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portugal dos pequeninos

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A ESCOLA

João Gonçalves 12 Jun 06


Quando entrei para o liceu, em 1973-1974, havia um reitor, livros de ponto para os professores e faltas para os alunos. Mau comportamento, por exemplo, era uma falta - grave - e dava direito a ser expulso da aula, e, em casos mais sérios, do liceu. O liceu, o D. Pedro V de Lisboa, era tido por "progressista". Apesar disso e das balbúrdias do PREC, manteve-se sempre, tanto quanto me lembro, um módico de disciplina. As novas "pedagogias" que entretanto foram sendo introduzidas nos infantários e nas escolas primárias, assentes sobretudo na consideração da criança como um bibelot a quem só se pode falar, ensinar jogos idiotas e a dormir umas sestas, mudou radicalmente a noção de aluno. Sem ela, a disciplina caiu na rua. O aluno passou a ser visto quase como um utente de um serviço público - a escola -, só com direitos, e não alguém sujeito a um código disciplinar de direitos e de deveres. Por consequência, a função do professor foi sendo desvalorizada e, agora, chegámos ao rídiculo de termos pais e alunos a sovarem metodicamente os docentes. É preciso também atentar na geração paternal, a maior parte dela constituída pelos "filhos de Abril" a quem notoriamente faltou um berço e, em tantos casos, "educação" e sentido cívico. Sem autoridade, as escolas públicas - os liceus - soçobram mais tarde ou mais cedo na pura anarquia. Excitar a ignorância contra os professores, metendo tudo no mesmo saco, revelar-se-á a curto prazo desastroso. A ministra da Educação que, e bem, pretende disciplinar a função docente, deve igualmente prestar atenção aos alunos e não permitir o verdadeiro assalto que alguma boçalidade familiar se permite fazer às escolas em nome dos sagrados direitos dos broncos dos filhinhos. Não há que ter medo das faltas por mau comportamento e da expulsão de delinquentes das escolas pagas pelo dinheiro dos contribuintes. Caso contrário, a autoridade - da instituição e dos professores sobre os alunos - jamais conseguirá impôr-se num lugar - a escola - onde verdadeiramente tudo começa ou tudo pode acabar.

14 comentários

De CCz a 12.06.2006 às 21:18

Alunos ficam stressados com os trabalhos de casa.
http://dn.sapo.pt/2006/06/12/sociedade/alunos_ficam_stressados_os_trabalhos.html

A vida real não é nada stressante. Para quê querer submeter os alunos a sutuações que não têm nada a viver com a vida real. A redoma protectora da escola vai até ao limite, nas universidades, de os alunos quase só terem um exame por semana!
Depois chegam ao mercado de trabalho e descobrem que a escola não os preparou para serem jongleurs, e tratarem de 6/7 assuntos em simultâneo, só estão preparados para a monotarefa, uma coisa de cada vez.
Com esta mentalidade facilitista nunca iremos a lado nenhum.

De preguntador a 12.06.2006 às 21:22

que tal voltar a considerar este tipo de agressão como "crime público" a uma "entidade pública"?

é que já foi assim, e deixou de ser

era giro saber quem assinou esse despacho .....

De ruy a 12.06.2006 às 21:55

"A ministra que, e bem, pretende disciplinar a função docente". Onde é que o meu amigo foi descobrir uma coisa destas? As medidas avulsas que a ministra tem lançado são de uma pobreza que faz dó.

De SEM PALAVRAS a 12.06.2006 às 21:59

Entendo que a classe dos Professores bem como os Portigueses, ainda não se aperceberam do que se estar a passar.

Há anos que os entraves para se entrar na Faculdade de Medicina, são mais do que muitos...entrar é quase como ganhar a lotaria, e qual é o resultado ? Estamos a importar Médicos Espanhois.

O descalabro do Ensino é tanto, que estou mesmo a ver....PROFESSORES ESPANHOIS.

Médicos Espanhois, Empresarios Espanhois, Pesca Espanhola, Bancos Espanhois, Hipermercados Espanhois,
Agora serão professores Espanhois, e assim, lá vamos a caminho do "IBERISMO" DE QUE TANTOS ADEPTOS TEM.

PORTUGAL ESTÁ INGOVERNAVEL, PORTUGAL NÃO TEM FUTURO, MAS TÊM QUE SER PORTUGUESES A TOMAR CONTA DO LEME, AFASTANDO ESTES ESTRANGEIROS QUE NOS TEM GOVERNADO NOS ÚLTIMOS ANOS.

UM ABRAÇO

"SEM PALAVRAS"
http://latf.blogs.sapo.pt

De SEM PALAVRAS a 12.06.2006 às 22:02

Os 450 professores que estão destacados nos sindicatos, representam uma despesa anual superior a oito milhões de euros. No ano lectivo passado, estavam destacados 1327 docentes. Destes, 1089 estavam a tempo inteiro, sem dar aulas, que custavam por ano 20 milhões de euros, segundo estimativas do Governo.
É mais ou menos assim:
• 180 professores na Federação Nacional de Professores (Fenprof),
• 120 na Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE),
• 40 no Sindicato Nacional e Democrático de Professores (Sindep),
• 20 no Sindicato Nacional dos Profissionais da Educação (Sinape),
• 10 em cada um dos independentes.
No Correio da Manhã
Grande parte desta gente são "políticos" profissionais, agarrados há largos anos às estruturas sindicais e quase todos são filiados em partidos políticos. Talvez seja este um motivo para o actual descrédito nos sindicatos. Muitos deles não andam lá para defender ninguém, andam lá para se defenderem a eles próprios!
Publicado por canzoada às 09:09 PM

De pedro silva a 12.06.2006 às 22:55

Este post só tem um problema: ignora que quem "rebentou", ou melhor quem iniciou o rebentamento da discplina nas escolas foi o sr roberto carneiro durante o primeiro governo de cavaco silva.
Depois ampliado pelo benaventismo, mas de facto quem iniciou o balburdismo foi esse governo da "ordem e lei cavaco".

E actualmente achar que o que a sra que é ministra da educação está a fazer é "disciplinar", desculpe lá mas é para rir.
A função do professor tem vindo a ser desvalorizada porque o patrão do professor - o ministéerio da educação - se demite das suas resposanbilidades.
E o novo projecto de estatuto é isso mesmo.
Por isso seria conveniente não confundir as coisas, porque no novo projcecto que supostamente vai trazer de volta a disciplina(entre outras coisas) ás escolas também existiem idiotices tais como, responsabilziar os professores pela assiduidade do alunos, que é uma coisa que é da responsabilidade dos pais e não dos professores.
Ou pôr paizinhos a avaliar professores.
Ou seja:convinha postar sobre tudo e não só sobre certas partes.

De Caminhante Solitário a 12.06.2006 às 23:08

Assino este post por baixo. De facto, a falta de educação dos "filhinhos" faz também com que estes não sejam factor, um dia mais tarde, na produtividade do país...

De Félix Esménio a 12.06.2006 às 23:16

Tens razão, meu caro João. Não posso estar mais de acordo, com uma nuance: não podemos limitar-nos a despejar os delinquentes na sociedade ou a criar guetos de marginais. Para além das sanções disciplinares, aos alunos, é necessário encontrar alternativas cívicas para os alunos e para as famílias. Os projectos educativos têm que ser ajustados à diversidade dos públicos, através de uma formação mais orientada para o trabalho e para a vida em sociedade. Mas sempre sem concessões à indisciplina ou à indolência. Porém, uma Escola sem afectos não passa de um albergue de cidadãos vulneráveis à indiferença. E, sem motivações, individuais e colectivas, não há presente nem futuro, apenas vagas ideias de uma frivolidade sem sentido.

De CondessadeOeiras a 13.06.2006 às 08:54

O seu post e os comentários subsequentes só provam que a maioria das pessoas não percebe nada de educação, nem de ensino, nem de escolas. E os sindicatos ligados ao PCP aproveitam-se dessa ignorância com a prestiomosa ajuda da comunicação social, que, como quase sempre, não aprofunda os assuntos. A indisciplina nas salas de aula (quando existe) e na escola (quando existe) não resulta de nenhum governo nem de nenhum "eduquês", mas simplesmente da massificação do ensino (que não existia antes do 25 de Abril, e da própria mudança da sociedade. A relação Pais/filhos modificou-se extraordinariamente e, consequentemente, também se modificou a realção aluno/professor. A indisciplina nas escolas e nas aulas não se resolve por decreto, nem com expulsões. A indisciplina resolve-se dentro da própria escola, se o Conselho Executivo for competente, se obrigar, juntamente com os professores, a cumprir o Regulamnto Interno da escola (sim, existe!. Se os professores prepararem as aulas (muitos não fazem), se estiverem na escola, se se reunirem, não para cumprir calendário, mas para efectivamente resolverem as questões, se os Conselhos Pedagógicos efectivamente funcionarem. se os professores (todos!) se empenharem. A expulsão e as faltas não resolvem nada, quando o ensino é obrigatório. Expulsam-se os alunos (que cómodo! Que prático!) e depois? Mandam-se para onde? Para outra escola, onde vão fazer o mesmo? Cultivar campos? E, já agora, o que sugeria você que se fizesse aos professores (e são muitos!) que faltam sistematicamente? E aos que insultam os alunos? E aos que não aparecem nas reuniões ou vão para lá corrigir trabalhos ou ler revistas (sim, é assim!) Para que conste, sou professora há 35 anos e sei do que falo.

De ruy a 13.06.2006 às 09:58

Não há dia que passe sem que a ministra da Educação nos surpreenda com uma nova “medida”, saída dos “laboratórios” do seu ministério. Medidas lançadas avulso, sem discussão prévia com os agentes da educação, professores, associações de pais, municípios, sociedade civil, etc.

Mais parece, que tais anúncios se destinam a cumprir um calendário mediático, sem o propósito sério de procurar cativar e neles empenhar todos os responsáveis pelo ensino e pela educação nele intervenientes. Procura-se o show-off da surpresa, e os ecos das primeiras páginas da comunicação social, sem a mínima preocupação em estudar as aplicações práticas de tão desencontradas medidas.

A ministra, a continuar assim, perderá em breve qualquer credibilidade, que alguns, por bondade, nela depositam ainda. É uma actuação infeliz da condução do ministério, que traduz não uma preocupação efectiva com os problemas da Educação, mas antes um intuito de imediatismo fácil, pedante e superficial.

E Sócrates, como mestre-sala desta política de show-off, não deixa de aparecer ao lado da sua ministra, todos os dias e em todas as ocasiões.

Deveria debruçar-se a ministra, com humildade, em estudar profundamente o ensino em Portugal, com todos os agentes intervenientes, sem complexos, analisando os resultados da aplicação das reformas anteriormente experimentadas, de forma global, ensino básico, secundário e universitário, estabelecer conexões entre eles e avançar para uma reforma global que a industria, a economia e o País precisa.

Mas, enveredando por esta política de vaidades, apenas se poderá esperar um agravamento, maior ainda, do ensino em Portugal.

Ao longo das últimas dezenas de anos, as politicas do Ministério da Educação, gerido pelos vários governos, manifestaram um total amadorismo, com sucessivos ensaios de “reforma”, cada um deles mais absurdo que o antecedente, mas possuindo todos como vector comum, a indigência, o arrivismo e o mais completo desajuste com a realidade.

Insistem as políticas educativas em tratar por igual o que é desigual. Nem todos os alunos possuem as mesmas capacidades intelectuais. Há que perder complexos e assumir de vez a existência destas desigualdades, que derivam mais das características pessoais de cada aluno do que do meio de onde provêm (como as velhas politicas materialistas pretendiam fazer crer). Assim, faria todo o sentido a existência de um ensino diversificado a partir do sexto ano. Um ensino mais teórico e científico para alguns, um ensino mais prático para outros. E seria a escola a proceder a esta separação. Seguramente que o abandono escolar seria muito mais reduzido sem a exigência aos alunos com menores capacidades para aprendizagens científicas e teóricas a frequência de aulas que em nada os despertam ou motivam. Continuar-se com esta massificação da aprendizagem é que não ajuda nem favorece ninguém.

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