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"Os tempos são ligeiros e nós pesados porque nos sobram recordações". Agustina Bessa-Luís
João Gonçalves 19 Mar 15
Estamos pouco ou nada habituados a que "actores" políticos se dêem ao trabalho de pensar. Movidos pelo "curto-termismo" e pela insaciável procura comunicacional, a generalidade dos agentes políticos tende a desprezar, na acção, o papel indispensável de um pensamento que não seja inteiramente débil. É certo que encontramos nos protagonistas mais recentes e proeminentes, em títulos de livros que ninguém leu, coisas aliciantes como "mudar", "compromissos para o futuro", "caminhos em aberto" ou "roteiros". Mas, na realidade, Portugal nunca esteve tão pasmado como agora passados mais de quatro décadas sobre o acto fundador do regime. As 80 reflexões que Manuel Maria Carrilho apresenta na sua mais recente obra, precisamente intitulada "Pensar o que lá vem, para acabar com o Portugal pasmado" (Planeta, 2015), furtam-se à leviandade do imediato que corrói a qualidade do espaço público do debate democrático. Poucos cultores da política nacional têm sabido alcançar a trabalhosa simbiose entre "o sentido da história que explica" e "o pressentimento do futuro que mobiliza", isto é, a capacidade de "olhar para o Mundo através do prisma da incerteza, sondando-o mais através das consequências do que se sabe, do que de palpites sobre probabilidades que não se conhecem de todo". Carrilho fá-lo a partir de um lastro identificável, o do socialismo democrático ou da social-democracia, todavia com uma notável liberdade de espírito própria daqueles que têm mais a dar à política do que dela alguma vez esperaram receber. Não é por acaso que refere Kant: as coisas têm ou um preço ou uma dignidade. Como professor universitário, como ministro, como deputado, como representante de Portugal na UNESCO Carrilho nunca transigiu, quer babujando "palavras mágicas", quer gerindo "silêncios calculistas". Assumiu sempre, pasme-se, as suas responsabilidades. O seu livro, nestes tempos desbussolados e pasmados, alivia das simplificações em que se afadigam os precários militantes dos ciclos políticos. Que não entendem o que aí vem.
João Gonçalves 19 Mar 15
Quem não sabe o que são responsabilidades políticas não tem condições para exercer cargos de nomeação política. E louvar-se na ignorância para se declarar irresponsável não lhe aproveita. Apenas reforça a incapacidade de acção política por ela ter, na prática, deixado de existir. Pode "estar" mas já não "é". Quem não perceber isto meta rapidamente explicador.
Adenda: Faz-me aflição que, quando lhe dá jeito, o governo ignore os termos do art. 182.º da Constituição. E que me faça, a entre outros, passar por parvo. Sobretudo o dr. Marques Guedes.
Primeiro tem de me explicar o que é isso do “desta...
obviamente nao é culpa do autor ter sido escolhi...
Estou de acordo. Há questões em que cada macaco se...
Fui soldado PE 2 turno de 1986, estive na recruta ...
Então António de Araújo foi afastado do Expresso p...