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portugal dos pequeninos

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DA NATUREZA DAS COISAS

João Gonçalves 7 Nov 06


Grande post do Eduardo Pitta sobre a natureza e não contra ela. Por acaso, adquiri há umas horas - lembrando-me, depois, que tinha a velha edição da defunta Moraes, "escritos póstumos" - o recente Escritos Corsários - Cartas Luteranas - uma antologia, de Pier Paolo Pasolini (Assírio & Alvim). A maior parte dos textos, de um e outro livro, tem mais de trinta anos. Um amigo italiano dizia-me outro dia que Pasolini escreveu coisas que só agora podem ser compreendidas ou que são (deviam ser) meros lugares-comuns. Por causa delas, Pasolini conheceu o ódio dos "intelectuais orgânicos" do PCI, tão ou mais homofóbicos que a "direita", a repulsa da igreja (era católico e contra o aborto, "uma legalização do homicídio" - v. texto de 19 de Janeiro de 1975, publicado no Corriere della Sera -"Sou contra o aborto"-, incluído em ambos os livros com o título "o coito, o aborto, a falsa tolerância do poder e o conformismo dos progressistas") e as ameaças constantes e cobardes que culminaram no repulsivo assassinato de Ostia. O funeral, em Roma, foi um momento de hipocrisia colectiva em que, da esquerda à direita, todos procuraram exorcizar o melhor possível os seus públicos e privados demónios. "O amor homossexual não deixa marcas indeléveis, nem deformações racistas, nem manchas que façam de um homem um intocável: deixam-no perfeitamente tal qual era. E mesmo, talvez o ajude a exprimir totalmente a sua potencialidade sexual "natural", na medida em que não há nenhum homem que não seja também homossexual", escrevia Pasolini em 1974. Chama-se a isto, tão simplesmente, a natureza das coisas.

5 comentários

De João Jorge a 08.11.2006 às 21:48

Não faço distinções. De homens, ou se gosta ou não se gosta. E cometendo a homossexualidade não se é homossexual automaticamente. Se quer falar de uma homossexualidade "hard" e duma homossexualidade "soft", Pasolini era completamente "hard", e pareceu-me que era a esse dogmatismo que no fundo é maricas (ergo fútil e flamejante) que queria escapar. Enganei-me.

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