nemésio, eu, comovido em casa, agradeço a generosidade e a leitura. Como agradeço as Do Médio Oriente e Afins, sobretudo na homenagem a Jorge de Sena, "objecto" exclusivo do próximo livro. Mas, aqui, segue-se o pragmatismo da Marquesa de Merteuil, tão útil na vida pública quanto na privada mesmo quando condenado ao fracasso e à solidão. «Pour moi, je l'avoue, une des choses qui me flattent le plus, est une attaque vive et bien faite, où tout se succède avec ordre quoiqu'avec rapidité; qui ne nous met jamais dans ce pénible embarras de réparer nous-mêmes une gaucherie dont au contraire nous aurions dû profiter; qui sait garder l'air de la violence jusque dans les choses que nous accordons, et flatter avec adresse nos deux passions favorites, la gloire de la défense et le plaisir de la défaite. Je conviens que ce talent, plus rare qu l'on ne croit, m'a toujours fait plaisir, même alors qu'il ne m'a pas séduite, et que quelquefois il m'est arrivé de me rendre, uniquement comme récompense.»

O "FERRÃO VENENOSO"

João Gonçalves 26 Mar 11



Contra a Literatice e Afins na "estante" de João Céu e Silva.

Adenda (do leitor Carlos Dias Nunes): «Já li o seu livro, dr. João Gonçalves. Gostei especialmente da parte que se refere a um padre alegadamente poeta, de seu nome Tolentino - ou será Tolo-sem-tino? Em tempos dei-me ao cuidado, precisamente na FNAC do Chiado, de ler umas coisas do dito. Cheguei então à conclusão de que o inteligente do padre descobrira a pólvora "poética": mete num saco uns papelinhos com certas palavras que depois vai retirando e juntando no que julga serem versos e, assim, parindo "poemas! Claro que nem ele sabe o que aquilo quer dizer - e muito menos o hão-de saber os leitores. Mas isso que importa? A indigente esquerda literata e a foleirice editorial convencionaram que o reverendo é mesmo poeta - e daí as sucessivas edições e reedições, tudo com destino certo à trituradora de papel, que oportunamente veio substituir a fogueira dos chaços. Até há pouco tempo (e não sei se ainda, porque deixei de ouvir quanto me cheire a socretinismo...), a catolicíssima Rádio Renascença, num programa dominical dedicado a actualidades religiosas, incluía uma rubrica a cargo do presbítero em causa, intitulada "Sugestão cultural". Aí o Tolo-sem-tino propagandeava os livros, exposições, etc., do comadrio esquerdista da praxe, obviamente sem qualquer relação com o espírito do programa. Se a coisa já acabou, parece-me urgente que seja retomada... Concluindo: isto é assim e não há nada a fazer.»

Adenda 2: Por falar em Tolentino, esta entrevista de onde retirei a seguinte epifania - «
eu gosto muito de olhar para os caracóis. Se tivesse que escolher um ser vivo na natureza para falar de mim, era o caracol. Por causa de uma frase que está associada: "Tudo o que tenho, trago comigo". Tolentino: faça como a Patricia Highsmith que também adorava caracóis. Sempre que viajava, metia uns quantos entre os seios, no soutien. Era uma forma de os trazer sempre consigo.

«PELA LITERATURA, CONTRA A LITERATICE»

João Gonçalves 25 Mar 11



«A literatura não é um território de pacificação ou de anemia. ‘Contra a Literatice e Afins’ (Guerra e Paz), de João Gonçalves, foi ontem lançado em Lisboa, e é um inventário de argumentos sobre a matéria. Gonçalves é um excelente leitor que não depende no universo de deferências literárias e editoriais – tem, a seu favor, o mau génio, a tentação polémica, a necessidade de beleza. Disso tudo fala a literatura; de renascimento, de vingança, de uma eternidade que não demora a passar. As boas consciências que procuram ver na leitura "um acto de cidadania" escusam de passar por estas páginas, verdadeiros textos de guerrilha onde sobrevoa a inspiração de Sena e o deslumbramento diante dos mestres (Gaspar Simões ou Prado Coelho, por exemplo). Pela literatura, contra a literatice.»

Francisco José Viegas, CM

(editado aqui na ortografia dita antiga)

A LUTA CONTINUA

João Gonçalves 25 Mar 11









O dia começou, tardíssimo, com a rádio. Em suma, os juros muito altos, o dr. Almeida Santos a derramar contra Cavaco, o dr. Pacheco Pereira (cada vez mais um Almeida Santos em versão intelectual) a pedir um empadão central (antes, durante ou depois de eleições, não percebi bem, porque aquela persistente companhia do edil Costa só o torna parecido com ele até em matéria de educação), etc., etc. Ontem, porém, terminou muito bem, com amigos. Até os infames como eu têm amigos, é verdade. Só lhes posso agradecer a companhia e dar-lhes a garantia de que continuarei insuportável como até aqui. Talvez mais porque a idade permite outro realismo ao excesso e mais excesso ao realismo. Podem crer que a luta continua.

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor