(...)
O Minotauro compreender-me-á.
Tem cornos, como os sábios e os inimigos da vida.
É metade boi e metade homem, como todos os homens.
Violava e devorava virgens, como todas as bestas.
Filho de Pasifaë, foi irmão de um verso de Racine,
que Valéry, o cretino, achava um dos mais belos da "langue".
Irmão também de Ariadne, embrulharam-no num novelo de que se lixou.]
Teseu, o herói, e, como todos os gregos heróicos, um filho da puta,
riu-lhe no focinho respeitável.
O Minotauro compreender-me-á, tomará café comigo, enquanto
o sol serenamente desce sobre o mar, e as sombras,
cheias de ninfas e de efebos desempregados,
se cerrarão dulcíssimas nas chávenas,
como o açúcar que mexeremos com o dedo sujo
de investigar as origens da vida.
(...)J. de Sena, 1965A
este post, de homenagem a Chateaubriand, depois de passar pelo
i. Queria apenas lembrar a alguns leitores que aqui vêm amavelmente muitas vezes que, talvez, algumas pessoas usem um cartão do PS no bolso do casaco, outro do PSD no bolso das calças e deixem um bolso livre para o que der e vier. E que, igualmente, há quem reze a várias obediências ao mesmo tempo,
namely, à Maçonaria, à Opus, aos "interesses" transversais e opacos. Cavaco pode ter todos os defeitos do mundo, mas é um homem a quem disto, desta porca ubiquidade, ninguém poderá acusar. Não o estou a ver de cilício numa mão e de avental posto ajoelhado diante de prolixos altares. Lembrem-se sempre disto, meus queridos "cabrões".
Adenda à adenda: Obrigado,
Maria João, pela lucidez, e ao
Rodrigo, ao
Paulo e ao
Nuno pela honestidade intelectual. O cardeal patriarca de Lisboa esteve calado durante os quatro anos e meio do socratismo absoluto. Mais. Quando o admirável líder estava a formar o seu segundo e extraordinário governo, passou por São Bento assim como quem não quer a coisa. Para quê, pois, agora esta fala oportunista contra o PR? Pobre Igreja portuguesa que tão pusilânimes servidores tem. E pobre entrevista a sua,
Pedro Santana Lopes.
É uma espécie de «aggiornamento» ou «compromisso histórico»...