Ainda a propósito de Cahora Bassa, ontem à noite, no "frente-a-frente" da SIC Notícias, "dois queridos amigos" (foi como ambos se trataram) elogiaram, cada um à sua maneira, a triste encenação de Maputo, montada pelo engº Sócrates e pelo sr. Gebuza. Vitor Ramalho, pelo PS, e Ângelo Correia, pelo PSD, elogiaram - poderiam, em nome do regime, ter feito outra coisa? - o desfecho glorioso do "negócio". Por aquelas patéticas cabeças, mais interessadas nos "negócios" do que na política, não perpassou por um segundo o falhanço que custou à democracia "descolonizadora" - de que eles se consideram simultaneamente donos e epígonos - um elevado preço. Sócrates, com o seu gesto frívolo, descartou-se - e, por seu intermédio, o país - de um "investimento" que custou milhões aos bolsos dos contribuintes e a que o sr. Gebuza se referiu, com manifesta hipocrisia realista, como o "último reduto da colonização". Desde que entregámos tudo, das Áfricas à India, passando por Timor, só temos levado pontapés no cu e estalos no focinho. E mesmo assim, não aprendemos nunca nada. Somos sempre - agora deles - os mesmos atentos, venerandos e obrigados do costume.