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portugal dos pequeninos

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O SIMPLEX - 2

João Gonçalves 29 Mar 06


Anteontem perguntava-se aqui se os cérebros do "Simplex" estariam mesmo certos do país em que vivem. No suplemento de "economia" do Diário de Notícias vem a resposta. A iliteracia funcional, o envelhecimento e o baixo poder de compra são as principais ameaças ao sucesso do programa. Perto de 900 mil portugueses continuam analfabetos simples e a taxa de analfabetismo funcional atinge cerca 44% da população, o que dá a ideia do à vontade com que estas pessoas lêem e preenchem formulários, quanto mais em versão electrónica. Depois, cerca de 16% da população residente tem mais de 65 anos de idade, poder de compra diminuto e, logicamente, uma indiferença quase bestial à internet e aos computadores, cuja "linguagem" lhe é absolutamente desconhecida. Finalmente, até a percentagem de utilizadores pessoais de computadores com ligação à "net" a partir de casa é apenas da ordem dos 16% - basta atentar nos preços praticados para o acesso à famosa "banda larga" - apesar de 34% possuírem computador, segundo dados do Eurostat para 2004. Vale a pena dizer mais alguma coisa?

11 comentários

De Menino Mau a 29.03.2006 às 14:08

simplex...esse era o método que aprendi para resolver problemas de programação linear quando fiz a cadeira de Investigação Operacional...Donde é que eles se lembram destes nomes?o nome é bonito...

De Costa a 29.03.2006 às 14:22

"Vale a pena dizer mais alguma coisa?"

Valer não vale, mas a beleza da coisa até é bem capaz de radicar em tudo o que escreveu nesse post: uma medida aparentemente arrojada, "modernaça", mas verdadeiramente impraticável, é algo que dá um jeitão.

Há um número restrito de cidadãos que se socorrerão dessas medidas e capacidades simplificadoras e que, admissivelmente, delas cantarão louvas - se as coisas funcionarem, claro (um grande se, vindo tudo isso do Estado)... - nos seus círculos de amigos e nas páginas que são suas na imprensa (o que é óptimo para o Poder, pois essas são as pessoas "que contam").

E depois há o povão. Esse que continuará a ir submissamente às repartições, conservatórias e afins, de chapéu na mão, olhar intimidado e voz balbuciante, prostrar-se ante o(a) "sr.(sra.) funcionário(a)", após horas de espera, suplicar-lhe que o Estado faça o que deveria fazer rápida e comodamente: atender aos interesses do cidadão.

E tudo, essencialmente, ficará como dantes. Como convém a quem diz que funcionários públicos até os há de menos (que há quem diga isso!).

De Anónimo a 29.03.2006 às 15:24

De facto, há por aí muita gente que pretende que tudo vá ficando na mesma. Os burocratas do costume.
Deixem-se de pieguisses. Algo fica pior se for alterado ? Velhos de Restelo . . .
Deixem o Homem Trabalhar.
Daqui a uns anos, ficará como o Marques de Pombal do Sec XXI

De Costa a 29.03.2006 às 16:31

Ahhh... A usual distorção do significado do "Velho do Restelo". Mas enfim, é um caso de aplicação por "costume".

De Anónimo a 29.03.2006 às 18:57

... "Excelente" análise

De Rosario Marques a 29.03.2006 às 19:04

A questão do simplex, não é tanto a das medidas que pretende implementar para simplificar.... a questão é que, nos casos em que a administração pública, devido à sua inércia, não as praticar, que se faz? Como se obriga?

De Caminhante Solitário a 29.03.2006 às 21:05

A questão do "simplex", isto é, só o facto de se ter de proceder a semelhante operação de desburocratização revela o conservadorismo e o “peso” de uma máquina estatal velha e nada reformadora.
É óbvio que, para quem não tiver acesso à Internet ou preferir a "interburocratização" terá sempre a opção de tratar dos assuntos da mesma maneira como hoje tratam... A consequência é simples: perda de tempo em operações burocráticas estúpidas e, muitas vezes, desnecessárias...
A modernização do país urge, chega de pormenores...

De Senaquerib a 29.03.2006 às 22:22

A questão do "simplex" é uma velharia que remonta ao tempo do telégrafo, há cerca de 150 anos, quando se podiam transmitir mensagens a longa distância usando o código Morse.
Velharia, portanto, e talvez por isso o "nosso" Sócrates a adoptou.
Mesmo assim deve ser muita camioneta para a areia dele.

De Caminhante Solitário a 29.03.2006 às 23:38

O "nosso" Sócrates adoptou-a e já com atraso! O que dizer, então, dos outros governos todos... a começar pelo governo de Adelino Palma Carlos!

De HJP a 29.03.2006 às 23:46

Caro João,
Todas as medidas que em boa hora este Governo tem vindo tomar não se destinam a simplificar a vida dos analfabetos. Esses, coitados, não têm outra solução que não seja dirigirem-se à repartição mais próxima. Destina-se sim a quem tem a possibilidade de tratar dos assuntos pela Internet. Tenta confrontar os números que o Diário de Noticias apresenta com o site da DGCI - neste preciso momento mais de 1 milhão de portugueses apresentaram a declaração de IRS (Modelo A) pela Internet... Terão todos internet em casa? Claro que não! Mas lá se vão safando... Como? Porque o Governo, mais uma vez em boa hora, enviou uma carta às empresas solicitando a sua colaboração para permitir que os seus trabalhadores utilizem a Internet durante as "horas de expediente". Quem ganha? Todos! O Governo porque consegue obter as declarações com mais baixo custo e as empresas porque poderão aumentar a produtividade... é de 4ª classe (mas bem feita). Ah, o Eurostat não é produtor de estatísticas. Adivinha de onde saiem?
Hjp

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