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portugal dos pequeninos

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RUÍDO

João Gonçalves 4 Dez 06


Passam vinte e seis anos sobre a morte de Sá Carneiro, o que automaticamente impede esta gente de o perceber ou de sequer tentar. Teria cerca de 40 anos quando ocorreu o "25 de Abril" e apenas mais seis quando desapareceu como um meteoro. É, à semelhança de tantos outros por esse mundo fora, um daqueles astros mortos que continuam a iluminar-nos. Não era um "moderado", num país que aprecia a moderação e a beatitude (nunca me hei-de esquecer de Ramalho Eanes, em 1980, quando Sá Carneiro era um primeiro-ministro em ruptura permanente, de dizer, a mim e a um pequeno bando de estudantes de direito da Católica, entre os quais o Rogério Alves, que se em vez de Sá Carneiro fosse Mota Amaral, tudo seria mais fáci: como não?). Não era hipócrita, numa sociedade onde os dissimulados vegetam como cogumelos. Era demasiado rápido para uma nação habituada aos comboios de Chelas e à navegação à vista. Criou um partido cujos baronetes sempre o desprezaram. Ele também os desprezava mas precisava deles para a intendência. Como político e como homem, era um aristocrata e uma pessoa de bom-gosto. Errou ao pensar que, apenas cinco anos após a "abrilada", podia fazer de nós europeus e civilizados. Se cá voltasse, morreria de susto ou de tédio e, seguramente, ia-se embora. Morreu pessoalmente feliz e politicamente amargurado. Sabia que ia perder para o "equilíbrio". Foi tido, dentro e fora da seita, como um perigoso desestabilizador. Muitos dos que hoje vão andar por aí a babujar o seu nome, ele nem sequer os conhecia. Ou se os conhecia, não lhes votava a mínima importância. Volta não volta, há uns quantos que se imaginam subtis e consequentes. O médico Menezes, de Gaia, é um deles. Fez uma jantarada - para quê? - e teve "a honra" de presenças como Gomes da Silva ou Helena Lopes da Costa - quem?. É desta má colheita que o país ignora que é agora feita a grande massa do PPD/PSD. Ao pé disto, Marques Mendes, apesar de ser mordido por tudo o que é abelha e varejeira, é um senhor. Sá Carneiro jamais poderia ter deixado herdeiros políticos porque estava sozinho. O resto era, e será sempre, ruído.

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