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portugal dos pequeninos

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Custe o que custar

João Gonçalves 5 Fev 15

 

Como costuma escrever o Rui Ramos a propósito de todos aqueles que não seguem as "boas práticas" políticas defendidas pelo Observador, os "oligarcas" não eleitos da "Europa estilo Draghi" - infelizmente com a complacência servil de periféricos eleitos - decidiram antecipar-se à boa-fé negocial do governo grego e despromoveram-lhe a dívida. Algumas alimárias domésticas aplaudiram o exercício porque "nós não somos a Grécia" e porque, no fundo, sofremos de uma mesquinhez pequeno-burguesa congénita. O "tratado orçamental" a que apreciam assoar-se, e eventualmente limpar outras partes do corpo, é aparentemente inamovível: as pessoas, as economias e as soberanias nacionais que se adaptem, mortas ou vivas, ao "tratado". Como se viu ontem a propósito de medicamentos, o dr. Passos comunga fervorosamente desta "tese" do "custe o que custar". Sucede que nós só nos livramos, para já, das NEP's do sr. Dragui porque há uma - uma e apenas uma - agência de notação canadiana que acha que a nossa dívida não é lixo e que serve para investimento. Senão estaríamos a negociar, como adultos e como a Grécia, com estes nossos tristes parceiros inconfiáveis e hipócritas. Assim continuamos sob o espectro da leveza, a pagar mais juros do que os gregos e com uma dívida directa do Estado que, no final do ano, ascendia a cerca 218 mil milhões de euros. Coragem, portugueses. Havemos de a pagar. Custe o que custar.

6 comentários

De Zephyrus a 05.02.2015 às 21:19

Conhecendo um pouco da máquina do Estado facilmente se constata a falácia que é a austeridade dos cortes cegos, do fim do investimento público ou do ataque aos salários e pensões.

Existe em Portugal um Estado Paralelo fortíssimo que replica funções do Estado Central. Só para as IPSSs vão todos os anos cerca de 2 mil milhões de euros. Há mais de 300 municípios, um mapa do século XIX desligado da actual realidade demográfica e urbanística nacional. As Fundações, que em boa verdade deveriam ter recursos próprios (tal como as IPSSs) dependem, na sua larga maioria, do Estado português.

Continuemos. Com o avanço tecnológico brutal das últimas duas décadas, não se justifica a necessidade de uma televisão pública. Se o Estado quer efectivamente fazer um serviço público ao país, então venda a RTP, acabe com a taxazinha na factura da electricidade e reveja a situação da TDT: temos apenas 5 canais, quando no resto da Europa são às dezenas! E com o advento das companhias de baixo custo, o cidadão comum também não percebe muito bem a telenovela TAP.

Supostamente, Passos Coelho teria sido eleito para limpar o país das opções socráticas (e de Governos anteriores) que minaram a transparência e favoreceram a corrupção. Há quem estime que o fim dos ajustes directos permitiria uma poupança de mil milhões de euros. A vergonha dos PINs continua. As mais valias imobiliárias não são taxadas e o desordenamento urbanístico, que tanto prejuízo económico acarreta, não tem fim à vista.

Na educação financiam-se desnecessariamente colégios privados e alimentam-se desnecessariamente editoras. Tivesse Crato visão e o seu ministério poderia poupar mais de 250 milhões de euros.

Álvaro dos Santos Pereira, Vítor Gaspar ou Miguel Relvas ainda tentaram algumas Reformas. A saída de Álvaro marcou o fim, no dia em que Paulo Portas fez uma birra e trouxe um prejuízo de milhões. O líder do CDS/PP é um ornamento protegido inexplicavelmente pelo Regime. Noutro país dito «civilizado», teria sido forçado a abandonar a vida política no dia em que encenou a «birra» da saída irrevogável.

Diz-se que o esforço fiscal ronda os 165%, o maior da Europa. O crescimento está atrofiado pelos impostos e burocracias. Com défice a dívida em percentagem do PIB continuará a sua escalada, e já sabemos que com esta Europa de Merkel não poderemos contar num futuro momento de aflição. Resta portanto a chamada Reforma do Estado. Contudo, este Governo já provou que é incapaz de tamanha obra. É que uma Reforma que não atinja salários e pensões, que não degrade a Escola Pública ou o SNS. atingirá inevitavelmente as clientelas do Regime que proliferam pelo Estado Paralelo, pelo poder local e pelas empresas do PSI-20. Esses não são piegas nem convidados a emigrar. São os «heróis» da caridade e da economia social, das empresas estrela e do empreendedorismo.

Estamos tramados.

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