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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 20 Mai 15
Na semana passada as televisões, os jornais e as "redes" foram tomadas de assalto por uma gravação com um ano. A coisa passava-se numa rua da Figueira da Foz. Umas raparigas entretinham-se a bater num rapaz, nitidamente mais enfezado do que elas, inerme a socos e a bofetadas. Naquela idade, as meninas tendem a crescer misteriosamente por todos os lados enquanto alguns rapazes, como o dito-cujo, permanecem imberbes e manipuláveis. O miúdo, como se costuma dizer, levou um valente enxerto de porrada, sem um murmúrio, salvo quando as meninas lhe ameaçaram os órgãos genitais que o episódio demonstrou aparentemente não existirem em duas das suas mais garbosas componentes. Por que é que esta gravação só apareceu agora persiste um mistério. Como esta, suponho, deve haver centenas. Mas foi o bastante para a tradicional brigada de psicólogos e de "assistentes sociais" aparecer, a título póstumo, para carpir o evento e para as "autoridades" procederem a "identificações" um ano passado. Isto só tem importância para quem persiste em ignorar no que se transformaram as escolas do politicamente correcto. Varrida a disciplina para não incomodar excessivamente pais e filhos, "estruturados" e "desestruturados", escola e rua tendem a confundir-se. E no meio da miudagem que ainda quer aprender algo, ou que a tal é, como lhe compete, obrigada pelas suas circunstâncias de tempo e de modo, vai proliferando a canalha. Entretanto, entre domingo e segunda-feira, o final simbólico da primeira liga da bola trouxe milhares de pessoas para as ruas. Antes disso, porém, em Guimarães alguma "massa associativa" festejou de outra forma. Armazéns, bares, sanitários e cadeiras do estádio local foram selvaticamente arrombados, assaltados e destruídos. Em Lisboa, as festividades terminaram com mais de cem feridos e mais destruição depois de, no meio daqueles que estavam simplesmente felizes, ter emergido a canalha. A polícia actuou em Guimarães e em Lisboa, embora no primeiro caso não tivesse praticamente conseguido impedir nada. Nada, salvo uma comoção nacional de proporções tão bíblicas quanto ridículas por causa do princípio da proporcionalidade na actuação policial. Todavia, como recordou Miguel Sousa Tavares, sem a polícia há muito que a bola seria infrequentável. O que nos foi mostrado da Figueira, de Guimarães e de Lisboa foi intolerância, estupidez, infantilismo e fanatismo. E, talvez, a manifestação do direito da canalha à liberdade.
Foto: Amazon
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