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portugal dos pequeninos

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SIMPLIFICAÇÃO DO M(IN)ISTÉRIO DA CULTURA

João Gonçalves 11 Abr 16

 

1. Há quem, inocentemente, julgue que o ministério da cultura é a "cultura". Não é. É, à semelhança dos outros ministérios, uma mercearia política que distribui dinheiro (quase nenhum) por equipamentos referenciados como culturais. Depois, consoante o titular saiba minimamente o que está a fazer, essa distribuição deve ser calibrada com uma coisa chamada mecenato ou junção de privados a equipamentos e actividades culturais porque o dinheiro público é finito. Finalmente a distribuição pressupõe pelo menos uma ou duas ideias sólidas e fundamentadas do que se deve fazer e, muito especialmente, do que não se deve fazer. Por exemplo, mais preservação do património material e imaterial ou mais artes ditas performativas, estatais ou "independentes"? Se há área onde a "independência" é curta é esta. Se há país onde existe uma cultura, como aliás uma literatura assim, pequena e irrelevante por muito que gostemos dela, é o nosso. Os chicos-espertos da "cultura" sabem isto e tentam desde sempre apropriar-se dela e do seu putativo ministério. Eles são os "donos" eternos da cultura e os ministros ou secretários de Estado (incluindo os das finanças e da economia) só existem para os servir. Preferem um botão de rosa na Ajuda a alguém que tenha a sua opção política (e financeira) para o sector (que é comum a todas as opções políticas do governo ou então não é nada). O último que intuiu isto tudo, e não mistificou, foi Manuel Maria Carrilho. Percebo que seja difícil encontrar alguém à altura dele

2. O embaixador Castro Mendes sucede a João Soares. Não vão faltar os panegíricos. O homem é ficcionista e poeta pelo que pelo menos os seus editores não lhe irão falhar. Nesta matéria nada digo porque nunca o li. Lembro-me de ter passado pela presidência Eanes e de entretanto se ter tornado um compagnon de route do PS "certo". Estava na Índia em 2010 quando o seu amigo Luís Amado era MNE. Desejava Paris e a remoção violenta de Manuel Maria Carrilho da UNESCO pela mão de Sócrates (Amado não contava) abriu-lhe as portas da cidade que ele rondava porventura farto do mau cheiro. Ironicamente vem agora, de novo, ocupar um lugar que já foi de Carrilho. Nunca há uma segunda oportunidade para causar uma primeira boa impressão.

3. Já estão em curso as costumeiras oferendas de alfinetes de peito ao novo MC. Em geral começam por "um homem de cultura, um magnífico poeta". O Público é bem capaz de acometer um suplemento ou um caderno especial com 27 páginas. E um par de bofetadas nestas lambisgóias?

4. No epitáfio de João Soares, o dr. Costa inscreveu o admirável vereador da cultura que ele foi em Lisboa. Passou, como é seu timbre, por cima da circunstância de Soares ter sido presidente da CML bem antes dele e, salvo erro, ter acumulado o pelouro da cultura. Agora o dr. Costa foi buscar Miguel Honrado, da vasta tribo da cultura da Câmara costista, para SE do sr. embaixador Mendes. Nunca votei em Soares em Lisboa mas não sou propriamente parvo. O sr. embaixador fica à vontade para continuar a versejar.

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