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portugal dos pequeninos

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A culpa é dele?

João Gonçalves 13 Jan 16

 

No início da campanha oficial para a eleição de 24 de Janeiro, fomos surpreendidos pela retirada, por excesso e não por defeito, do PS dessa campanha. Pela primeira vez na história do partido, o secretário-geral do segundo maior partido nacional recomendou aos seus militantes e simpatizantes que apoiassem dois candidatos num sufrágio em que, tipicamente, se escolhe uma única pessoa. Aliás, fora o Bloco, o PC, o MRPP, o Livre (ainda há?) e a reformada Gama da Apre - que foi mais longe e sugeriu pau no jornalista Rodrigues dos Santos por não se ter curvado respeitosamente diante do candidato que ela apoia -, os principais partidos apenas "recomendam" o voto nesta eleição. Mas no caso do PS, mesmo com uma antiga presidente do partido no terreno, António Costa preferiu chamar ao acto as "primárias da Esquerda", como se as legislativas (e a questão governativa) ainda não estivessem encerradas. Ou como se houvesse um átomo de comparação com eleições em que os protagonistas das esquerdas, a democrática e as outras, eram respectivamente Soares, Zenha e Pintasilgo. Mesmo assim, o PS enquanto tal esteve sempre com um dos seus nas eleições presidenciais: quatro vezes com Soares, duas com Sampaio, uma com Alegre e, no processo de transição e de consolidação do regime democrático, com Eanes. Nunca esteve com dois, muito menos com o artificialismo de A. Nóvoa, que emergiu na política nacional pela mão de meia dúzia de "elites", há menos de meia dúzia de anos, e do actual PR, que lhe ofereceu palco retórico num 10 de Junho. Esse candidato, aliás, apresenta-se como o campeão das "causas", com mandatários ridiculamente a brotar por detrás de quarenta sombras, tantas quantas as "causas" que abraça, e de um evangélico "tempo novo" sem a menor substância. Quer estar, como disse no debate com a socialista M. de Belém, em "todos os espaços", o que significa que não compreende a função presidencial, que toma pela gerência de uma imensa colectividade de cultura e recreio. Duvido que, na sua pusilanimidade calculada, o secretário-geral do PS tenha contribuído para atalhar a abstenção, numa disputa débil em que nove pessoas pretextam agitadamente contra uma: Marcelo. Por sinal, a única que recentrou a eleição de 24 de Janeiro nos termos constitucionais, e politicamente adequados, ao sublinhar o papel do próximo chefe de Estado na recuperação plena do modelo semipresidencial tão desbotado pelas últimas práticas. A culpa é dele?

 

Jornal de Notícias de 11.1.2016

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