
Enquanto o regime prepara mais um "
pacto" inútil sobre a justiça, sob o Alto Patrocínio de Sua Excelência o Presidente da República, o Tribunal da Relação do Porto mandou para casa, com o aval da Segurança Social, o "jovem" que, no "caso Gisberta", tinha sido "violentado" com a "pena mais pesada" (não se riam) : 13 meses de internamento num "centro educativo", que é a designação que este regime, também ele de "brandos costumes", arranjou para os antigos reformatórios. É que entretanto expirou o prazo máximo da "medida cautelar" - repare-se na leveza do termo para não causar "traumas" às "crianças" - enquanto decorre o prazo para a decisão de um recurso interposto pela defesa. Nas palavras do advogado de defesa - este, sim, a cumprir a sua obrigação perante um Estado leviano, preconceituoso e medíocre- "como já se tratava de uma renovação da medida e a lei não admite segunda renovação, o menor foi libertado a 24 de Agosto". Pela calada do verão, acrescento eu. Mas a insanidade do regime não pára aqui. A Segurança Social, cuja qualidade das "avaliações" é conhecida em todo o mundo, decretou que o "jovem" podia perfeitamente regressar ao seio da família que, de acordo com os doutos técnicos, já apresenta "condições" de o receber. Pelos vistos, as Oficinas de São José - que já deviam estar encerradas e seladas -, não as têm (alguma vez tiveram?). No meio desta salganhada vergonhosa, quer para o Estado, quer para a magistratura, esquecemo-nos - eles esqueceram-se desde o primeiro instante - que havia uma pessoa no processo, torturada e finalmente assassinada por uma matilha criminosa a que, candida e hipocritamente, a lei e o sistema tratam como "jovens em perigo". Na notícia sobre o "pacto" na justiça - que nenhum borra-botas que se preze deixará de elogiar - pode ler-se que "foi dado como certa a aprovação conjunta de legislação que torne mais acessíveis os tribunais superiores, no sentido da sua maior democratização e de uma maior abertura aos cidadãos." É sempre no silêncio insensível dos gabinetes prenhes de gente cinzenta e sem mundo que se prepara a "aprovação conjunta de legislação" e, claro, sempre "no sentido da sua maior democratização e de uma maior abertura aos cidadãos"". Ao olhar para esta falsa sofisticação "democrática" e, depois, para a crua realidade, só resta uma conclusão: vão-se foder.
assim, josé, eu não sou 'tão anónima quanto isso", não -- sendo que não faço ideia ao isso a que se refere nem que graus de anonimato tem em mente no 'tão', já que sou completamente não anónima na medida em que o meu nome vem muito bem identificado no blogue glória fácil e fernandas câncios, ao contrário de simplesmente josés, não há para aí aos pontapés.
quanto ao ter invocado a minha profissão, é claro para quem quer que leia o comentário por que o fiz -- porque estava a comentar o que o josé disse sobre a cobertura jornalística do caso gisberta.
quanto ao resto, espero que o josé ao menos saiba que o julgamento dos menores decorreu, não só à porta fechada (o que se percebia para protecção da identidade dos ditos) mas em em total segredo, o que implicou que se conhecesse apenas o acórdão (ou, como diz o josé, a decisão final) e aquilo que nele se dá como provado -- o que, convirá o josé (ou não?) não é exactamente a mesma coisa que saber o que foi provado e como.
com certeza, josé, que os jornalistas não estão habituados ao contraditório -- tem toda a razão, é bom que se habituem, como de resto os actores judiciários, cujas peças de escrita têm não apenas impacto relevante na opinião pública como directamente na vida e até na liberdade das pessoas e na ideia que estas têm do sistema judicial.
quanto a contrasensos, ou contra-sensos, e handicaps, parece que estamos conversados: o josé quer dar opinião sobre tudo e mais alguma coisa sem ter de dar a cara ou ser chamado à pedra por isso, e ainda invoca o 25 de Abril e a democracia mais a vergonha dos outros e o facto de haver 'uns amigos meus' (já agora, quem serão, se eu nem a si conheço?) que lhe querem pôr processos. se fosse a si, não me preocupava, com uns juízes tão bem formados, tão pessoas de bem e tão justos, que tem a temer?