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portugal dos pequeninos

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A derrota do pensamento

João Gonçalves 26 Mai 12

 

Num país medianamente adulto e civilizado, em que, apesar da falta de dinheiro, exista um módico de equilíbrio intelectual, moral e deontológico, a longa intervenção do dr. Carlos Moreno - meu antigo dirigente enquanto Inspector Geral de Finanças e juiz jubilado do Tribunal de Contas -, numa comissão parlamentar, sobre essa calamidade pornográfica que dá pelo nome de "parceria público-privada", faria manchete em qualquer órgão de comunicação social escrito, falado, informatizado ou televisionado. Mas a prioridade continua a ser dada, para usar a oportuna expressão do Presidente francês François Mitterrand (que não me cansarei de repetir as vezes que forem necessárias), à tentativa "multidisciplinar" de atirar a honra das pessoas aos cães, com o devido respeito pela indisputável lealdade destes animais quando comparada à dos homens. Em certo sentido, de facto nós não chegámos ao que chegámos - pobres, resgatados internacionalmente, miseráveis nos instintos - apenas porque há PPP's e pérolas semelhantes. A coisa é mais funda. O regime, sensivelmente a meio do "cavaquismo", deixou-se capturar por poderes que não são escrutinados eleitoralmente. A sociedade também. Fica um lastro de derrota do pensamento porque, precisamente, esses poderes fácticos (privados ou públicos, tanto faz, mas essencialmente entregues a invertebrados "transversais" e a "sobreviventes" profissionais) existem para evitar que as pessoas parem para pensar. O desastre, apesar de económico e financeiro, é sobretudo humano e cultural. Um dia lamentaremos estes quase quarenta anos de regime da mesma forma como outros lamentaram os quarenta e oito de "fascismo". Há método nesta loucura como em Hamlet? Há e ele entra-nos todos os dias em casa pelas televisões, pelos tablets, pela rádio, pelos jornais. Carlos Moreno explicou uma parte do problema mas apareceu logo um clown a exibir o método no que foi seguido de imediato pela habitual turpe circense dos idiotas úteis. A outra parte do problema, por consequência, reside em subestimar-se o poder de gente estúpida em grandes grupos. Grupos no sentido de magotes e grupos propriamente ditos.

3 comentários

De Marão a 26.05.2012 às 14:11

A nossa democracia encharcada num lameiro, e não há entidade que a tire do atoleiro, porque comem todos no mesmo palheiro. Para mudar esta trampa basta pôr uma revolta pacífica na próxima rampa legal. Ausência total no próximo eleitoral a ver como descalçam o cabedal.

De MANI PULITE a 26.05.2012 às 15:26

Totalmente de acordo.

De karocha a 28.05.2012 às 00:49

Grande titulo do post JG!
E é bem verdade.

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