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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

O BOM JERÓNIMO

João Gonçalves 6 Set 09

Que pena Jerónimo de Sousa não ter revelado diante de Sócrates, na televisão, a mesma coragem retórica que evidenciou na festa do Avante. Só faltou ter convidado o dito para a sessão de encerramento.

OS MAIS ANTIGOS

João Gonçalves 6 Mar 09


São mais vinte e oito anos do que os do prato da foto que o PCP comemora hoje. A ilustração está no Ephemera, um blogue que «tem como objectivo divulgar materiais da biblioteca e arquivo pessoais de José Pacheco Pereira, em particular dos diferentes espólios, doações, ofertas e aquisições que deles fazem parte.» Pacheco Pereira tem dado um contributo indispensável para o conhecimento da história do PC através da monumental "biografia política" de Álvaro Cunhal. Nem tudo foi perfeito nestes oitenta e oito anos. Bem pelo contrário. Porém, o período estudado até agora por P. Pereira revela a outras gerações um mundo desconhecido de um certo "Portugal dos grandes", um mundo de um punhado de homens e de mulheres que, com razão ou sem ela, se bateu com inegável coragem física e moral contra o que entendia estar errado. Muitos ficaram pelo caminho e nunca puderam guardar um pouco de céu azul nas suas vidas. Goste-se ou não, esta gente tem, de facto, uma história porventura difícil de entender pelos "padrões" de agora. Escrevi "padrões" por acaso. Na realidade, que "padrões" há agora?

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A FORÇA DO PC

João Gonçalves 18 Set 08


«Jerónimo de Sousa reduziu o debate ideológico aos problemas concretos dos portugueses. Daí à famosa "afectividade" que supostamente o distingue foi um passo que se acelerou com a eleição do eng.º Sócrates e com o "socialismo de mercado" que actualmente nos governa. Pode-se dizer que a necessidade de controlar o défice, o arranque de algumas reformas e o progressivo esvaziamento dos direitos adquiridos é um terreno fértil ao florescimento do PCP e à demagogia de grande parte das suas propostas. Como se pode dizer que o projecto apresentado pelos comunistas não tem viabilidade, nem representa qualquer tipo de alternativa. Mas não se pode ignorar que grande parte da força que o PCP tem, neste momento, ultrapassa um modelo de desenvolvimento que nem sequer existe e se prende com a hipocrisia de um sistema cada vez mais desigual que privilegia os fortes e prejudica os fracos. A sobranceria do Governo e de grande parte da comunicação social em relação às questões sociais revela um arrivismo insuportável e uma total incompreensão da realidade humana e dos problemas dos mais desfavorecidos. Entre o autismo de uns e os êxtases liberais de outros, o triste quotidiano de grande parte dos portugueses fica necessariamente de fora, entregue à afectividade (se é isso que lhe querem chamar) de qualquer Jerónimo de Sousa.»

Constança Cunha e Sá, Público

LUÍSA

João Gonçalves 3 Nov 07

Ainda não decidi se gosto ou não gosto da deputada Luísa Mesquita. Na verdade, irrita-me um bocadinho, mas o jovem Bernardino Soares ainda me irrita mais. Mesquita quer à viva força entrar para a vasta galeria das "vítimas" do estalinismo do PC, sobretudo daquelas que só descobriram que o "sistema" era mau depois de 1989. A coisa, no entanto, é muito simples. Ou existe um papel assinado pela senhora no qual ela aceita ser posta e tirada da AR sempre que partido entender, ou não existe. O resto é ruído e vaidade pessoal.

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SEGUIR EM FRENTE

João Gonçalves 24 Out 07

O PC - que nestas matérias nunca foi de modas nem de angústias - retirou a "confiança" política a uma sua deputada. O PSD, na recomposição da sua bancada parlamentar e das presidências de comissões parlamentares, removeu dois ou três deputados e substitui-os por outros tantos. Sobre a primeira, não vamos seguramente ouvir as carpideiras tradicionais perorar. Sobre os segundos, não têm faltado "análises" e remoques a Santana Lopes. Falou-se, até, em cargos "institucionais" como se as comissões parlamentares fossem compostas por eunucos assépticos. Lopes tem a vantagem de devolver a política à política por muito que isso custe às tradicionais eminências do partido. Arnaut, Relvas ou Correia são tão relevantes ou irrelevantes como quaisquer outros . Há dezenas como eles que se consideram igualmente "especiais" e insubstituíveis. Lopes não deve perder um segundo a explicar nada. Os seus reais interlocutores são outros e estão fora do PSD. Siga em frente.

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ZITA E O CAMARADA

João Gonçalves 12 Jul 07


Li, de fio a pavio, o livrinho de Zita Seabra sobre a sua militância no PCP entre 1966 e 1988. "Sempre cândida e às vezes comovedora", escreve Vasco Pulido Valente na contracapa. Não exageremos. Zita passou à clandestinidade com apenas dezassete anos, depois de uma promissora adolescência de burguesinha do Norte. Podia ter ido parar a um romance de Agustina e nem num de Manuel Tiago, afinal, coube. Filha única, mimada, familiares da "oposição", deixou-se tentar pelo romantismo revolucionário prometido pelo "partido". Quis experimentar e acreditou que a coisa era mesmo "cientifica" como ressumavam os manuais. Teve sorte. Nunca foi presa, torturada ou expelida do país. Mergulhou apenas no Portugal profundo da oposição tal como o PC e a sua máquina o concebiam: secreto, misterioso, desconfiado, umbiguista e alheio ao "outro". O "outro" era sempre o mesmo, os mesmos. Cresceu politicamente nessa dureza e, se ainda o não era, ficou uma mulher dura para o resto da vida. Quando eu tinha dezasseis anos e a conheci na UEC - estava então grávida -, Zita era famosa pela sua intransigência típica de filha dilecta "adoptiva" do proletariado. O melhor do livro são as peripécias da clandestinidade sem "malícia" da "camarada", o salto de casa em casa e os relatos de algumas conversas surrealistas da época. Nunca houve ingenuidade nem candura. Zita jamais poderia ter tido a mão livre para criar e sedimentar a UEC se não fosse um quadro bem cotado. Uma profissional. Levou vinte e poucos anos a perceber o logro ou a enjoar-se dele. Em 1987, na primeira maioria de Cavaco, ainda era da comissão política do PC de onde foi expulsa no ano seguinte. O relato podia ser mais interessante quanto a Cunhal. Por mais de uma vez, a autora repete-se em relação ao "Camarada" e em aspectos perfeitamente banais. Não acredito - dada a proximidade até praticamente ao fim - que Zita não tivesse mais para contar acerca do secretário-geral. Foi, diz ela, intelectualmente "libertada" por dois ex-esquerdistas (do "radicalismo pequeno-burguês de fachada socialista", nos termos de Cunhal), agora grandes e insuportáveis "liberais" do regime, os drs. Espada e Carlos Gaspar. E teve o apoio paternalista de Mário Soares que merece os maiores encómios como uma espécie de "grande educador nacional para a democracia e a liberdade". A frieza e o profissionalismo da personagem Zita Seabra - a militante comunista, a dirigente estudantil implacável, a dissidente, a social-democrata, a editora - estão inteiros (sem nenhum tipo de rasgo literário ou pretensão de "historiadora" que, aliás, rejeita logo no início) nas quatrocentas e trinta e tal páginas de Foi Assim. Se alguém aprendeu com Álvaro Cunhal - e nunca por nunca com Soares - foi Zita Seabra. Daí, talvez, a imperfeição do "retrato" do homem da amarga derrota dos últimos tempos, remetido melancolicamente a um andar nos Olivais. Propositada? Não saberemos nunca verdadeiramente que "história" Zita Seabra teria para contar.

ATÉ AMANHÃ, CAMARADAS

João Gonçalves 4 Jul 07


Não têm nada a ver um com o outro. Ou melhor, porventura coincidiram uns tempos na UEC. Zita Seabra foi dirigente e o Pedro Rolo Duarte - na fase do cabelo encaracolado - talvez tenha andado por lá. Coincidem também no dia da apresentação, dia 5 de Julho, e diferem no tema e na hora. Depois do melhor trabalho até hoje publicado acerca da "clandestinidade PC" vista por um "dissidente" - o livro de Silva Marques, esgotado, editado pelo Expresso -, é a vez de Zita Seabra "testemunhar" na sua editora, a Alêtheia. Vamos ver se "Foi Assim". É ao fim da tarde, no Quartel do Carmo. Pelas 22 horas, na Esplanada Meninos do Rio, o Pedro lança o seu "Fumo", pela Oficina do Livro. Até amanhã, camaradas.

O DESPREZO

João Gonçalves 12 Mai 07

Como lisboeta, espero poder subscrever o maior número possível de candidaturas independentes à CML. Não pelo o que elas possam valer, mas como um acto de desprezo perante o tricot partidário - sem exclusão de ninguém - que levou a Câmara ao estado a que ela se encontra.

LER OS OUTROS

João Gonçalves 20 Fev 07

Há vida - e formas de vida inteligente - na "esquerda" para lá do Daniel Oliveira, da Joaninha, de Vitalino Canas e do neófito Júdice. A serenidade do Tomás Vasques confirma-me isso mesmo. Por isso somos amigos.

PALAVRA DE ESTALINISTA

João Gonçalves 13 Fev 07

E o sr. Jerónimo já veio avisar que não há lugar a objecções de consciência no SNS. Palavra de estalinista.

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