Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

VÃO-SE FODER

João Gonçalves 7 Set 06


Enquanto o regime prepara mais um "pacto" inútil sobre a justiça, sob o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, o Tribunal da Relação do Porto mandou para casa, com o aval da Segurança Social, o "jovem" que, no "caso Gisberta", tinha sido "violentado" com a "pena mais pesada" (não se riam) : 13 meses de internamento num "centro educativo", que é a designação que este regime, também ele de "brandos costumes", arranjou para os antigos reformatórios. É que entretanto expirou o prazo máximo da "medida cautelar" - repare-se na leveza do termo para não causar "traumas" às "crianças" - enquanto decorre o prazo para a decisão de um recurso interposto pela defesa. Nas palavras do advogado de defesa - este, sim, a cumprir a sua obrigação perante um Estado leviano, preconceituoso e medíocre- "como já se tratava de uma renovação da medida e a lei não admite segunda renovação, o menor foi libertado a 24 de Agosto". Pela calada do verão, acrescento eu. Mas a insanidade do regime não pára aqui. A Segurança Social, cuja qualidade das "avaliações" é conhecida em todo o mundo, decretou que o "jovem" podia perfeitamente regressar ao seio da família que, de acordo com os doutos técnicos, já apresenta "condições" de o receber. Pelos vistos, as Oficinas de São José - que já deviam estar encerradas e seladas -, não as têm (alguma vez tiveram?). No meio desta salganhada vergonhosa, quer para o Estado, quer para a magistratura, esquecemo-nos - eles esqueceram-se desde o primeiro instante - que havia uma pessoa no processo, torturada e finalmente assassinada por uma matilha criminosa a que, candida e hipocritamente, a lei e o sistema tratam como "jovens em perigo". Na notícia sobre o "pacto" na justiça - que nenhum borra-botas que se preze deixará de elogiar - pode ler-se que "foi dado como certa a aprovação conjunta de legislação que torne mais acessíveis os tribunais superiores, no sentido da sua maior democratização e de uma maior abertura aos cidadãos." É sempre no silêncio insensível dos gabinetes prenhes de gente cinzenta e sem mundo que se prepara a "aprovação conjunta de legislação" e, claro, sempre "no sentido da sua maior democratização e de uma maior abertura aos cidadãos"". Ao olhar para esta falsa sofisticação "democrática" e, depois, para a crua realidade, só resta uma conclusão: vão-se foder.

66 comentários

De f. a 14.09.2006 às 01:24

o josé que me desculpe mas só agora reparei que esteve para aqui muito entretido a falar comigo. tentarei então, para o não deixar a falar sozinho, dar-lhe algum troco (não confundir com descontos).

assim, josé, eu não sou 'tão anónima quanto isso", não -- sendo que não faço ideia ao isso a que se refere nem que graus de anonimato tem em mente no 'tão', já que sou completamente não anónima na medida em que o meu nome vem muito bem identificado no blogue glória fácil e fernandas câncios, ao contrário de simplesmente josés, não há para aí aos pontapés.

quanto ao ter invocado a minha profissão, é claro para quem quer que leia o comentário por que o fiz -- porque estava a comentar o que o josé disse sobre a cobertura jornalística do caso gisberta.

quanto ao resto, espero que o josé ao menos saiba que o julgamento dos menores decorreu, não só à porta fechada (o que se percebia para protecção da identidade dos ditos) mas em em total segredo, o que implicou que se conhecesse apenas o acórdão (ou, como diz o josé, a decisão final) e aquilo que nele se dá como provado -- o que, convirá o josé (ou não?) não é exactamente a mesma coisa que saber o que foi provado e como.

com certeza, josé, que os jornalistas não estão habituados ao contraditório -- tem toda a razão, é bom que se habituem, como de resto os actores judiciários, cujas peças de escrita têm não apenas impacto relevante na opinião pública como directamente na vida e até na liberdade das pessoas e na ideia que estas têm do sistema judicial.

quanto a contrasensos, ou contra-sensos, e handicaps, parece que estamos conversados: o josé quer dar opinião sobre tudo e mais alguma coisa sem ter de dar a cara ou ser chamado à pedra por isso, e ainda invoca o 25 de Abril e a democracia mais a vergonha dos outros e o facto de haver 'uns amigos meus' (já agora, quem serão, se eu nem a si conheço?) que lhe querem pôr processos. se fosse a si, não me preocupava, com uns juízes tão bem formados, tão pessoas de bem e tão justos, que tem a temer?

De josé a 14.09.2006 às 10:39

Cara f.:

Já expliquei uma das razões pelas quais não escrevo com o nome todo.

Mas afinal, parece que isso não constitui óbice de maior para que possamos trocar impressões e opiniões...pois sempre afirmei que estas devem valer pelo seu valor facial e não pelo valor inflacionado através de um nome qualquer.

Por outro lado, se a opinião deve ser de expressão livre, então não vejo onde estará o problema do anonimato relativo.

Quando aqui lê algo escrito pelo "josé", já sabe que não é exactamente um anónimo qualquer, porque tem referências: sabe de onde vem a escrita; o poiso habitual e até pode saber certas idiossincrasias se ceder à curiosidade de procurar saber quem é a pessoa atrás de um nome próprio em modo de pseudónimo.

O que não gosto muito de ler naquilo que escreve por aqui ( por ali, não costumo ler, confesso, mas não tenho preconceito) é por exemplo quando diz que escrevo "de má-fé".
O que significa isso de "má-fé"?

Poderá explicar-me, para ver se há alguma hipótese de continuação de conversa?

É que, por mim, o que me parece é existir um grau de (in)comunicabilidade entre certas pessoas e que a escrita torna ainda mais difícil.

Talvez a "má-fé" advenha desse simples fenómeno e como eu ainda continuo a acreditar na bondade intrínseca das pessoas ( o que me aproxima da esquerda clássica), espero poder confirmar esta tese empírica e através deste método abdutivo chegar a uma conclusão de harmonia.

De f. a 14.09.2006 às 11:38

lá dizia o padre américo que não há rapazes maus (nem os que mataram a gisberta, quanto mais). o josé, parece, quer ajudá-lo a provar o ponto. e até, garante, chegar à harmonia. estou, como não admiti-lo, comovida (o pacheco pereira e as respectivas leis da blogosfera de novo confirmados). bom dia para si também.

De Anton a 18.09.2006 às 14:14

O único mérito da Democracia, neste país, é permitir-nos falar assim, livremente... por enquanto.


José, concordo consigo no que toca a imputar responsabilidades a que quem legisla, mais do que a quem executa. Mas considerando que o corpo de magistrados deverá ter profunda consciência das ideossincrasias das leis, porque não o denunciam claramente?

De jon a 27.08.2012 às 15:26

Muito Bom post.

Realmente, este flagelo agrava em muito a situação do pessoal...

Na esperança de poder ajudar,

deixo alguma informação adicional sobre trabalho temporário... não é solução, mas pode contribuir para um começo diferente... As pessoas não podem é desanimar! Força aí!

Trabalho e Empregos Temporários para os Jovens Encontra tudo sobre o trabalho temporário para jovens. Descobre onde, como e em que contexto esta poderá ser uma solução!
http://www.trabalhoparajovens.blogspot.com/

Força!

Comentar post

Pág. 7/7

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor