O país entra de fim-de-semana com um psicodrama às costas. Quando cheguei a casa, tentei perceber o que ia por cá e pelo mundo através da
SIC Notícias. O "jornal das 7" deu-me, em vez disso, 5o minutos bem contados de bola. Não faltou praticamente ninguém. O sr. Major em directo, o sr. Dias Ferreira em directo para "comentar", uns senhores que eu não conheço mas que "presidem" ao "Leixões", ao "Gil Vicente" - aparentemente o autor do psicodrama - e ao "Belenenses" - que tem uma excelente piscina - e, para terminar em beleza e igualmente em directo, o sr. Vieira, do "Benfica", que já ontem tinha merecido minutos infinitos em todas as televisões. Os telejornais seguintes -
SIC e
TVI - abriram inevitavelmente com o mesmo psicodrama. E o "serviço público", que já estava a transmitir um jogo qualquer lá fora, começou com a mesma conversa. De tudo o que se disse, retive que o estádio do "Benfica" tem quatro balneários e que - explicou o sr. Vieira - os jogadores "entram todos pelo mesmo túnel". Embruteci instantaneamente: não sei como é que cheguei até à data sem saber uma coisa destas. Do psicodrama, entretanto, resultou que dois ou três jogos da "liga" e do "bwin" (parece que é esta a nova designação da "2ª divisão") ficam suspensos, o que retira o "brilho" previsto para o início da época da futebolada. Uma coisa é certa. São todos bons rapazes e os melhores aliados do governo. A bola é uma espécie de anestesia colectiva, administrada em doses suaves, por tudo e por nada. Em linguagem "salazarenta", a única que, pelos vistos, conhecemos, chama-se a isto viver habitualmente.
Adenda: ... e
este homem gosta de futebol e já devia saber da "história" dos quatro balneários.
Adenda 2: São 22:30. Na
SIC Notícias já perora, sobre o psicodrama, o bastonário da Ordem dos Advogados. Se o professor Cavaco não andasse aos figos, ainda era capaz de aparecer.
Adenda 3: Cerca das 23 h. Depois da bola, a
RTP transmite uma tourada. Um mundo perfeito. E, desta vez, a cores.