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portugal dos pequeninos

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Ri-te

João Gonçalves 31 Mar 15

 

O Grande Timoneiro, ainda na fase não desdentada, ri-se. Isto por cá resume-se numa frase dele: debaixo dos céus reina o caos, a situação é excelente. Desfaz-se um resultado eleitoral regional por "má comunicação" caciqueira, um  presidente de câmara desfaz-se dela e do mandato para que foi eleito, o principal partido da governação apresenta-se ao país com um "gabinete de estudos" cujo criativo presidente cria a nova forma verbal "haveverão" e o interregno que reina na Ajuda no posto da cultura foi desautorizado numa lei estúpida vetada pelo PR. Ri-te, Grande Desdentado, desta miséria.

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Ainda bem que os cofres estão cheios

João Gonçalves 31 Mar 15

Lido em o Observador, uma espécie simpática de "diário do governo", e fazendo de conta que parte do Estado democrático de direito (v.g. eleições ou Tribunal Constitucional) não existe. "A vulnerabilidade externa de Portugal continua elevada, tendo em conta os níveis elevados de dívida externa, e o país estaria vulnerável a um cenário em que a confiança dos investidores fosse penalizada na sequência de a Grécia decidir sair da zona euro, ainda que este não seja o cenário base da Moody’s”, escreve a vice-presidente da agência de rating Kathrin Muelhbronner, que há vários anos acompanha de perto a situação da economia portuguesa. Em análise divulgada esta terça-feira, a agência de rating, que continua a atribuir uma notação de baixa qualidade à dívida pública portuguesa, transmite uma mensagem de maior optimismo em relação à economia portuguesa, sem prejuízo de alertar para os riscos que ainda existem e que justificam o rating de lixo. Além dos riscos já citados, a Moody’s aponta, ainda, “o stock persistentemente elevado de créditos problemáticos e a baixa rendibilidade” dos bancos nacionais."

Pavanas para um poeta morto

João Gonçalves 30 Mar 15

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Não tenho presente a designação da nova revista do hebdomadário Expresso. Talvez seja "E" grande, não sei, e não me apetece ir confirmar. As duas derradeiras edições tornaram-na mais conspícua por capas substantivae formalmente antagónicas. Há duas semanas dedicaram-na a Cristina Ferreira, uma moça da televisão que "abafou" a concorrência em proporções verdadeiramente bíblicas. Julgo, até, que terá uma "marca" com o seu nome e uma revista, outra, cuja primeira página partilhou com o prolixo prof. Marcelo na dupla qualidade de "colega" (de televisão) e de proto-candidato presidencial (dessa televisão, das bases do PSD e do dr. Portas com quem se reconciliou). No número de sábado a fotografia de capa era de Alfredo Cunha e o fotografado era Herberto Helder. Lá dentro havia mais fotografias e, sobretudo, cinco textos a pretexto da morte do autor de Os passos em volta. Digo a pretexto e não exactamente sobre Herberto Helder porque, de uma maneira geral, os articulistas escreveram mais sobre as suas "experiências", reais ou imaginárias, com o poeta do que propriamente dele ou daquilo que ele representou na chamada literatura portuguesa contemporânea. Não tem mal. É comum falarmos de nós quando falamos de outros  e vice-versa. Mesmo a título mais informativo como sucede com o texto de Ana Cristina Leonardo. Ou mais "prosódico" como nos "confrades" de Helder, Tolentino de Mendonça e Pedro Mexia. Clara Ferreira Alves faz naturalmente de Madame de Mertreuil como costuma fazer com tudo o que escreve e diz: "je suis mon ouvrage". Também não tem mal. Fui reler o que o Joaquim Manuel Magalhães tinha dito, em momentos precisos, do que, naquele momento em que o afirmou, era alguma da obra de Herberto. E são ainda hoje esses textos que olham para aquele edifício entretanto sujeito a tantas implosões com menos complacência ou condescendência entre tanta admiração fundamentada. Até nos registos mais aparentemente jubilatórios J. M. Magalhães "liberta" a poesia de Helder da tentação de proeminência que algum lastro epigonal mal amanhado quis à força reter daquele fulgurante uso das palavras. Entretanto em Helder sucederam-se as contingências editoriais que culminaram, nas derradeiras, em "aparições" de rapidíssimos desaparecimentos e em uma "obra completa" ou "toda" que aparentemente não mais cessará de o ser. Talvez por isso mesmo seja difícil, quando não impossível, "fixar" sem ser com a imprecisão musical de uma pavana o que persiste, ou não, em Helder e na sua arte. Que é dela que se trata, não se duvida. Como se trata dela, há-de duvidar-se para sempre.

As coisas são o que são

João Gonçalves 29 Mar 15

 

Em 2001 frequentei, e concluí, esta pós-graduação na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Vital Moreira orientou-a para além de leccionar alguns clusters. Antes disso conhecia alguma da sua obra jurídica nomeadamente na área do direito constitucional e do direito público da economia. Não tenho nenhum motivo para duvidar do que escreveu aqui.

 

As "inteligências" rosnam, com uma espécie de boçalidade sofisticada, ao nome de Alberto João Jardim. Acontece que Jardim tem um currículo político invejável sufragado anos a fio pela população da Madeira. Quando era vice-presidente de Marcelo andou um pouco por todo o "continente": sabe perfeitamente como é mal amado por aqui. Mesmo sem ele, porém, o PS continua a inexistir na Região Autónoma. E já devorou, à conta da sua incompetência política, não sei quantos chefes regionais. Seguro ganhou duas eleições nacionais antes de o removerem. Costa começa a perder uma eleição regional. Alberto João Jardim sai para dar lugar à geração dos cabelos pintados (devem recorrer todos ao mesmo método capilar) que pulula no actual PSD, de Lisboa ao Funchal. Parabéns.

Porque não?

João Gonçalves 27 Mar 15

 

«Costa podia talvez mostrar alguma curiosidade pelos motivos que levaram um homem de 78 anos, modesto e com uma excepcional carreira na indústria, a sair da sombra. Infelizmente, Costa não se interessa por essas bagatelas. Só que, posto de parte cavalheiramente este fantasma da Marinha Grande, ficam algumas perguntas, que merecem resposta. Será, por exemplo, que, a benefício de uma amnésia incurável e total, Costa já esqueceu o que foram os bons tempos de António Guterres: a indecisão diária, a desordem no Governo, a ausência de autoridade, o populismo intermitente de um primeiro-ministro católico? A sério que gostava de ver esse melancólico espectáculo repetido em Belém? Ou prefere Vitorino, o advogado de negócios, que nunca abriu a boca sobre o estado, o destino e o caminho de Portugal? Ou a invenção de Soares, que dá pelo nome de António Nóvoa, e que não se recomenda por mais do que uma oratória com um século de atraso e uma vacuidade absoluta? Esses não são bobos, nem Grillos, nem indiferentes? A direita não comentou a candidatura de Henrique Neto. Por motivos tácticos mais do que óbvios, mas também porque evidentemente não se sente segura. Durão Barroso, eleito pelos portugueses para primeiro-ministro, arranjou na “Europa” um emprego melhor. Marcelo Rebelo de Sousa é um comentador (exclusivamente preocupado com a “apresentação” das políticas) a quem, ao fim de 30 anos de televisão, não se conhece uma convicção, um princípio, um objectivo. Rui Rio, fora a importância que ele a si mesmo se atribui, é uma personagem secundária do Porto. E Santana Lopes continua heroicamente Santana Lopes. No meio disto, desta pobreza e desta inconsciência, porque não a extravagância de Henrique Neto?»

 

Vasco Pulido Valente, Público

O discurso da ignorância

João Gonçalves 26 Mar 15

 

 

O espaço público, porventura com a aproximação de sufrágios populares, foi tomado pela ignorância enquanto método privilegiado do discurso político e afim. Na filosofia, o estado interrogativo suscitado pela ignorância tende a ser criativo: valoriza-se mais as perguntas do que as respostas. Ora, entre nós, generalizou-se outro tipo de ignorância enquanto "espelho da natureza" de muitos dos que detêm funções conspícuas. Na filosofia questiona-se por responsabilidade intelectual. Em Portugal evita-se responsabilizar quer com perguntas quer com respostas. Na comissão parlamentar de inquérito ao caso BES, por exemplo, desfilou um cortejo de elites aparentemente ignorantes do essencial e especializadas no "passa ao outro e não ao mesmo". Foram algumas, aliás, remuneradas pornograficamente anos a fio quando não celebradas através de veneras concedidas pelo regime por saberem mais que o comum dos mortais no seu esplendor "empreendedorista". Todavia, na hora da verdade abundou a ignorância, o esquecimento, a leveza. O que não impediu que, mesmo improváveis e irresponsáveis, mandassem famosamente "nisto tudo". O regime político que permitiu que esta situação é, na sua irremediável fraqueza, uma mera consequência deste mandarinato tosco. O dr. Passos Coelho referiu um "martelo" que lhe terá atingido a cabeça e, por tabela, a do indigenato. Mesmo sem nada nem ninguém os martirizar com a veemência metafórica de tal objecto de carpintaria, os membros do seu Governo paralisaram igualmente na ignorância e na irresponsabilidade. Estão como que num limbo, partilhado com o candidato do PS a primeiro-ministro, à espera que o tempo passe até eleições: não vêem, não ouvem, não falam. Podem ignorar. Ou, quando falam, mais valia terem estado calados. Limitam-se a apontar dedos o que, de uma maneira geral, é feio como se transmite cedo às crianças. Não sei se alguma vez recuperaremos por completo desta torrente de infelicidades, indignidades e ignorâncias. Delas, de facto, temos os cofres cheios.

 

Jornal de Notícias

Acabe-se de vez com o sigilo fiscal

João Gonçalves 26 Mar 15

 

Começo a pensar, depois de tantos pareceres aparentemente inúteis a defendê-lo, que é melhor acabar com o sigilo fiscal. Como sugere a prática de alguns países nórdicos dos quais brotam séries ficcionais como Borgen que faria bem às "elites" paroquiais ver. Custa-me a aceitar, sob qualquer ponto de vista, que se produzam relatórios com títulos tão extraordinários como este: "auditoria a eventuais consultas de dados pessoais de Sua Excelência o Primeiro-Ministro". E por que não outro sobre "eventuais consultas de dados pessoais" do sr. Asdrúbal ou da Dona Efigénia que, em matéria fiscal, estão exactamente no mesmo plano legal de deveres, direitos e garantias de "Sua Excelência"? A cacofonia gerada por esta coisa do "pacote VIP" lançou um anátema não administrativo sobre a Autoridade Tributária e Aduaneira que o poder político não aliviou falando ou calando-se. É claro que procedimentos da natureza do referido, seja por excesso de zelo ou de "respeitinho", não ajudaram em nada. Cauterizar esta ferida exige sobretudo bom senso que é o que menos tem abundado. Ou seja, mais "juizinho" e menos "respeitinho" como é próprio de Estados adultos de direito.

"Devido a uma atitude fortemente ética"

João Gonçalves 25 Mar 15

 

«Levo a sério a ideia de um candidato a Presidente da República apresentar-se ao eleitorado de forma independente, de acordo com a sua consciência (...). Revejo-me na Presidência do general Ramalho Eanes. Devido a uma atitude fortemente ética, muito pensada para o país (...). Desafiarei os partidos a pronunciarem-se antes das eleições legislativas. Acho desejável que, após as legislativas, haja alguma forma de cooperação institucional entre os partidos políticos portugueses - pode ser uma coligação, pode ser um acordo de incidência parlamentar, pode ser aquilo que quiserem. E considero que é mais fácil obter isto existindo um documento feito por uma entidade independente como o candidato a Presidente da República, sobre o qual se podem pronunciar.»

 

Henrique Neto em entrevista ao Jornal de Notícias

Por uma nova república

João Gonçalves 25 Mar 15

As presidenciais de 2016 podem ter mais interessse que as legislativas outonais de 2015. A Portugal convém alguém que assegure a liderança institucional  e não meramente ornamental do PR. Não afirmo nada de novo: os Reformadores, em 1979, já o tinham defendido. Candidatos que venham para o palco perpetuar uma leitura bocejante e parlamentarista do sistema não servem o futuro. Um país em transe precisa de outra exigência, de outro desígnio e não de estimáveis figuras mais ou menos mediáticas, mais ou menos reféns dos "donos" dos respectivos partidos e do regime. Em suma, necessita de uma Nova República.

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