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portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Antecipar o passado

João Gonçalves 20 Mai 15

 

O dr. Costa decidiu "antecipar" a apresentação de uma coisa a que chamaram "o programa do PS para as eleições legislativas". O respectivo "gabinete de estudos", presidido pelo dr. Tiago Silveira, encarregou-se do exercício. O dr. Costa andava manifestamente incomodado com o documento que o dr. Centeno, um generoso académico do Banco de Portugal, lhe tinha preparado. E precisava de sobrepor o que quer que fosse a essa papeleta respeitável para sossegar os seus. Surgiu, assim, esta tábua das "21 causas" ("causas" é um termo que cai sempre bem na matilha) que o próprio dr. Costa resumiu eloquentemente: "tem mais despesa mas também tem menos despesa; e tem mais receita mas também tem menos receita". Depois seguiu-se o dr. Silveira para "desenvolver" esta magnífica oferta do PS ao país. A dra. Edite Estrela, por exemplo, estava embevecida. Não era para menos. Acabara de assistir a uma extraordinária antecipação do passado que ela espera que o dr. Costa volte a prodigalizar. Apesar da relativa juventude, o dr. Silveira das "causas" vem directamente desse passado que pessoas como a dra. Estrela pretendem ver redimido e regressado. Há apenas quatro anos era secretário de Estado da Presidência do Conselho de Ministros. Antes disso tinha passado pela justiça por recomendação do dr. Costa ao então 1º ministro,  engº. Sócrates, o qual, enquanto secretário-geral do PS, também o colocou como porta-voz do partido. Nesta matéria o dr. Costa desilude. Promete, com mais passado, menos futuro.

A canalha

João Gonçalves 20 Mai 15

Na semana passada as televisões, os jornais e as "redes" foram tomadas de assalto por uma gravação com um ano. A coisa passava-se numa rua da Figueira da Foz. Umas raparigas entretinham-se a bater num rapaz, nitidamente mais enfezado do que elas, inerme a socos e a bofetadas. Naquela idade, as meninas tendem a crescer misteriosamente por todos os lados enquanto alguns rapazes, como o dito-cujo, permanecem imberbes e manipuláveis. O miúdo, como se costuma dizer, levou um valente enxerto de porrada, sem um murmúrio, salvo quando as meninas lhe ameaçaram os órgãos genitais que o episódio demonstrou aparentemente não existirem em duas das suas mais garbosas componentes. Por que é que esta gravação só apareceu agora persiste um mistério. Como esta, suponho, deve haver centenas. Mas foi o bastante para a tradicional brigada de psicólogos e de "assistentes sociais" aparecer, a título póstumo, para carpir o evento e para as "autoridades" procederem a "identificações" um ano passado. Isto só tem importância para quem persiste em ignorar no que se transformaram as escolas do politicamente correcto. Varrida a disciplina para não incomodar excessivamente pais e filhos, "estruturados" e "desestruturados", escola e rua tendem a confundir-se. E no meio da miudagem que ainda quer aprender algo, ou que a tal é, como lhe compete, obrigada pelas suas circunstâncias de tempo e de modo, vai proliferando a canalha. Entretanto, entre domingo e segunda-feira, o final simbólico da primeira liga da bola trouxe milhares de pessoas para as ruas. Antes disso, porém, em Guimarães alguma "massa associativa" festejou de outra forma. Armazéns, bares, sanitários e cadeiras do estádio local foram selvaticamente arrombados, assaltados e destruídos. Em Lisboa, as festividades terminaram com mais de cem feridos e mais destruição depois de, no meio daqueles que estavam simplesmente felizes, ter emergido a canalha. A polícia actuou em Guimarães e em Lisboa, embora no primeiro caso não tivesse praticamente conseguido impedir nada. Nada, salvo uma comoção nacional de proporções tão bíblicas quanto ridículas por causa do princípio da proporcionalidade na actuação policial. Todavia, como recordou Miguel Sousa Tavares, sem a polícia há muito que a bola seria infrequentável. O que nos foi mostrado da Figueira, de Guimarães e de Lisboa foi intolerância, estupidez, infantilismo e fanatismo. E, talvez, a manifestação do direito da canalha à liberdade.

 

Jornal de Notícias

 

Foto: Amazon

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