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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

OS DIAS CINZENTOS DE MÁRIO DIONÍSIO

João Gonçalves 27 Set 10


Todas estas justas homenagens a Mário Dionísio incluem a menção da sua passagem, no PREC, como docente na Faculdade de Letras de Lisboa? É que mesmo as melhores almas têm (ou tiveram) os seus dias. Cinzentos.

OS "HERDEIROS"

João Gonçalves 12 Ago 10

Depois da viúva residente, os "saramaguinhos" literatos. Há coisas, dantes conhecidas por fenómenos do Entroncamento, que nem sequer merecem comentários.

ESTÁ CERTO

João Gonçalves 24 Jul 10


Leio uma frase retirada de uma entrevista da editora Maria do Rosário Pedreira: «é preciso criar os Saramago e Lobo Antunes de amanhã.» Com o devido respeito, já estamos razoavelmente servidos deles. Não é preciso esperar por amanhã. E, depois, como é que se "criam" escritores? Curiosa sinceridade, a da editora. Longe vão os tempos em que os escritores eram os criadores e não estavam à espera que os criassem. Sem querer, a editora explicou as criaturas que passam aí por escritores apenas porque estão inscritos num partido, numa religião, numa televisão ou num jornal. «Quando tudo é cultura, então nada é cultura», lembrava, há oito dias em Almada, Manuel Maria Carrilho. Tal como quando tudo é literatura, nada é literatura. Está certo.

Adenda: A propósito da propedêutica editorial, este post.

LITERATURA E COISA DE FUTEBÓIS

João Gonçalves 24 Jun 10


Este é um artigo idiota e oportunista, não acerca de uma personagem política ou de um escritor, mas sobre a porteirice que domina as redacções de certos media e deste, onde o escriba debita, em particular. Um tipo que fala em "uma conspiração na sua (de Cavaco) Casa Civil para colocar notícias desagradáveis ao Governo" revela uma "categoria" deontológica. Já este é um artigo de um intelectual - que também é político - acerca de um escritor e, como tal, é uma opinião de quem conheceu de perto o escritor, quer por motivos oficiais, quer por genuína atenção àquilo que por aqui passa por cultura. O mais interessante das impressões de Carrilho é demonstrar que, muito provavelmente, Saramago teria detestado o que fizeram por aí com o seu cadáver durante dois dias. «Preparava-se então para seguir para Lisboa, mas estava preocupado com as notícias que tinha sobre o tipo de recepção que lhe estavam a preparar, "como se fosse uma coisa de futebóis". E acrescentou, em palavras que recordo como se fosse hoje: "Eu sou escritor, o que se fizer tem que ser uma homenagem à literatura.» Em 1998, vivo, como em 2010, morto, foi como "coisa de futebóis" que a varanda e o salão nobre do munícipio o acolheram e não como uma homenagem à literatura. Deixem-no finalmente em paz.

Adenda: No dito media ainda trabalham formas de vida inteligente livres de "raciocínios" louceiros primários à la Roseta ou à la Ana Gomes. «Seria de um grande cinismo Cavaco ir ao funeral do escritor. Hipocrisia. E seria atacado por isso. Preso por ter cão, preso por não ter. O PR fez a nota que lhe competia e mandou o seu chefe da Casa Civil. As presidenciais explicam o histerismo de quem o criticou. E a arrogância cultural de quem não percebe como se tornou possível o povo eleger para PR o filho de um gasolineiro de Boliqueime.»

EMPEQUENECER IRREMEDIAVELMENTE

João Gonçalves 22 Jun 10


Este post do Bruno podia perfeitamente ler-se como um "comentário" ao que se passou nos últimos dias em torno da morte de um escritor. Por exemplo, a ninguém ocorreu perguntar às múltiplas carpideiras que desfilaram nas televisões - a começar por Sócrates e Costa que, suspeito, poucos livros terão lido na vida, muito menos do falecido - qual era o personagem que preferiam nos livros dele, qual foi a "fase" que mais apreciaram e porquê, se consideravam o estilo ou a substância inovadores, etc., etc. Nada. Gosto e é muito grande, prontos. Ou, no resumo de Canavilhas (que a resume), levaram-lhe as palavras todas, mesmo as que ela nunca teve ou saberá ter seja em que circunstância for. O homem queria mesmo ficar debaixo de uma oliveira simples, na ilha ressequida que escolheu para viver, mas o marketing político (idêntico em tudo ao do futebol) prevaleceu tendo à cabeça a gerente da "marca" e de quem teremos bastas ocasiões para ouvir falar. Estes episódios apenas revelam «um país “que se empequeneceu irremediavelmente”» e ao qual nem Sena nem Sophia pertenciam completamente. Só que o amavam com o ódio de todo o genuíno amor. O que não era pouco.

SE FOSSE EU A ESCREVER ISTO QUE SUBSCREVO

João Gonçalves 17 Abr 10


«E vai mais uma com um ajuste directo ao assunto: Imprensa-Apesar-De-Tudo-Muito-Mais-Livre destes poucos patrões de jornais e televisões e sinergias e betinhos jornalistas e jornalistas betinhos. A imprensa do tempo Pacheco era feita de outra forma, tão esquisito eu aqui a pensar que apesar da censura a Imprensa era mais livre. Não era, claro, mas de certa forma era. Explicarei melhor noutra altura. Pois então, Pacheco Luiz editou preciosidades e no resto? Uma alma de crápula e fiscal. Não se endeuse quem nem sequer suportaria saber-se assim colocado numa peanha. Pacheco não tem obra mas opúsculos, pagelas, folhecas. A questão pachecal é que cada um dos seus opúsculos, pagelas ou folhecas e tudo isto junto tem mais peso na cultura nacional que as toneladas de livros editados em Portugal. De há muito que a literatura não me interessa para nada. Em especial a portuguesa. Está tudo escrito e quanto ao rescrito, lamento mas é mau. Quase tudo muito bera. »

Fátima Rolo Duarte, fworld

BARATAS GUERREIRAS

João Gonçalves 8 Nov 09


Enquanto vejo e ouço a Força do Destino de Verdi - que título promissor! - passo os olhos pelo Actual do Expresso, secção livros e subsecção não ficção. Normalmente estas secções dos jornais não se destinam a levar os putativos leitores a ler os livros de que ali se fala. Não. Os literólogos de serviço esmeram-se em asfixiar os livros colocados à sua presunçosa consideração e falam sobretudo deles, literólogos (uma deflexão dos politólogos da televisão) e geralmente dos amigos deles que ocorreram em livros. António Guerreiro é um excelente exemplar desta mistificação. Pegou em dois livros de poesia - de António Osório e de Adília Lopes - e vá de fazer a "poesia" dele com eles. Ora reparem. Adília cria «identidades, representações, figuras que são a cifra de um Eu que constrói uma sumptuosa comédia autobiográfica», por exemplo, quando escreve "os meus gatos/gostam de brincar/com as minhas baratas." Na pobre cabeça guerreira há gatos que brincam com baratas e esses gatos e essas baratas são da Adília, não são do poema. Por isso lhes chama «versos desarmantes e deceptivos» como poderia ter dito que está a chover. Depois, na Adília, «tudo se passa à superfície, mas uma superfície de onde se avista o abismo.» É a chuva de volta. Há um título ("um jogo bastante perigoso") que tem «pertinência analítica» e há «desvios» todavia «passageiros e sem importância». Já António Osório «situa-se no lado oposto.» A quê? Aos «dispositivos lúdicos» e aos «processos formais que absorvem tudo»? Osório, segundo Guerreiro, celebra. Em poucas linhas temos duas «celebrações». Porquê? Porque «a celebração como fim último da palavra poética é um tema recorrente da tradição poética». Guerreiro é um modelar oficiante de disparates que ele toma por crítica literária. É notório, porém, que não consegue distinguir uma barata de um poema ou um gato de uma palavra. Tudo se passa à superfície. Literalmente.

JOGO DE LINGUAGEM - 2

João Gonçalves 30 Out 09


«A visita ao Senhor Palomar produziu o meu contacto com uma capa do Ípsilon, em que se informa que o Valter Hugo Mãe (ao que tudo indica, um escritor) é, e passo a citar - como sabem eu nunca invento nada -, "um homem que está a morrer da escrita". Desde o "morreste-me" do José Luis Peixoto que não vomitava tanto. Mais: prometo não ler a entrevista por forma a fundamentar o meu volvo. Era só o que faltava.»

a causa foi modificada

A ESTÁTUA JACENTE OU O EMPADÃO REEDITADO

João Gonçalves 4 Out 09


Com esta, é segunda vez que Pedro Mexia aparece neste blogue. A "estreia" deu-se aquando da apresentação que ele fez de um livro do Paulo Rangel. Agora é porque Pedro Mexia "desafia" essa estátua jacente da literatura portuguesa contemporânea que é António Lobo Antunes - quando (como recorda) escreve sobre a dita literatura há dez anos. Das últimas vezes que tentei lê-lo, fiquei a meio ou a menos de meio. Lobo Antunes há muito que deixou os livros para se dedicar à culinária. Ao pastelão, para ser preciso. Do L. Antunes de outros tempos resta apenas o cheiro do pastelão e edições inflaccionadas sobre edições inflaccionadas. É como uma cantora de ópera retirada que só concede recitais de meia-hora em cidades do interior. Vergílio Ferreira, por exemplo, quando morreu ainda cantava ópera completa. Chapeau, Mexia.

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