
Numa fulgurante entrevista ao Sol, José Rodrigues dos Santos não faz a coisa por menos: "sou o rei da síntese". É bom lembrar - sobretudo para aqueles que não tiveram a felicidade de passar o verão na praia agarrados ao "Codex 632" - que Rodrigues dos Santos pariu, no ano corrente, uma das prosas mais vendidas do ano, a tal que mistura sopa de peixe com leite das mamas. Cento e vinte mil exemplares dão bem a dimensão da nevrose colectiva. Aos poucos, com paciência e método, Rodrigues dos Santos vai "evoluindo" de jornalista para "Paulo Coelho". Depois da "história", este "autor" quer agora, com a sua nova obra "A fórmula de Deus", "tentar provar a existência de Deus". O nosso "Coelho", por enquanto, é mais modesto do que o original, já que se contenta com umas tretas pseudo-inspiradas e pseudo-cultas, enquanto o outro nos pretende rigorosamente salvar. Lá chegará, dada a tal "realeza da síntese" que perpetra na sua "obra literária". Para já, o novo livro de dos Santos "tem descobertas da ciência" que - como lhe poderemos agradecer tamanha graça? - "levo ao grande público". Depois, vem esta pérola esmagadora: "se queremos provar a existência de Deus temos que procurar duas coisas: inteligência e intenção". Como diz o outro, importa-se de repetir? Tal como a "elite portuguesa" - de que Rodrigues dos Santos diz "achar-se muito importante" - também ele, pelos vistos, se acha "muito escritor". Nem aquela, nem ele são uma coisa nem a outra. Apenas se merecem. Não é fácil dizer bem.
Quer que lhe explique outra vez?