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portugal dos pequeninos

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As palavras e as coisas

João Gonçalves 3 Mai 14

Expresso - ou,  melhor, os jornalistas do Expresso "acreditados" junto dos gabinetes dos senhores PM e vice PM - teve "acesso" a um documento dito confidencial, distribuído a ministros, dirigentes (presumivelmente da maioria) e comentadores (idem), com o sugestivo título "desvantagens de um programa cautelar". Aparentemente destina-se a que, pelo menos durante algumas horas, os visados consigam não dizer coisas divergentes sobre a mesma coisa, a alegada "limpeza da saída". É, pela descrição dos jornalistas, uma cartilha breve e primitiva, quase maternal, por forma a que ninguém, a começar pelo dr. Passos, tropece em contradições antes deste falar. Por exemplo, de visita à Ovibeja, o próprio dr. Portas não quis debitar mais do que agricultura, comprar azeite e petiscar. O prof. Maduro também foi avistado ao ar livre a balbuciar lugares-comuns esquecíveis. Mas a originalidade desta pequena farsa consiste no termo "confidencial" aposto no "documento" que, para além do Expresso, a Sicn não se tem cansado de mostrar. Ora em vez de ter fornecido o "documento" para entreter o fim de semana noticioso, o governo teria andado melhor se tivesse convocado os partidos, um a um, para lhes explicar por que é que decidiu assim ou assado (o conselho de ministros extraordinário, convocado para domingo ao fim do dia, é apenas mais uma pequenina encenação rebarbativa e sem importância). Sobretudo o PS que, em 2011, conduziu a partir do governo de então as negociações para o programa de ajustamento do qual se trata agora de sair. A maioria e o governo queixam-se com frequência da "falta de compromissos" e de "consensos" dos outros quando, afinal, do que gosta mesmo é de brincar às casinhas através da comunicação social à míngua de, politicamente, saber fazer melhor. Na presente ecologia governamental, as palavras não coincidem com as coisas como se provou abundantemente na semana que passou. Por isso o que é "confidencial" não é "confidencial": é para ser bem conhecido. No mesmo Expresso, Pedro Santos Guerreiro tem razão. «Amanhã haverá festa no Governo. Amanhã o país sabe-se livre da troika - e preso à austeridade. O Governo pode achar que é mau-feitio mas se insistir em ver no regresso aos mercados o sucesso da sua política, não estará a mentir aos portugueses, estará a mentir a si mesmo. Porque isto não acaba aqui.»

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