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portugal dos pequeninos

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CUNHAL REVISITADO

João Gonçalves 24 Nov 10


Estamos a viver tempos que convidam a que nos "fechemos" dentro de um livro. Não é, pois, por acaso que têm aparecido alguns neste blogue. Essa capacidade de isolamento, essa barreira prodigiosa contra a tagarelice, esse momento único de redescrição do mundo que a leitura ou a música conferem, foi descrita de forma lapidar por George Steiner num intitulado No castelo do Barba Azul - algumas notas para a redefinição de cultura, traduzido pela Relógio D'Água: «os livros bem-amados são a sociedade necessária e suficiente do indivíduo que lê a sós.» Recebi hoje o da foto, de Adelino Cunha, e, portanto, a frase de Steiner é deliberadamente esdrúxula a seu respeito. Nunca escondi o meu interesse pela personalidade de Álvaro Cunhal. Este livro promete-nos um "retrato pessoal e íntimo". Vou lê-lo, a sós, e com a maior atenção. Depois falamos.

Adenda (de um fiel leitor insular):«Álvaro Cunhal, quando esteve preso em Peniche, traduziu em segredo «Rei Lear», de William Shakespeare, um clássico da literatura mundial. (Hoje os nossos «intelectuais» para fazerem alguma coisa, solicitam uma licença sabática ou pedem uma «bolsa»). Quando nós hoje comparamos a dimensão cultural e intelectual de Álvaro Cunhal (ou mesmo doutros líderes politicos já desaparecidos, como Sá-Carneiro, Salgado Zenha, Palma Carlos, etc.) com as actuais «lideranças» politicas, é o mesmo comparar uma peça feita em ouro com um vulgar alguidar de plástico.»

4 comentários

De Garganta Funda... a 24.11.2010 às 22:01

O que sempre me fascinou na personalidade ímpar de Álvaro Cunhal não foi o seu intenso precurso politico ou mesmo as ideias politicas que professava, mas sim a sua dimensão cultural e humana, que aos poucos foi sendo revelada.

Álvaro Cunhal foi um homem eminentemente cultural.

Escritor. Ensaísta. Artista. Tradutor.

Apreciador da boa Música, Árte e Literatura.

Álvaro Cunhal, quando esteve preso em Peniche, traduziu em segredo «Rei Lear», de William Shakespeare, um clássico da literatura mundial.

(Hoje os nossos «intelectuais» para fazerem alguma coisa, solicitam uma licença sabática ou pedem uma «bolsa»)

Quando nós hoje comparamos a dimensão cultural e intelectual de Álvaro Cunhal (ou mesmo doutros líderes politicos já desaparecidos, como Sá-Carneiro, Salgado Zenha, Palma Carlos,etc.) com as actuais «lideranças» politicas, é o mesmo comparar uma peça feita em ouro com um vulgar alguidar de plástico.

De joshua a 24.11.2010 às 22:09

Não te esqueças que andar pelas ruas, como eu ando, a reparar nas pessoas, no olhar das pessoas, na angústia das pessoas, [e a sentir compaixão por elas] é levares o teu fervor cristão ao ponto correcto. Não o deverás esquecer. Fixa o teu olhar no olhar das pessoas e sorri-lhes, saúda-as. Vive a tua mortalidade no meio delas e ao encontro delas.

Os livros são prazer. As pessoas, missão. Abraço de livro e livre, my dear John!

De João Gonçalves a 24.11.2010 às 22:11

Não sou o Nobre nem o bonzinho Guterres. Em geral, cada vez mais me apetece mandar as pessoas para o acórdão da Relação de Lisboa.

De Anónimo a 25.11.2010 às 21:52

Cunhal esse burguês adoptado pelo proletariado, nunca deixou de praticar o intelectualismo, com desenhos de saloias ceifeiras, com Maneles Tiago, com traduções, etc. Quando em cativeiro, tudo é válido para passar o tempo, até fazer a Torre de Belém em fósforos e, não nos parece que os companheiros de cela fossem rapazes capazes de discutir prognomas de Kant.

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