
O que um homem tem de fazer para não se maçar. Cavaco Silva acha "absolutamente natural" que se enviem tropas portuguesas para o Líbano ou, mesmo, só um barquinho simbólico. Segundo o Presidente, "Portugal não pode deixar de ser sensível ao apelo do secretário-geral das Nações Unidas dirigido à União Europeia", já que "tem sido solidário em muitas situações de crise, como prova a presença das Forças Armadas em vários teatros de operações". Em suma, rematou, "tudo tem corrido de acordo com aquilo que cumpre fazer". Modestamente parece-me que, neste caso, o que "cumpre fazer" é não fazer nada e deixar a tropa quieta. O "ser solidário" passa por outras coisas e não necessariamente por mimetismos extravagantes. Ou então levava-se a coisa a sério - como se fosse possível - e falava-se em "contingente" e em material mais pesado (que não existe ou não tem condições). Pelos vistos, Cavaco prepara-se para estrear o passaporte que o dr. Costa lhe deu com uma viagem ao Líbano, às nossas gloriosas tropas "solidárias" (com o quê?) "no terreno", quando e se a famosa UNIFIL se constituir. Tudo está bem assim e não podia ser de outra maneira, sibilava o cínico Salazar que conhecia bem a choldrice nacional. Façam, pois, todos boa viagem.