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portugal dos pequeninos

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MORTE OU GLÓRIA

João Gonçalves 16 Jun 06


Disseram-me há dias, num almoço horrível no "Porto de Abrigo", ao Cais do Sodré - infelizmente mais um restaurante que tinha pergaminhos e que se vulgarizou -, que um dos imóveis que o Estado pretende vender para dar lugar a um daqueles enjoativos condomínios "de luxo", agora tão em voga, é o Regimento de Lanceiros 2, na Ajuda. Eu servi - o termo é mesmo esse, servi - com honra e alegria aquele Regimento, entre 1986 e 1987, como oficial de justiça. Chamava-se então Regimento de Lanceiros de Lisboa e albergava, como julgo que ainda hoje assim é, a Polícia do Exército. Fi-lo ao abrigo do serviço militar obrigatório com que o politicamente correcto, das esquerdas e das direitas, acabou. Por acaso foi o dr. Portas, mas podia perfeitamente ter sido o dr. Louçã ou outra eminência do regime. Quem passou por Lanceiros, a menos que seja um notório imbecil, não fica indiferente à sua história e à fraternal solidariedade que unia homens de proveniências sociais diversas em torno da Cavalaria. Lanceiros permitiu-me conhecer pessoas e mundos completamente diversos dos meus. Depois, o Regimento é um espaço lindíssimo, desde o edifício principal, até às remotas cavalariças mais perto de Belém ou a piscina. Tem uma parada inolvidável com o símbolo do Regimento desenhado no meio: "morte ou glória". Mantive, com praticamente toda a gente com quem me cruzei lá dentro, as melhores relações pessoais e institucionais. Fiz amizades e não me envergonho de ter cumprido o serviço militar. Foi nesse período que inaugurámos o monumento aos mortos em combate do Regimento, era então comandante o Coronel Roque da Cunha. Passei, como oficial de dia, muitas noites lá dentro e assisti, até por dever de ofício, a muitas peripécias. Nessa altura, a ocupação maior da Polícia do Exército era proceder diariamente à escolta de Otelo Saraiva de Carvalho para o Tribunal de Monsanto onde decorria o julgamento das FP-25. Lanceiros foi um pouco de tudo. "Reaccionário", "monárquico" e até "progressista", no PREC, quando era 2º comandante o famoso Major Tomé. Em comum, tínhamos todos a mesma admiração e o mesmo respeito pela memória dos "nossos maiores" nomeadamente D. Carlos, o Marechal Carmona ou o Marechal Spínola. Não obstante o percurso político algo ambíguo deste último, não existe nenhum "cavaleiro" que se preze que não seja "spinolista". Alguns dos oficiais, sargentos e praças com quem privei mais de perto, já desapareceram. Por todos, deixo aqui uma sentida homenagem à grata memória do meu Amigo Henrique Quintanova, ao tempo Major de Cavalaria. Parece, pois, que o poder quer "matar" Lanceiros a troco de um punhado de euros. Que o faça. Lanceiros está vivo no coração dos seus servidores, independentemente do capricho do tempo. Contra o esquecimento, morte ou glória. Não conheço melhor "divisa" para a vida inteira.

33 comentários

De Duarte a 29.05.2011 às 23:39

Estamos entregues à classe política mais corrupta a seguir ao 3º. mundo, por isso nada me surpreende desta gente. Mas não poderão, jamais, apagar de todos nós, Lanceiros, o espírito de corpo de quem serviu o R.L. 2. nem, tão pouco, ignorar o quanta história as paredes daquela Casa-Mãe encerra. Uma vez PM/PE, PM/PE para sempre.
MORTE OU GLÓRIA
Sold. PM 056531/72
Compª. Polícia Militar 8243
Moçambique 1973/1974
Artur Ferreira

De Anónimo a 14.12.2011 às 16:26

Caro Anónimo Nuno E

Relativamente à abertura da AAOL, fui um dos Oficiais que em conjunto com o Quinta-Nova, se bateu para a abertura da Associação a todos os que passaram
pelo RL2.

Não misture o trigo com o joio p.f.

Infelizmente parece-me que a evolução da actual Associação, não me parece a mais adequada.

Virtual Art (PM)

Angola 1969/1971

De Felgueiras a 08.03.2023 às 22:08

Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta na Ajuda, depois fui para ELS Évora, chamo-me Felgueiras gostaria de contactar antigos camaradas meus   

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