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portugal dos pequeninos

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UM PAÍS DE CAGÕES

João Gonçalves 8 Jul 06


De acordo com o Expresso, o "patrão" da IKEA, o sr. Ingvar Kamprad, "apenas" um dos homens mais ricos do mundo, de 80 anos, veio fazer uma visita surpresa ao seu armazém de Alfragide. Hospedou-se na Pensão Alegria, na Praça com mesmo nome, foi de táxi até à loja e regressou na carreira 14 da Carris, que o largou na Praça da Figueira. Esta peripécia devia fazer pensar os parvenus domésticos. Qualquer mísero cargo dá direito, na nossa provinciana sociedade, a um carro, a um motorista, a um telemóvel, a cartões e a umas secretárias. Ninguém dá um passo sem andar de carro, mesmo que se alimente a cafés ou a "sandes de fiambre", viva numa barraca ou num condomínio de luxo. Para além de analfabetos, os portugueses são cagões. Preferem o perfume ao duche, o automóvel brilhante a uma casa decente, umas férias no Caribe a uma boa escola para os filhos, montar falsas empresas a pagar impostos. Por isso, jamais iremos a lado algum. Nem sequer de autocarro.

21 comentários

De Cãocompulgas a 08.07.2006 às 11:38

Excelente. Este post mereceria aplausos de pé. Bravo!

bj

De Anónimo a 08.07.2006 às 11:52

É de facto, dramático:
«Os portugueses nunca descobriram nada, senão a Índia no século XVI.
Sem endereços e todos com o mesmo nome, obedecendo a dois ou três pequenos princípios, entre os quais o de inventarem títulos» (302)
“O quinto império” / Dominique de Roux (1977, Paris

De Anónimo a 08.07.2006 às 13:27

Desculpe, mas quem é cagão é o sr. Ikea. Voltar de Alfragide em autocarro tem graça, sobretudo se atravessar Monsanto e andar às voltas entre os pinheiros mas dormir numa pensão da Praça da Alegria só por necessidade absoluta! Além disso a notícia é a maior das publicidades, espero que tenha sido bem paga.

De Anónimo a 08.07.2006 às 13:32

Isto diz tudo sobre a qualidade dos gestores. Não há outra forma de conhecer uma cidade senão da forma como o sr. Kamprad o fez. Além disso fica com a ideia de como vive e é a sua clientela.
É a diferença entre um gestor e um cagão, que são os gestores da nossa terra!

De Anónimo a 08.07.2006 às 14:25

Bravo, bravissimo. Sempre fomos um povo que vive de aparências, e as nossas "chamadas" elites, são um escarro. Não percebo porque se espantam tanto do sr. ter ficado na pensão alegria. Tinha ali tudo à mão. Mas não tenho qualquer esperança, as pessoas não percebem mesmo...João, que não lhe doam as mãos.

De IPL a 08.07.2006 às 14:50

Caro João Gonçalves,

Confesso que essa foi também a única notícia do Expresso-online que logo de manhãzinha me despertou a atenção, e que li.

VIVO no norte da Europa, onde comportamentos semelhantes aos do naipe do Sr. Kamprad são norma, pelo que não pude deixar de lamentar que "isto" seja ainda um "comportamento notório", quiçá uma "excentricidade",
a fazer notícia em Portugal -» país onde impera a fachada social numa tentativa de camuflar "o óbvio".

Subscrevo na íntegra todas as suas afirmações neste post. Uma a uma. Todinhas.

De Anónimo a 08.07.2006 às 16:49

O meu sapateiro, homem de bom alimento, costuma dizer que aqueles a quem se reporta o seu post a partir do dia dez comem leite com pão e pão com leite. Assim, crua e eficazmente.

De pepe a 08.07.2006 às 19:43

Je parcours depuis six mois l'Espagne et le Portugal, et je vis parmi des peuples qui, méprisant tous les autres, font aux seuls Français l'honneur de les haïr.

La gravité est le caractère brillant des deux nations; elle se manifeste principalement de deux manières; par les lunettes et par la moustache.

Un homme de cette conséquence, une créature si parfaite, ne travaillerait pas pour tous les trésors du monde, et ne se résoudrait jamais, par une vile et mécanique industrie, de compromettre l'honneur et la dignité de sa peau.

De Anónimo a 08.07.2006 às 21:39

O meu motorista ficou irritado ao ler isto.

De Ricardo Leite Pinto a 08.07.2006 às 22:49

O senhor IKEA é um excêntrico. O Expresso um jornal bacoco que dá nota dos excêntricos quando não tem mais nada para noticiar. Para a semana vão confessar que não foi bem assim : o senhor ficou num 5 estrelas qualquer e andou , como é normal , num carro com motorista que a IKEA em Portugal lhe facultou. Estas excitações dão logo para dissertar sobre "os portugueses" ( como se fossemos muito diferentes dos espanhóis ou dos franceses)...

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