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portugal dos pequeninos

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NOSSA SENHORA ELECTRICIDADE DE PORTUGAL

João Gonçalves 28 Mai 09


«O anúncio, sem o querer, desvenda o sentido da campanha da EDP: é mais imagem do que paisagem, mais barragem do que a alardeada protecção de espécies em extinção. Como referia o blogue Estrago da Nação, para nos vender barragens, os publicitários tiveram de alugar serviços de animais amestrados (lobos, aves de rapina), de filmar em ribeiros e quedas de água que deixariam de existir se ali houvesse barragens. E maquilharam a rapariga para ela parecer natural, recorreram à mangueirada para simular chuva; e a rapariga bebe água da ribeira, o que nunca faria numa barragem. A publicidade, como o cinema, é uma fábrica de sonhos: o objectivo é que não se veja a fábrica, mas o “making of” mostra-a enquanto o anúncio fornece o sonho. Se Freud voltasse, diria que o sonho dos publicitários revela a realidade: no anúncio, a natureza selvagem acaba encapsulada num outro filme, projectado do rio sobre a parede de betão. A natureza selvagem não existe, ou deixa de existir: transfere-se de ribeiros intocáveis para simulacros numa parede de betão. As barragens têm tremendos efeitos ecológicos, destroem, por exemplo, o ambiente das aves de rapina que se mostram no anúncio. Tal como são precisos lobos amestrados para fazer o anúncio, também a real e verdadeira natureza dos últimos santuários é nele aprisionada em imagens que vemos fugazmente projectadas em betão, à noite, para nos descansar as consciências. Enquanto a EDP destrói natureza selvagem construindo barragens e substituindo-a por uma natureza humanizada, nós olhamos para o boneco —na parede de betão, ou no ecrã do televisor, ou no jornal ou no outdoor urbano.»

Eduardo Cintra Torres, Jornal de Negócios

11 comentários

De João Pedro a 29.05.2009 às 16:53

Olá.

Como dizia o Professor Renato Morgado, a energia é crucial para o desenvolvimento de um país e garantia da vida. Vê-se nestes dias que correm que a utilização de combustíveis fosseis para a produção de energia, alem da questão do ambiente, torna-nos irremediavelmente dependentes de outros países.
Como um gráfico que já vi, os Portugueses gastam bastante energia em transporte, serviços e habitação, ao contrário dos grandes países industrializados (EUA, Inglaterra, Suécia) que gastam cerca de 50% na industria.
Ao contrário do que se pensa, não é à noite que se gasta mais energia, até porque o consumo à noite pode sair mais barato. A França até ilumina as suas auto-estradas para gastar a energia que as centrais injectam na rede. Os grandes picos de consumo dão-se nas nos horários normais de trabalho e à hora do jantar (das 7h às 21/22h).
Para garantir que todas as necessidades são correspondidas é necessário que a EDP tenha sistemas que se possam facilmente ligar e desligar consoante as necessidades. As barragens são sistemas mais que testados e fáceis de controlar.
Confesso que não concordo com a construção de mais barragens, mas sei que tanto as eólicas como os painéis solares não conseguem concorrer com as barragens. Não se pode garantir que haja sempre vento nem que haja sempre sol, numa barragem até se bombeia a água para montante, durante a noite, quando há menos consumo.
Eu sou da opinião que para termos uma produção de energia que polua menos (todas elas prejudicam o ambiente, umas menos que outras) o país deva apostar na micro-geração de energia. Mesmo sabendo que a rentabilidade de um painel solar eléctrico comercial anda na ordem dos 10% e que tem um custo inicial elevado, pode ser uma alternativa às barragens e à utilização de combustível fóssil para produzir energia. Imaginem a quantidade de fábricas e casas que há no país com grandes telhados, que poderiam estar a produzir energia e não estão. Os grandes campos de painéis solares também são um erro porque a probabilidade de uma nuvem cobrir uma grande parte do campo é enorme.

Mas desde já deveríamos ter em atenção pequenos pormenores, alguns já referidos, como as lâmpadas, os isolamentos dos edifícios (neste momento estou num edifício de uma universidade, tem um ano, não tem caixa de ar nem placa, o tecto da sala são umas chapas do telhado, estão 31,5ºC e temos várias ventoinhas a funcionar para fazer circular o ar), sistemas de locomoção e a reciclagem.

Penso que o governo e todos nós deveremos pensar em formas diferentes de produzir energia mas principalmente de não a gastar, porque essa é a única que não polui.

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