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portugal dos pequeninos

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O essencial

João Gonçalves 28 Nov 14

 

«Nunca gostei da personagem política “José Sócrates”, desde a campanha para secretário-geral do PS (em que ele prometeu não aumentar impostos que, de facto, aumentou) até à sua ascensão a primeiro-ministro, muito ajudado por Pedro Santana Lopes e pela reputação de autoritário que entretanto adquirira. Não tranquiliza particularmente ser governado por um indivíduo que se descreve a si mesmo como um “animal feroz”, nem por um indivíduo que prefere a força política e legal à persuasão e ao compromisso. Se o tratam mal a ele agora, seria bom pensar na gente que ele tratou mal quando podia: adversários, serventes, jornalistas, toda a gente que tinha de o aturar por necessidade ou convicção. Sócrates florescia no meio do que foi a sufocação do seu mandato. O dr. António Costa quer hoje separar os sarilhos de um alegado caso criminal do seu antigo mentor da política do Partido Socialista e do seu plano para salvar a Pátria. O que seria razoável, se José Sócrates não encarnasse em toda a sua pessoa o pior do PS: o ressentimento social, o narcisismo, a mediocridade, o prazer de mandar. Claro que, como qualquer arrivista, Sócrates se enganou sempre. Começou pelos brilhantíssimos fatos que ostentava em público, sem jamais lhe ocorrer se as pessoas que se vestiam “bem” se vestiam assim. Veio a seguir a “licenciatura” da Universidade Independente, como se aquele papel valesse alguma coisa para alguém. E a casa da Rua Braamcamp, que é o exacto contrário da discrição e do conforto e último sítio em que um político transitoriamente reformado se iria meter. Depois de sair do Governo e do partido, Sócrates mostrava a cada passo a sua falsidade, não a dos negócios, que não interessam aqui, mas da notabilidade pública, por que desejava que o tomassem. Resolveu estudar em Paris, para se vingar da humilhação do Instituto de Engenharia e da Universidade Independente, e resolveu fazer um mestrado em “Sciences Po”, sem perceber que o mestrado é uma prova escolar de um estatuto irrisório. Em Paris, viveu no “seizième”, o bairro “fino”, como ele achava que lhe competia, e, de volta a Lisboa, correu para a RTP, onde perorava semanalmente para não o esquecerem: duas decisões ridículas que só serviram para o prejudicar, embora estivessem no seu carácter. Como o resto do país, não sei nem me cabe saber se o prenderam justa e justificadamente. Sei – e, para mim, chega – que o homem é um fingidor.»

 

Vasco Pulido Valente, Público: "Um fingidor"

3 comentários

De Severo a 28.11.2014 às 18:10

Possivelmente o melhor retrato tirado ao "animal feroz".
Mas já agora, seria altura de começar a filtrar as contas de todos os indivíduos que estão ou que vão para a política no futuro.
É que como Sócrates, deve haver muitos mais, só que, com este aparato todo, muita gente já deve ter posto os rabos de palha a bom recato.

De Maria a 28.11.2014 às 21:56

Uma estupenda análise. José Sócrates fez mal a muita gente e aviltava os que não comungavam das suas ideias. Um indivíduo francamente insuportável.

De Pedro a 29.11.2014 às 15:46

Outra figurinha fingidora (aliás são muito parecidas as duas - mentirosas, falsas, vaidosas, sempre a pavonearem-se...):http :/ observador.pt /2014/11/28 santos-pereira-portas-fez-intriga-e-chantagem-com-o-pais-e-nao-merece-perdao /

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