
Como se não bastassem os males gerais da pátria - dirigida e candidata a ser dirigida por megalómanos e puros vendedores ambulantes de farturas -, também temos o videirismo como forma de vida, passe a redundância. E quando se mexe no videirismo, acorre inevitavelmente alguém para defender a sua forma de vida e a dos seus. Chama-se a isto (na literatura, na política, nos jornais, nas televisões, nos prostíbulos, em suma) "meio". O "meio" defende-se atacando e emitindo grunhos sob a forma de firewalls para ter a certeza que ninguém penetra nos seus tão inexpugnáveis como infrequentáveis domínios. São aquilo que Carrilho designa por parasitas da actualidade. Estes parasitas - como vivem há muito alojados em tudo o que "dá" seja em que área for - estão sempre "em cima" de qualquer coisa ou de alguém que "dê". O Zé Ribeiro da Fonte tinha uma frase para isto - onde nós não estivermos, outros estarão por nós. Os parasitas da actualidade levam isto ao pé da letra. Encarregam-se de esmagar, por infecção já que não são expelidas como as ténias, tudo onde se alojam. Pergunta o leitor estupefacto: isto é para quem ou a que propósito? Não se preocupe, amável leitor. Elas, as ténias infectas, sabem perfeitamente onde estão. «J'irai vous applaudir lorsque vous serez enfin devenu un vrai monstre, que vous aurez payé, aux sorcières, ce qu'il faut, leur prix, pour qu'elles vous transmutent, éclosent, en vrai phénomène. En ténia qui joue de la flûte.»