
Neste blogue não há lugar a sofismas. Por isso, uma derrota é uma derrota tal como uma vitória é uma vitória. Pessoal e politicamente, este resultado é uma derrota (e o respeito pelos milhares de leitores diários* não pode dispensar esta clareza). Pessoalmente, porque este blogue é um blogue individual (melhor dizendo, individualista), independente de partidos e dependente da minha exclusiva vontade. Politicamente, pelas razões óbvias. Assistiu-se à derrota de uma certa ideia de decência e de carácter algo que, nos próximos dias, se verá com maior precisão o que quer dizer. A vitória de Sócrates, Portas, Louçã e daqueles que, dentro do PSD, tudo fizeram para o sucesso destes três, sobretudo do primeiro, representa, muito adequadamente, o corolário disso mesmo. Tal como a derrota de Ferreira Leite e de Jerónimo. Dito isto, ganhou o país de eventos que Medeiros Ferreira anunciou há uns anos. Os três vencedores protagonizam o que de melhor se pode produzir em Portugal em sede de eventos. Não é por acaso que as televisões gostam tanto deles. O que significa que o "soberano" prefere circo ao pão. Paciência. Não é por isso que o país deixará de empobrecer. O "soberano", ao responder sim à simples pergunta sobre se se sentia mais confortável na sua vida do que em 2005, decidiu-se pelo espectáculo, pela palavra fácil e pela pandeireta. Só espero que lhe faça bom proveito. Outra vitória desta eleição é a da mais recente versão "shakespeariana" de Cavaco Silva. Todavia, para Shakespeare é preciso talento. Cavaco, que domina bem a língua, vai precisar de ler muitas peças deste autor inglês. Não digo é quais. E amanhã é outro dia.
*excluída a canalha anónima habitual