Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

portugal dos pequeninos

Um blog de João Gonçalves MENU

Escrever, pensar, poder

João Gonçalves 2 Mai 15

 

«Ao começarem a apresentação de um projecto político por aquilo que deve ser um complemento ancilar e não um ponto de partida, aceitaram o “economês” e todas as ideias simplistas sobre a sociedade, a política e a economia que lhes estão associadas. Parece quererem obter o beneplácito dos adversários, fishing for compliments e atestados de responsabilidade dados pelos mentores e apoiantes da actual maioria, que nunca deixarão de pensar que os “outros” fazem melhor. O PS “confiável” é conveniente para eles passarem o intermezzo que acham que os eleitores vão dar à maioria, para diminuir as tensões, mas depois tudo voltará ao normal, um “ajustamento” eterno, que aumenta as desigualdades sociais, fragiliza o poder do trabalho, reduz Portugal a uma versão pobre e medíocre de uma Singapura falhada. Os programas políticos agora são auditados e auditáveis. Por quem? Por técnicos que lhes vão dar notas pelo “trabalho de casa”. Mas esses técnicos não têm opiniões, não são parte quando se trata, no fundo, de analisar políticas? Mas não, não é política é uma folha de Excel. Vão dar notas? Alguém espera que o PS tenha mais do que um sofrível dez e o PSD-CDS um melhor treze? Com que modelos, com que concepção da sociedade, com que ideias, com que “economia”? (...). Pobre país o nosso, entregue a estas cabeças e a este desastre ambulante que é hoje a Europa. Esta é das previsões mais fáceis de fazer: vai haver surpresas e todas elas fora do “consenso europeu”. É que a história não é feita de modelos, mais ou menos neo-malthusianos, que não incluem a complexidade da realidade, agora sem aspas. E essa realidade é o ruído de que falava Max Weber: a regra desses programas é falhar. A regra, não a excepção.»

 

José Pacheco Pereira, Público

 

«A imagem que me ficou dos trabalhos realizados pelos insignes especialistas foi o da história de alguém confrontado com um lençol demasiado pequeno para cobrir todo o corpo e que se afadiga a puxar o lençol, ora para cima ora para baixo, para cima para tapar a cabeça e destapando os pés, para baixo tapando os pés e deixando a cabeça de fora. Ou seja, o PSD/CDS procuram tapar os pés, o PS preferiu tapar a cabeça, nada mais do que isso. Claro que o exercício feito pelo PS e pelo Governo é útil e até algo inovador no vazio de ideias e de falta de transparência que tem sido a governação económica em Portugal. O que promete um debate durante a próxima campanha eleitoral um pouco mais rigoroso do que tem sido a prática passada. Contudo, se um grupo de técnicos da economia é quem define o futuro do País, sem alterar nada nas politicas económicas que nos conduziram até aqui, como podem os portugueses esperar que os seus problemas e a sua vida possam mudar para melhor? (...) Isso seria trabalho para políticos competentes e não apenas para técnicos.»

 

Henrique Neto, Expresso

Haver quem os admira

João Gonçalves 2 Mai 15

 

Isto já é um bocado de Observador a mais para meu gosto. Todavia, este texto notável de Miguel Tamen sobre um livro presumivelmente também notável de António M. Feijó sobre Fernando Pessoa entrelaçado de Pascoaes ou o oposto - e que envolve, o artigo, instantes notáveis de crítica literária o que prova que esta sobretudo não precisa de berloques melancólicos ou desinformados para se apelidar "crítica literária" - deve ser lido por quem ainda consegue encontrar aquele "prazer no texto" que não tem de ser necessariamente o "do texto" que Barthes esmiuçou. Imagino que o livro de Feijó esteja à altura da recensão de Tamen, e vice-versa, conhecendo o trabalho de ambos. Pessoa, que não era uma "pessoa" propriamente dita tal como em geral as conhecemos, é ele e aquilo a que por vezes se chama a sua "fortuna crítica", mesmo a menos afortunada. Tamen vai de João Gaspar Simões a Cesariny, passando por um (e um só, não se assustem) Agostinho da Silva e pelo Revisitado, «o único livro de Eduardo Lourenço.» Saem rasurados da lista Jacinto Prado Coelho ou as colectâneas de artigos em forma de livro o que exclui Casais Monteiro e Sena, por exemplo. Mas, resumindo, o que me interessa é que este texto e, segundo Tamen, «este livro é assim, para além de um livro sobre escritores, um livro sobre o facto, cada vez mais raro, de haver quem diz em voz alta que os admira.»

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Últimos comentários

  • João Gonçalves

    Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...

  • s o s

    obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...

  • Anónimo

    Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...

  • Felgueiras

    Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...

  • Octávio dos Santos

    Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...

Os livros

Sobre o autor

foto do autor