Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

CADA UM TEM O QUE MERECE

João Gonçalves 3 Abr 11




Nós já tínhamos o túmulo do Rossio, o D. Maria. Com a remoção de Paolo Pinamonti do São Carlos, criámos (criaram as extraordinárias Isabel Pires de Lima e Gabriela Canavilhas e o inócuo Pinto Ribeiro no seu funesto interlúdio entre as duas) outro no Largo de São Carlos. Agora que tanto se fala de auditorias, devia pensar-se numa espécie de auditora moral e intelectual ao consulado "cultural" de Sócrates e da "esquerda moderna". A ópera inexiste enquanto tal e o São Carlos passou a vulgar sala de espectáculos onde se perpetram espectáculos vulgares. Parece que o derradeiro, concebido por João Botelho, ainda é do menos mau (mérito de João Botelho) dos últimos tempos. Mas aqui ao lado, a coisa é a sério. Esta notícia não causa admiração. A Espanha deu ao mundo lírico do melhor que se pôde ver e ouvir no século XX. E continua, felizmente, a dar. Cada um tem o que merece.

Clip: Teresa Berganza, Placido Domingo, Montserrat Caballe, Alfredo Kraus, Pilar Lorengar, Jose Carreras, Jaime Aragall and Juan Pons

MARIA CRISTINA DE CASTRO

João Gonçalves 14 Out 10




Houve uma época assaz curiosa na minha vida em que imaginei que podia cantar. Não cantar num coro, estilo do liceu ou da universidade, mas cantar mesmo. E fui a casa de Maria Cristina de Castro, ali para os lados da Estrela/Campo de Ourique, para ponderar lições. Perpetrei umas notas ridículas na parte dos "vocalizes" da qual prudentemente não passei. Mas Maria Cristina era generosa e achava que, de lição em lição, a coisa ia a qualquer lado. Não foi, evidentemente, porque um assomo de bom senso e de vergonha impediu-me de lá voltar. Era uma presença habitual no São Carlos e na Companhia Portuguesa de Ópera. Cantou ao lado da Callas, em 1958, na Traviata. Ajudou muita gente a dar os primeiros passos no mundo da ópera. Era uma pessoa boa precisamente o oposto da "boa pessoa". Acho que chega.

DECLÍNIO E QUEDA DE UM TEATRO DE ÓPERA

João Gonçalves 16 Set 10




Há trinta e três anos, em Paris, morria Maria Callas. Escuso-me sublinhar quem foi. Em 1958, cantou La Traviata em São Carlos, altura em que o São Carlos tinha um director que é coisa que, desde a remoção de Paolo Pinamonti pelo governo da maioria absoluta socialista, nunca mais teve. Ignoro - e não me apetece saber quem é - o nome do que actualmente passa por tal. Este programa é um sinal do ponto de quase não retorno a que chegou o teatro lírico nacional. O único. Trata-se de uma falácia onde passam por "óperas" coisas que não temos a certeza que o sejam. Pelo menos não o são no sentido em que estamos habituados que sejam. De repertório, o São Carlos apenas assume uma Carmen em Junho ou, com benevolência "não repertoriana", um Janácek e um Humperdinck. Há Keil a abrir - seguramente por conta do nefando centenário - e umas parvoíces apelidadas de "contar uma ópera". Gabriela Canavilhas apadrinhou isto tudo com o seu sorriso levezinho e indiferente. O São Carlos, quando era vivo, recebeu os melhores intérpretes líricos do mundo. Aliás, faziam questão em vir cá. Agora o São Carlos prefere "contar" óperas em vez de as cantar. A saída do alemão Dammann augurava melhores dias. Puro equívoco. Callas desapareceu duplamente.

IN QUESTA REGGIA

João Gonçalves 18 Jul 10



«O nosso país não oferece condições para estabelecer» uma carreira lírica, disse Elisabete Matos numa entrevista na televisão. Elisabete nasceu em Braga, vive em Espanha e é hoje uma extraordinária intérprete de ópera, do repertório "verista" a Wagner. Conheci-a no São Carlos e "segui-a" até ao Liceu de Barcelona. A Matos não cantar cá tanto como devia também releva da merda do estado da nação in questa reggia.

(clip: Puccini, Turandot. Festival de Toledo. 2008)

UNA VOCE POCO FA

João Gonçalves 28 Abr 10


A ministra Canavilhas decidiu - e bem - varrer o director artístico do São Carlos e a direcção da OPART. Mas não chega. Jorge Salavisa, que vai presidir a esta última, não pode manter os restantes membros sob pena de a coisa se ficar pelo make up. Conheço Salavisa há muitos anos e, por isso mesmo, só lhe posso desejar venturas e lonjuras de certa parasitagem permanente que pulula na cultura como piolhos. As tutelas passam e eles, quais lêndeas (bicho pior que o piolho), ficam. Quanto ao director artístico convidado, um maestro britânico, não sei quem é. Preferia o regresso de Pinamonti. Ver-se-á.

GABRIELA ENTRE O SER E O ESTAR

João Gonçalves 10 Abr 10


Li, sobre uma toalha de praia, uma entrevista de Gabriela Canavilhas, a ministra da cultura, ao Expresso. Retive umas coisas. Gabriela já não toca piano desde que foi para a Ajuda. Gabriela prefere música de câmara e o maçador Schubert. Gabriela viu um filme português em Moçambique que achou, sic, "uma delícia". Gabriela faz questão em sublinhar que "está ministra". O último que disse isto foi o funesto Fernando Gomes, ex.ministro de Guterres, e durou pouco. De resto, Canavilhas não explicou como é que tenciona responsabilizar Mário Vieira de Carvalho, o ainda mais funesto ex - secretário de Estado da cultura de Pires de Lima e Sócrates, que escolheu o sr. Dammann para o São Carlos e que nos vai custar, para além da mediocridade da "programação", qualquer coisa entre 150 a 250 mil euros de "indemnização". Dra. Gabriela: não seria mais adequado ser Dammann a indemnizar-nos?

SERVIÇO PÚBLICO

João Gonçalves 26 Mar 10


Retirada a referência a Serra Formigal com a qual discordo, o Augusto M. Seabra coloca o nome na coisa,a relação custo/ benefício para o serviço público representado pelo Teatro Nacional de São Carlos de cada dia a mais que passa com Dammann (e "opartzinhos" de opereta) à frente daquilo. «Dado o carácter “blindado” do contrato de Dammann, válido até Agosto de 2012, e prevendo uma avultada indemnização em caso de rescisão, serão ainda necessárias conversações com vista a um acordo dos termos da saída. Mas, mesmo sendo esse um factor a ponderar, muito, muitíssimo mais gravosa para o serviço público que o São Carlos é, e para os níveis artísticos que estatutariamente lhe estão fixados, seria a permanência do senhor. A decisão de Canavilhas não pode pois ser senão vivamente saudada.» Acrescento o meu voto, insuspeito, no sentido do regresso de Paolo Pinamonti à direcção artística do nosso único teatro de ópera.

DAMMANN OUT

João Gonçalves 25 Mar 10



Em entrevista à antena 2 - ouvi de madrugada - Gabriela Canavilhas finalmente percebeu que tinha de correr com o director artístico do São Carlos, Christoph Dammann. Percebeu que o público, a crítica, porventura o próprio Teatro não aguentavam tanta mediocridade junta. Devia completar a acção de limpeza com a remoção dos directores portugueses da OPART, esse imenso equívoco gestionário inventado pela prof. ª Pires de Lima e pelo ex-RDA Vieira de Carvalho. É tudo uma e a mesma coisa. E mais vale tarde que nunca.

DA CORRUPÇÃO MORAL

João Gonçalves 17 Mar 10

Mário Vieira de Carvalho - o ente que colocou o São Carlos literalmente a pão e água com um rol incomensurável de cúmplices "culturais" -, ex-adepto da RDA e ex-secretário de estado da cultura da "esquerda moderna" na encarnação absolutista, escreve no Público que «a corrupção económica e a corrupção moral transformaram-se no reverso da corrupção político-partidária.» Até pode ter razão mas algum pudor devia obrigá-lo a não aparecer em público a perpetrar auto-retratos. O que se passa no São Carlos, toda aquela porcaria em forma de "espectáculos", de anacoretas passivos e activos que ele permitiu que lá se instalassem, é o mais parecido com corrupção moral que existe. Ou destruir um teatro de ópera, o único que temos, de forma deliberada, consistente e metódica é o quê?

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor