O melhor do
Abrupto de hoje não é o "abrupto-feito-pelos-leitores-grevistas-e-anti-grevistas". Mesmo assim, vale a pena ler um ou outro para se perceber duas coisas fundamentais. A primeira, que o poder de compra e as condições de vida (o "trem" de que falavam as sebentas de direito da família) determinam - e muito - a decisão de fazer ou não fazer greve. Dois dias pesam como chumbo num orçamento familiar depauperado. Não há "consciências de classe" e tretas afins. Há, apenas, a carteira. E a carteira do "lugar-comum" - que é designação do 1º ministro para a classe média - está cada vez mais vazia. Em segundo lugar, parece, pelos depoimentos idiotas e populistas que as televisões mostram, que a "vida" do cidadão que não serve o Estado foi irremediavelmente marcada por estas paralisações e que, como escreve um leitor do
Abrupto, bom mesmo é nivelar "por baixo" por causa da "inveja" nacional. É que, não sei se já deram por isso, é disso que se trata, é isso que o governo "explora", é disso que o governo anda a tratar, e a que a economia e o nosso sublime "empresariado" vão dando uma ajuda preciosa. Bom, mas não foi para isto que "chamei o
Abrupto à colação". É porque fiquei satisfeito por
Pacheco Pereira ter "descoberto" Joseph Ratzinger:
"apercebemo-nos agora (...), que o papa Bento XVI foi um dos intelectuais que com mais importância e influência pelo seu papel em muitos documentos da Igreja, tratou destas questões [de reflexão identitária sobre a Europa, sobre as raízes civilizacionais da nossa história do "Ocidente"] ,em termos teológicos, filosóficos, históricos e culturais". Mais vale tarde que nunca.