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portugal dos pequeninos

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Mais uma derrota da "Europa"

João Gonçalves 8 Mai 15

Paradoxalmente, ou talvez não, a vitória conservadora na Inglaterra constitui mais uma derrota da "Europa": a de Barroso, de Juncker, da Senhora e de Hollande. O "nivelamento" a que praticamente todas as governações europeias se sujeitaram, sejam mais das esquerdas ou mais das direitas, por causa do "tratado orçamental" alterou profundamente aquilo a que o PC costuma chamar "a correlação de forças". O socialismo e a social-democracia, à força de não se distinguirem dos "conservadores" e "liberais"no austeritarismo e na mistificação política em que se tornou a "Europa", fazem com que a populaça prefira o original (com algumas "originalidades" tais como a ameaça de referendo sobre a pertença à Europa e a moeda própria) ou o "radical" quase inconsequente (como na Grécia) a cópias remoídas. Deve ser por isso que o dr. Costa, que possui um módico de literacia económica e financeira, não se entende politicamente com o "relatório técnico" que encomendou. Está entre aquele clássico querer e não querer o mesmo, "rebocado" pelos mesmos que já não vão a tempo de entender, para citar um título de Manuel Valls, que é preciso acabar com o velho socialismo para ser finalmente de esquerda.

A grande ilusão

João Gonçalves 8 Mai 15

 

«Vou escrever sobre meia dúzia, talvez, com optimismo, sobre uma dúzia de intelectuais franceses que dominaram o pensamento político desde o fim da guerra a 1962-1965. Todos se conheciam, todos se viam, todos passavam pelos mesmos restaurantes, pelos mesmos bares, pelos mesmos cafés. Todos se falavam e não paravam de falar, mas ninguém concordava com ninguém. Havia, para começar, uma grande divisão: entre os que estavam dentro e os que estavam fora — do Partido Comunista Francês (PCF), claro está. E, dos que estavam fora, entre os que estavam mais próximos do partido e os que estavam mais longe. A distância era medida pela quantidade de idiotia e de mentiras que cada um alegremente aceitava sobre a URSS e a política francesa; pelos livros que cada um escrevia para justificar o injustificável. Não se pense que esta estranha vida se fazia sem dor. As crises de consciência e as zangas pessoais não paravam nunca. Ferviam insultos. Muitos foram para a província com esperança de recuperar um pouco de sanidade. Não conseguiram. Os dogmas não deixavam saída. O primeiro declarava a URSS a pátria do socialismo real (por muito que a realidade se não parecesse com a descrição), e os verdadeiros revolucionários tinham de a defender contra as calúnias do Ocidente. O segundo dava ao proletariado da França a missão histórica de trazer o socialismo à Europa (apesar de ele já ser nessa altura minoritário e fraco). E o terceiro estabelecia que o PCF representava o proletariado da França. Recusar o PCF era assim simultaneamente recusar a história, a justiça e a Pátria. A herança desses senhores e dessas senhoras acabou por ser um legado de ignomínia e de irresponsabilidade. Verdade que, perante a evidência, a maior parte se arrependeu e, penitentemente, acabou por se confessar em público, como na Idade Média. Mas não ajudaram nada, nem aliviaram o mal que tinham promovido e aplaudido. A esquerda portuguesa de hoje não se distingue muito da esquerda francesa que reinou durante 20 anos e a seguir abjectamente se matou. Os filhos dela continuam a berrar por aí. Até ao dia em que perceberem que as poses não substituem os factos e que não se governa disfarçando e escondendo um passado desagradável. O dr. Costa julga que caiu imaculado no meio de nós. Infelizmente, nós sabemos como e com quem ele chegou ao que chegou.»

 

Vasco Pulido Valente, Público

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