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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 28 Jun 15
«Portugal não olhará com muita confiança para um governo de João Galamba, Jorge Lacão e Sónia Fertuzinhos. Claro que António Costa já arranjou com certeza quatro ou cinco dos “sábios”, que lhe andaram a escrever papéis, mas que o público não conhece e em que naturalmente não confia. E o que sobra entre a emigração para o Parlamento Europeu e os “negócios” da crise preferiu ficar de fora. O socialismo não enfraqueceu só politicamente, perdendo pelo mundo inteiro deputados, maiorias, governos, presidências. Pior do que isso, o regresso ao desemprego de massa e o fracasso anunciado do Estado Social transformaram um programa e uma doutrina numa escaramuça de retaguarda em defesa do funcionalismo público (da administração ou de qualquer EP), como se dele dependesse a salvação da humanidade. Hoje, por grande que fosse a indignação com Coelho e Cavaco, ninguém iria escolher essa pífia causa como fim e direcção da sua vida política. Basta ver televisão ou ler os jornais para constatar a distância que separa o cidadão comum do que por aí gritam os “jovens” do partido. António Costa anda por esse país a ser abraçado, mexido, beijocado. Anda sem ninguém: como quem atravessa um deserto.»
João Gonçalves 25 Jun 15
«O papel do Presidente é fazer pontes. Não é ter um programa de Governo, não é ter um programa político, não é fazer aquilo que tem na cabeça. É evidente que cada candidato tem as suas ideias (…), mas um candidato a Presidente não é um candidato a primeiro-ministro, não tem um programa de governo. Tem as suas ideias, sabe o que defende para o país, mas tem de ter a humildade para ser sobretudo alguém que faz a ponte entre pessoas com ideias diferentes. Pode acontecer que nos próximos cinco anos, termos um só Presidente e dois ou três governos. [Nesse sentido], vai ser preciso um grande esforço de aproximação e convergência para ultrapassar as clivagens [que existem entre PS e PSD] já daqui a três meses.»
João Gonçalves 25 Jun 15
Como se isso interessasse a alguém, o dr. Rui Rio, uma emanação sebástica dos nevoeiros do Douro, fez saber (ou outros por ele apesar da excessiva paixão por si próprio) que tem "três cenários em aberto": candidatura presidencial, liderança do PSD ou "manter-se fora da política activa". Com a delicadeza e o bom feitio que o celebrizaram nas margens do referido Douro, e na generalidade dos meios de Comunicação Social, garantiu que não vai "alimentar a discussão sobre o tema, pelo que não vou confirmar, nem desmentir a afirmação (de que só decide após as legislativas); como também não confirmaria, nem desmentiria, se tivesse sido feita no sentido contrário". De onde procede, pois, tanta presunção e tanta contradição? Para além da austera formação de origem germânica e financeira (a primeira de pouco lhe serviu para a "acção cultural" da Câmara do Porto, na prática irrelevante quando foi seu presidente), Rio andou pela JSD do Porto, com o rival Menezes, até ser alcandorado em secretário-geral de Marcelo Rebelo de Sousa. Actualizou os ficheiros e saiu para deputado. Sovou monumentalmente Fernando Gomes, em Dezembro de 2001, e cumpriu os mandatos autárquicos que os portuenses lhe confiaram até ao limite legal. Pelo meio foi vice-presidente do breve consulado partidário de Santana Lopes. Em 2008, no Restelo, um grupinho de "elites" sociais-democratas tentou que ele sucedesse ao choroso Menezes. Terá dito que sim mas, mal chegado ao Porto, fez inversão de marcha política o que obrigou Manuela Ferreira Leite a avançar em nome desse luminoso grupo. Nos derradeiros anos como autarca aliou-se, e vice-versa, a António Costa nuns encontros melífluos, ora em Lisboa ora no Porto, para impressionar o "poder central" e as respectivas lideranças partidárias. Costa, como é sabido, não se ficou pelo chá e levou a sua conspiração a bom termo. Rio, por natureza e de acordo com as declarações do princípio da semana, está enfiado no "quadrado" - a expressão é do bardo Alegre em 2005 a pensar em Belém - que gizou para a sua extraordinária pessoa política desde sempre: tudo, alternadamente, e o nada, também alternadamente. O que, na dúvida, não o recomenda para nenhuma das "alternativas" que colocou. Nem mesmo a de "manter-se fora da política activa" - uma manha retórica dos políticos para lá ficar - apesar de ser a mais consistente das três. Quem não suporta a crítica, o erro ou a tentativa tem de meter explicador de democracia. Não lhe pode presidir.
João Gonçalves 22 Jun 15
«A situação actual, de anarquia gráfica, é insustentável e lesa inapelavelmente a Língua Portuguesa, o nosso Património Cultural imaterial, bem como a estabilidade ortográfica. A riqueza de uma Língua está na sua diversidade. O AO90 não corresponde a uma “evolução natural” da língua, mas a uma alteração forçada, em sentido negativo e empobrecedor. Há muito que a maioria dos Portugueses vê como indispensável um Referendo Nacional, de modo a dar a voz ao Povo nesta matéria. Ora, a Constituição da República Portuguesa (CRP) permite justamente a submissão a Referendo das questões de relevante interesse nacional que sejam objecto de Tratado internacional (artigo 115.º, n.º 3, da CRP); o que é o caso do Tratado do AO90 e das alterações que sofreu (através dos seus Protocolos Modificativos). A Iniciativa poderá provir dos cidadãos (artigo 115.º, n.º 2, da Constituição), como é o caso da presente. Antes da realização de eleições (ou, se for o caso, após estas), os agentes políticos deverão dizer qual o seu sentido de voto, na Assembleia da República, em relação à presente Iniciativa de Referendo: se votarão a favor; ou se, no mínimo, viabilizarão esta Iniciativa, através da abstenção na AR. Convocado o Referendo Nacional, faremos campanha. Os resultados reflectirão o modo como todos os utentes da Língua pensam acerca da ortografia que melhor corresponde a um uso sustentado da mesma, no quadro das línguas europeias da mesma família. Apelamos a cada Português para que assine esta Iniciativa de Referendo; e, na medida do possível, pedimos que angarie assinaturas (dentro do seu meio, da sua família, do seu círculo social; ou até, mais latamente, de forma pública).»
João Gonçalves 22 Jun 15
Não sei se foi em "conversa", no intervalo de uma, se foi uma "ideia" ou o fumo de uma. O que se sabe é que o senhor arquitecto Salgado, antigo nº 2 de António Costa na Câmara de Lisboa (agora, com Medina, é Duarte Cordeiro), "sonhou" com a Estação de Santa Apolónia. E "sonhou" alegadamente em a aprimorar, fechando-a para dar lugar a um jardim. O arquitecto Salgado é uma figura que Lisboa conhece perfeitamente e, para usar as suas próprias palavras, com um "enorme potencial". Vem pelo menos de 2005 a sua "apetência" por uma vereação camarária conforme dei nota num post antigo. Mas o mais interessante nesta pequenina novela ribeirinha é saber o que pensa Fernando Medina de quem tenho boa impressão. A sua auoridade, no presente e para o futuro, passa por não deixar florescer boatos ou ervas daninhas. Seja em que parte de Lisboa for.
João Gonçalves 21 Jun 15
«Depois da catástrofe por que passou, o país não quer ser sujeito a uma nova experiência de engenharia financeira ou social, que nada lhe garante que possa emendar (se correr mal) ou parar a tempo (se não lhe convier). A oposição jura pelos planos que nos pretende aplicar. Só que esses planos são vastos demais, pormenorizados demais, dependentes demais de factores que a oposição não controla: e Portugal, embora frustrado e pobre, não precisa de aventuras. O PS talvez consiga ainda alguma gravidade burguesa e juntar à volta de Costa um grupo de indivíduos com um verdadeiro currículo de eficácia e prudência. Como hoje se exibe, nem lhe falta tirar a gravata ou armar um espalhafato por essas televisões. Já se percebeu do que a casa gasta.»
Vasco Pulido Valente, Público
João Gonçalves 20 Jun 15
Entre ontem e hoje, os órgãos de comunicação social que a encomendaram (RTP, DN e JN) têm estado a divulgar os resultados de uma sondagem da Católica. Para as legislativas a sondagem empata tecnicamente a Coligação com o PS, com ligeira vantagem para a primeira (recordo que nas "europeias" outra, da Aximage, a dada altura também deu um resultado parecido). E revela que 55% dos inquiridos não entende que a oposição seja propriamente uma alternativa. Isto somado desfaz a mitomania sebástica do dr. Costa, e dos seus aliados um pouco por todo o lado, de que bastava ele aparecer e a Pátria, reconhecida, seguiria atrás respeitosa e trémula de fervor salvífico. Não segue (ou segue tanto como seguia nas sondagens com Seguro) apesar de 54% dos questionados "achar", contra 32%, que o PS chega à frente no sufrágio. Mas o mais impressionante, e não menos simultaneamente óbvio, é 65% não acreditar que saia dali qualquer maioria absoluta o que aponta, como sempre suspeitei, para a necessidade de novas legislativas em 2016. O que torna, repito-me, as presidenciais mais interessantes do que pareceriam à primeira vista. Tudo visto e ponderado nesta matéria pela sondagem, Marcelo Rebelo de Sousa emerge como o único candidato natural e transversal. Ou seja, como aquele que pode, logo numa 1ª volta, crescer suficientemente do seu "espaço natural" para o país e ser eleito. É claro que os resultados das legislativas irão determinar muitos movimentos ainda imprevistos. Todavia, fique à frente quem ficar, Marcelo deverá ter condições para, no seu último comentário televisivo que coincidirá com a noite desse acto, afirmar-se candidato simplesmente com uma ou duas palavras. Em 1988, a semanas da eleição presidencial, Mitterrand estava numa entrevista numa televisão. Às tantas perguntaram-lhe, estilo "e já agora", se era recandidato ao Eliseu. Ele disse que "sim". "Naturalmente", acrescentou.
João Gonçalves 19 Jun 15
«O PS nunca se distinguiu pela especial competência da gente que o dirigiu e governou o país durante mais de 20 anos. Algumas personagens foram com certeza melhor do que outras, mas nenhuma (tirando Salgado Zenha e José Manuel Medeiros Ferreira) deixou uma obra durável e uma memória presente e calorosa. Mesmo agora, com uma eleição decisiva à porta, o pequeno grupo que rodeia Costa não se recomenda pelo que fez, nem muito menos pelo que diz. Na intimidade presumo que se acha mutuamente uma esperança; em público não passa da cartilha que já repetia no tempo de Seguro, e volta hoje a repetir com Costa, ornamentada por um vaguíssimo calão económico e por meia dúzia de promessas, que o cidadão comum não leva a sério, tanto mais que são aéreas e na sua maior parte hipotéticas. O dr. Costa deu anteontem uma entrevista a este jornal em que, entre chover sobre o molhado e soltar livremente a sua fantasia, resolveu tratar de um problema real: a reforma do Estado. Pondo de lado a crítica sem sentido à coligação, Costa identificou três pontos, dignos do seu particular zelo: o mar, a modernização administrativa e (calculem!) o desenvolvimento e ordenamento regional. Mas, para chegar aos seus fins nestes três pontos cruciais, Costa não inventou melhor do que fabricar três novos ministérios, que permitam “existir um ministro (claro) com a função transversal”, que “articule” e defina as “políticas sectoriais”. Não quero dar um desgosto a este novo salvador da Pátria, só gostava de o informar que desde 1980 que se fala nessa tremenda habilidade; que Sá Carneiro teve um ministério da Reforma Administrativa; e Cavaco um ministério do Mar. Isto só serviu, como é natural, para provocar um prodigioso número de querelas de competências; para aumentar o funcionalismo; e para paralisar o Estado nas matérias em que precisamente se queria que aumentasse a sua putativa eficácia. O que na situação em que estamos não aquece, nem arrefece, mas mostra bem por dentro a cabeça de António Costa: uma cabeça de alto funcionário, dedicada a fortalecer a administração central, a diminuir a força e a autoridade dos privados (que “ganham milhões com o outsourcing”) e, entretanto, a rabiscar organigramas para deleite dos militantes, que lá se tencionam pendurar. O PS um partido moderno? Não, um partido de burocratas sem responsabilidade e sem brilho.»
Vasco Pulido Valente, Público
João Gonçalves 17 Jun 15
Findo, cerca da meia-noite, O Crepúsculo dos Deuses no canal Mezzo - as "elites" deviam ser fechadas numa sala durante aquelas quase cinco horas e "obrigadas" a ver aquilo para ver se finalmente percebem o que lhes acaba sempre por acontecer - passei pelas notícias domésticas. Sem som, li num rodapé que ilustrava a dra. Albuquerque que a mesma aludiu a uma "pedra". Ora "a pedra" seria a dívida. E os carregadores da dita seriam os portugueses ainda por muitos e bons anos. A dra. Albuquerque não mente e não erra. Não tem jeitinho nenhum mas não se engana. Aliás, a coisa persegue-nos desde que a história de Portugal passou a ser conspícua. A literatura da especialidade, e a outra, glosou amplamente a matéria sobretudo em torno do consabido binómio dívida-empréstimo. Com a "Europa", onde comemorámos outro dia 30 anos de adesão, o binómio conheceu as oscilações decorrentes dela (antes dela, nos anos 70, e com ela nos anos 80 e em 2011) e do convívio forçado com o benemérito FMI. De 2011 para cá, os juros do empréstimo aumentaram significativamente a dívida desequilibrando o binómio, na realidade o seu estado natural. O dr. Costa, cuja superficialidade nestas matérias assusta o último moderado, acha que a "pedra" se dissolve por artes mágicas da dita "Europa". Mas imagine o dr. Costa, homem assaz desprovido de imaginação, que a "Europa", ou melhor, o tratado orçamental que a constitui e comanda, se "dissolve" antes da nossa pesada "pedra". Aí, com certeza, não ficará pedra sobre pedra.
João Gonçalves 15 Jun 15
Fátima Campos Ferreira dedica o programa Prós e Contras ao turismo. Presumo que, sobretudo, ao turismo que toma progressivamente conta de Lisboa: das ruas, do metro, dos ridículos "tuks", dos eléctricos, etc. Dantes havia uma coisa chamada saison. E sabia-se quando íamos deixar de ser atropelados por estas hordas fotografeiras despejadas em pleno centro da Capital a partir de aviões low cost (os mais novos), de transatlânticos gigantescos (as carcaças) e de autocarros (todos). A venda imobiliária ajudou com a "hotelização" do dito centro o que não significa que se lavem. A propaganda saloia do governo, a par com a da Câmara, também. Um dia destes haverá mais camas do que turistas, mais turistas do que lisboetas, mais merda do que a merda que já cá estava. Chamam a isto "progresso" e, os mais avaros, "dinheirinho fresco". Eu chamo-lhe praga.
Foto: Público
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...