«Sócrates, por exemplo, segundo sábado escreveu Henrique Monteiro, não hesitou em lhe telefonar numa grande exaltação, para lhe pedir que não publicasse uma notícia (confirmada) sobre o "caso da licenciatura". Houve uma extraordinária gritaria e parece que Monteiro nunca vira um "ser humano tão exasperado, tão fora de si" e "tão desagradavelmente mal-educado". Mas Sócrates não ficou por aqui. Mais tarde - e como o Expresso publicou, de facto, a famigerada notícia - insinuava num jornal do Porto que Henrique Monteiro era cobarde e, na Visão, declarou (falsamente) que ele deturpara (no título) o sentido de uma entrevista anterior. Este inqualificável enredo prova dois pontos. Por um lado, que a obsessão de Sócrates com a sua imagem o faz perder o autodomínio e a dignidade do cargo que exerce. E, por outro, que a proximidade do homem é perigosa. E mostra também, acessoriamente, que algumas regras tradicionais de etiqueta e reserva não se inventaram por acaso. O "porreirismo" português não se recomenda e é um sinal de incivilização e de atraso.»
Vasco Pulido Valente, Público
PC