Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Limpar a casa

João Gonçalves 6 Mai 15

«Em ano de eleições a questão é saber se temos no horizonte personalidades políticas com a experiência, a coragem e a ausência de compromissos partidários ou económicos para fazer as mudanças necessárias no sentido de limpar a casa e fornecer os recursos exigidos pela justiça para que esta faça o que lhe compete sem deixar dúvidas acerca da intervenção, activa ou passiva, do poder político. E temos assistido a demasiados silêncios partidários para podermos acreditar que isso aconteça. De facto, não é de esperar que quem foi parte do problema, ou esteve calado durante todos estes anos, possa agora ser parte da solução. Por isso é essencial que nas campanhas eleitorais deste e do próximo ano os portugueses se pronunciem de forma clara sobre estas questões – questões centrais numa democracia feita de valores e de gente honrada, questões que não podem ser iludidas uma vez mais. E que escolham novos interlocutores com o currículo, a coragem e a determinação que a tragédia portuguesa justifica, porque enfrentamos desafios que não se resolvem com discursos ideológicos ou líricos, mas com uma acção experiente e determinada.»

 

Henrique Neto

António Costa e os índios do Paraguai

João Gonçalves 6 Mai 15

 

(...) O que se passou é um mero reflexo do que tem dado a crescente promiscuidade entre a acção política e a acção comunicacional. O "namoro" corre razoavelmente até ao momento em que o jornalista não diz, ou não diz bem, aquilo que o político estava habituado a ler e a ouvir ou, no limite, aquilo que queria ler e ouvir. E aí o político tende a reagir com um excesso "que pouco tem a ver com o que aconteceu mas com a forma como vem relatado" (socorro-me de José Pacheco Pereira em "O nome e a coisa", de 1997). Para não irmos mais longe, basta recordar os barulhos entre a Casa Civil do actual presidente da República e Mário Crespo, entre uma mão cheia de jornalistas e Sócrates, entre o "Público" e Relvas ou entre António Costa, na vertente presidente de Câmara, com o mesmo "Público". Costa, porém, não é um cidadão comum quando lê um jornal, escuta a rádio, vê televisão ou navega nas "redes sociais". Por isso as suas reacções no campo das liberdades públicas, onde se inclui a de expressão e a de informar, interessam-me enquanto eventual chefe futuro de um governo democrático. Ou, como perguntava António José Saraiva, "acaso estamos destinados a ser eternamente meninos, como os índios do Paraguai, sabiamente tutelados pelos virtuosos padres jesuítas nas aldeias comunitárias do século XVII"? Talvez Costa ache que sim. E que, numa má declinação da Mertreuil de Laclos, é a sua própria obra.

 

Jornal de Notícias

 

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor