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portugal dos pequeninos

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A PONTE SALAZAR

João Gonçalves 6 Ago 06

Portugal é, como a generalidade dos seus nativos, um país mal-resolvido. Quando disseram a Salazar que iam dar o seu nome à nova ponte que ligava Lisboa a Almada - era assim que um professor de Direito que tive na Católica e que fora ministro da Saúde do dito cujo, se referia à obra - o ditador advertiu que isso só ia trazer sarilhos. Como se sabe, logo a seguir ao "25 de Abril", os "revolucionários" de serviço, com a raivinha toda nos dentes, encheram os pilares da ponte com pichagens anti-Salazar e arrancaram o nome do antigo chefe do governo da placa toponímica. Pressuroso e manietado pela rua, o novo regime apressou-se a mudar o nome da ponte para o que agora ostenta. Acontece que a história não se arruma com uns graffitis ou com "lavagens" ad hominem. A ponte existe e Salazar existiu precisamente no tempo em que ela foi construída. É uma obra que não deve rigorosamente nada à revolução de "25 de Abril". Haveria é há, seguramente, muitos "marcos" para a honrar. A ponte é que não.

22 comentários

De Anónimo a 06.08.2006 às 23:19

Continuamos preocupados com ninharias!

Chamo-lhe sempre "a ponte" ou "a ponte sobre o Tejo" e tudo bem.

Já faço o favor ao Sr. Silva de chamar à outra "do Montijo" ou "Vasco da Gama".

Não vale a pena perder tempo com isto.

De Bart Simpson a 06.08.2006 às 23:24

Portanto, pelas suas palavras, mais vale manter o nome e perpetuar um gajo porreiro, é isso?

De nanda a 07.08.2006 às 00:35

Neste caso "não vimos o mesmo filme".
Não vi "raivinha nos dentes". Vi um povo que se sentia ultrajado com a ostentação de um nome, cujo dono o amordaçou.

A verdade é nunca ninguém lhe chamou "Ponte Salazar"... nem depois "25 de Abril".

O nome foi mal escolhido à primeira e... "quem nasce torto tarde ou nunca se endireita"

De Ana Cláudia Vicente a 07.08.2006 às 00:45

[o comentário anterior tinha gralhas]

João,
ironicamente, esse é um processo "tradicional" nos momentos de ruptura política em Portugal, não houve revolução que não tivesse transportado a rejeição (mais ou menos abrasiva) do passado. A arqueologia toponímica das nossas vilas revela sob cada Praça da República uma Praça de El-Rei-Que-Outorgou-o-Foral, sob cada Avenida Mouzinho da Silveira uma Avenida Marquês de Pombal.

De HMAG a 07.08.2006 às 00:46

A questão em causa vai em linha com as atitudes de mudança de regime, em que se corta radicalmente com tudo o que fazia parte do regime sem olhar ao facto de ser algo útil,inútil ou que deveria ser indiferente...

Cegueira Revolucionária!

De Joshua a 07.08.2006 às 08:41

A ponte Pênsil do Tejo Ocidental tem um encanto são-franciscano e o ser usada para algarvelinar as férias conduz a reflexões arqueológicas.

Ponte Olissipo-Tagitana, ora aí estava um nome mais pacífico e mítico, romantizando de vez com a questão.

De Sentado na Lua a 07.08.2006 às 08:55

Ainda há pessoas preocupadas com o nome da ponte, trinta e quatro anos depois da mudança??? Sinceramente isto é o exemplo acabado dos Velhos do Restelo. Os 105 depósitos ao balcão do BES na conta do CDS não interessa nada?

De Francisco Silva a 07.08.2006 às 10:40

Percebo onde quer chegar. Povo que não é capaz de enfrentar os seus fantasmas. Toda a gente tem medo de Salazar, porque intimamente sabem que Salazar é um produto de todos nós! Não se impôs, fomos construindo-o! E isso assusta!
Lembro-me de Mandela, que visitando a viúva do homem que institucionalizou o apartheid, numa cidadezinha que ostentava a sua estátua, virou-se para aqueles homens e mulheres, reaccionários mas que o recebiam, e disse-lhes: - Tão pequenina a estátua. Podiam tê-la feito maior!

De Fantasma a 07.08.2006 às 12:11

De facto, estar preocupado com o nome da ponte sobre o Tejo (como sempre foi e será chamada, antes e depois da Vasco da Gama) é coisa de somenos.
De acordo com o comentário de Ana Claudia Vicente (12,45h).
Foram os tipos com a "raivinha dos dentes" que proporcionaram a todos (e a si também) a liberdade para escrever o que lhe aprouver sem qualquer tipo de censura (a não ser a própria, claro).
Mais importante são, de facto, os tais "105 depósitos ao balcão do BES na conta do CDS", como refere o comentário do "sentado na lua" (08,55AM).

De pedro silva a 07.08.2006 às 13:28

Caro JG:

Em coimbra construi-se um ponte para atravessar o Mondego.
Decidiu chamar-se a essa ponte PONTE EUROPA.

Os revolucionários "cheios de raivinha" da direita igrejófila e retrogáda decidiram alterar o nome e passar a chamar à ponte "Rainha Santa Isabel.

Já agora, em moscovo, a partir de 1989 começaram a deitar-se abaixo estátuas de Estaline e Lenine e simbolos do pcus.
Pressuponho com base no post que deveriam mantidas?

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