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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 30 Set 12
Setembro chega ao fim. Nem cá, nem na Europa, nem em lado algum foi um mês brilhante. Há dias perguntavam-me como é que se devia designar os países não emergentes. Ocorreu-me "os países que estão na mesma", "os países que não crescem", etc., etc., até que ouvi alguém falar, com razão, em países decadentes. Em breve a Europa entrará na ruminação a que se habituou nos últimos anos, entre conselhos, cimeiras, duetos, teleconferências e declarações algures entre o piedoso e o cínico. Já esta semana, o encontro dos ministros das finanças da Alemanha, da Finlândia e a da Holanda, em certo sentido "contra" a Espanha - estilo "desenrasquem-se" -, obrigou a Senhora Merkel a mais uma profissãozinha de fé na "Europa" e no euro. O próprio "povo" europeu não sabe bem o que quer ou o que não quer, isto apesar das manifestações e dos barulhos. As elites esfarelam-se ou inexistem e o espaço político-partidário, por natureza aquele em que, numa democracia representativa, as coisas valem, cada vez vale menos. Nos EUA, Obama ainda é o mal menor para a Europa depois dos sucessivos shows de cretinice bíblica do sr. Romney. E os tais países emergentes andam por todo o lado, como lhes compete, a fazer pela vida à conta desta decadência geral do "Ocidente". Por cá, o panorama é devastador. Depois do disparo infeliz de 7 de Setembro, o ciclo das infelicidades governamentais e da coligação não parou mais. Fazer "tábua rasa" desta constatação com certeza conduzirá a que, daqui a precisamente um mês, esteja a escrever a mesma coisa em pior. Há um profundo trabalho político a realizar que não se compadece com o caprichismo "financês" ou com o persistente alheamento da realidade. Sem oposição à altura - a não ser a que lhe é movida metodicamente pelos media ou por intriguistas "internos" dispostos a colaborar com o primeiro alucinado que lhe aparecer pela frente -, o Governo tem a obrigação política e moral de redescrever o seu registo de actuação política. Não existe um cargo (um sequer) no Governo que não seja, antes de ser outra coisa qualquer, um lugar político. Aparentemente pouca gente tem a noção disso. Daí que Setembro tenha sido o mês mais cruel. Não pode repetir-se.
Foto: iStockphoto
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...