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portugal dos pequeninos

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O NOME DA COISA

João Gonçalves 3 Jul 06


Ouço na rádio, logo pela "fresquinha", um juíz de tribunal de família comentar o início do julgamento das treze "crianças" que executaram friamente um sem-abrigo do Porto, a ou o tal que nunca teve direito a um rosto. O referido juíz falava acerca da circunstância de o julgamento não ser público. Perorou sobre as "crianças" e sobre os "prejuízos incalculáveis" (sic) que a "exposição pública" das ditas poderia trazer aos pobres quando crescerem. Para suavizar os "traumas" previsíveis das "crianças" entre os doze e os dezasseis anos, o "colectivo" é constituído por um juíz - supôe-se que a sério - e por dois "juízes sociais". Este assistencialismo insuportável e politicamente correcto impede, para não chocar a nossa hipócrita sociedade, que se dê o nome à coisa, tal como nunca se deu um rosto à vítima. As "crianças" vão acusadas de tortura, homicídio e ocultação de cadáver. Que eu saiba - e onde me ensinaram direito e outras coisas porventura ainda mais úteis para a minha vida - , estes, sim, constituem "prejuízos incalculáveis". O criancismo institucional e cínico deve parar à porta da evidência. Estes miseráveis não são crianças. São monstros em potência, meros criminosos comuns.

14 comentários

De mário a 03.07.2006 às 10:12

é que eles nem vão ser acusados de homicídio, mas sim de tentativa de homicídio e ocultação de cadáver. eu acho incrível. é que na autopsia afirma-se que a gisberta morreu de afogamento. mas, se eles atiraram-na a um poço de 15 metros foi com a intenção de a matar. quando se atira alguém a um poço é natural que morra por afogamento, sobretudo quando não se pode reagir com o corpo todo partido e perante 5 ou seis fdp. se a atirassem ao rio douro de certeza que também morria por afogamento.e depois, na notícia do público de sábado, que me meteu um nojo incrível, é afirmado que eles vão ter castigos idênticos. caraças, um processo de investigação não serve para apurar as responsabilidades individuais de um grupo? para que é que se investiga? e depois, o tom de condescêndencia de uma fonte anónima ligada ao processo quando disse que não devíamos marcar as crianças para o resto da vida, que foi uma brincadeira que correu mal. caraças, outro fdp. a pena mais grave que eles podem sofrer é a de regime de internato não intensivo (não é bem assim o termo, mas acho que ideia é mais ou menos esta), ou seja, vão poder sair numa boa.
mas o que isto tudo demonstra é o preconceito fdp das pessoas. porque ela era transexual. porque se calhar não merecia viver. fiquei mesmo desagradado com a notícia. a desculpabilização daqueles criminosos que deviam estar na prisão de custoias vai levar a que eles acreditem que tudo é possível. é um erro. o outro sacana diz que não devemos marcar as fdp das crianças, mas marcadas já elas estão, terão que viver com o facto de terem morto um outro ser humano. têm que demonstrar que merecem o perdão, têm que sofrer um castigo.
mas é tudo pq a gisberta era transexual. nunca pensei ler uma coisa daquelas. e enfim, a gisberta parece que não vai ter justiça. é que não é o politicamente correcto nesta merda, mas sim o facto de ela ser transexual. não tem nada a ver com serem menores ou o caraças. eu não percebo nada de justiça, aceito, mas acho que tudo isto está muito incorrecto. não sei se vocês apoiam?

De mário a 03.07.2006 às 10:25

enfim, desculpem o português do texto anterior, mas o politicamente correcto neste processo, aquilo que referiste, serve somente para uma coisa: para esconder o preconceito das pessoas, a falta de respeito perante as diferenças.

De blogo a 03.07.2006 às 11:32

Estes miseráveis não são crianças. São monstros em potência, meros criminosos comuns.

Enquanto não transitar a decisão, são mesmo só e apenas menores...

De LFM a 03.07.2006 às 11:48

Os "...pobres quando crescerem..." serão pobres de espítito, sem dúvida, resta saber se continuaram perigosos.

Se não houver castigo, para além de perigosos, irão começar a desenvolver um sentimento de impunidade, já tão comum na nossa sociedade.

De Anónimo a 03.07.2006 às 12:06

Um dos maiores perigos e que é preverso, é entender que há monstros capazes das maiores vilezas e há os outros que não são capazes de matar uma mosca. Esta atitude assusta-me, porque impede de ver que há um monstro em todos nós e por isso é preciso matar esse monstro todos os dias e desde cedo. Este crime e aquele que foi agora julgado em Inglaterra sobre jovens que mataram outro sem qualquer motivo, demonstram que o nosso facilitismo na educação e repressão baseados que só monstros fazem estas coisas está errado. É preciso rever depressa os nossos conceitos de educação e não deixar as criancinhas completamente à solta à espera de encontrarem a sua personalidade.

De P. Lino a 03.07.2006 às 12:13

"Foi tudo uma brincadeira de miúdos que acabou mal". Li isto, ontem, num jornal, como vindo da boca responsável do Ministério Público e até agora, o mundo ainda não parou um segundo que fosse, de espanto.

De Anónimo a 03.07.2006 às 16:06

sempre podem ir para a porta do tribunal pedir a pena de morte para os criminosos, aos berros, como geralmente faz o povo nestas ocasiões

De luikki a 03.07.2006 às 19:40

um caso que está a ser "lavado" com amaciador!
talvez porque a vitíma (um ser humano) não obedecia aos padrões "normais".

De Anónimo a 03.07.2006 às 21:33

Um país em que os facínoras são assim protegidos deixou de merecer o nome de país. É uma espelunca.

De rod a 03.07.2006 às 23:09

JG

Mais uma vez está a fazer demagogia em feiras e mercados.
Se efectivamente estudou Direito, em vez de escrever tantas alarvidades, porque não critica antes a Lei Tutelar Educativa, a Prof. Doutora Anabela Rodrigues, o seu Ilustríssimo esposo e o Dr. António Costa?*
Por último, porque não defende expressamente como o faz o CDS que a imputabilidade criminal se deve situar abaixo dos 16 anos?
Este post não tem nada de científico e mais prarece um artigozinho próprio de uma revista que se abre em sala de espera de dentista.
Porque não discute a sério e se circunscreve a juízos opinitavos próprios de quem vai à padaria ou à peixaria de bairro?


* e essa coisa chamada CEJ

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