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portugal dos pequeninos

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O essencial

João Gonçalves 15 Abr 12

Volta não volta, regressa aquela arremelgada idiotice da "necessidade" de o Vaticano (e, em especial, Ratzinger) se "adaptar" aos tempos que correm. O jornal Público dedica meia dúzia de páginas à coisa e resume-as na seguinte frase: «os católicos têm de repensar a sua relação com uma sociedade que lhes escapa.» Esta frase - e os pressupostos em que ela assenta -, salvo o devido respeito, é um equívoco. Desde logo, a Igreja Católica representada pelo Papa Bento XVI é uma instituição cultural milenar que já viu "passar" demasiados "modelos" societários que a história e a "condição humana" se encarregaram de ultrapassar e, nalguns casos, de irradicar totalmente. A Igreja, por natureza, não funciona pela regra da contingência nem se sujeita ao "historicismo". Eles, os "modelos", passaram e a Igreja permaneceu conforme ao instante fundador: «tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja.» Depois, Ratzinger é quem menos se importa com a opinião "maioritária" ou que se publica. Desde os anos 70 do século passado que ele afirma que a Igreja deve estar preparada para viver em minoria e não a toque de caixa de "movimentos" ou do "progresso". Na sua primeira viagem apostólica, à Turquia, Bento XVI deslocou-se propositadamente a uma aldeia remota do país para celebrar missa junto de pouco mais de uma centena de fiéis católicos. Este Papa não foi escolhido para ser "estrela pop" ou para abrir telejornais a ler homilias num Ipad. Não possui, aliás, a menor ilusão sobre o homem contemporâneo, o tal que supostamente "lhe escapa" quando ele o topa melhor que ninguém. Bento XVI prefere uma Igreja de poucos, firmes e fortes, a uma Igreja com uma multidão de pusilânimes internos e externos. Quem deve "repensar" a sua relação consigo própria é a sociedade - vazia, indiferente, desesperançada intelectualmente e infantil - à qual "escapa", de facto", o essencial.

5 comentários

De Joaquim Amado Lopes a 15.04.2012 às 18:14

Como agnóstico (educado numa família católica pouco praticante), tenho que elogiar e subscrever a postura que o João Gonçalves aqui revela. É por estas coisas que aprecio cada vez mais os católicos convictos e cada vez menos os "católicos modernos".

De Romão a 15.04.2012 às 20:26

Gostei muito. As modernices vão passando e a Igreja continua. Firme e segura.

De xico a 15.04.2012 às 20:41

Excelente. Muito bem posto.

De maria a 16.04.2012 às 16:00

Ora bem, de facto têm tudo a ver as pequenas comunidade judaico cristãs narradas em Actos e a Igreja pós Constantino e por aí fora até ao que somos hoje. E mesmo hoje a Igreja é composta de realidade bens diferentes. Não basta dizer que o Papa está em Roma e a representa. Até porque é o bispo de cada diocese que tutela a mesma. Mas que quer ver as coisas à sua medida basta anular isso tudo e criara a sua tese.

Também me afirmo católica e não subscrevo o que aqui se diz. E então, resta-me a sua avaliação? faça favor e cresça...

De xico a 16.04.2012 às 23:49

Penso que se discute aqui a adaptação ou não da Igreja à vontade das massas. Como sabe, as comunidades de que nos falam os actos caracterizavam-se exactamente por se afirmarem contrárias ao mundo que as rodeava. Não procuraram ir na onda para ganhar adeptos e fugiam do mundo. Neste particular parece-me que o Papa se aproxima dessas comunidades de que fala. Não lhe parece?

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