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portugal dos pequeninos

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Dia da intolerância selectiva de ponto

João Gonçalves 17 Fev 15

 

Comemora-se hoje uma das mais notáveis "reformas estruturais" do governo em funções: o dia da intolerância selectiva de ponto. E comemora-se, à portuguesa, de uma maneira original. A dita intolerância foi decretada para o Estado, em sentido amplo, mas apenas a chamada administração central é forçada a cumpri-la. Nas outras - autarquias, Regiões Autónomas, o que resta de empresas públicas, etc. - pratica-se a tolerância carnavalesca, a saber, desobedece-se. Não há distrubuição de correio, os transportes públicos praticam horários de feriados e fins de semana, etc. Detesto o carnaval e a minha vida, por assim dizer, é impessoal e intransmissível pelo que não é afectada por decisões parvas. Se as quisesse "furar", "furava" com férias por exemplo em Paris (onde estava precisamente há cinco anos) e onde ninguém sabe o que é uma "terça-feira de carnaval". Os meus dias úteis, aliás, são-me tão indiferentes como os inúteis e vice-versa. Dito isto, e porque escolhi como ilustração o senhor holandês dos caracóis embebidos em gel e das sinapses embebidas em Schäuble, impôe-se uma "explicação". O socialista que preside ao Eurogrupo - cujo currículo aldrabado com um mestrado que não terá concluído o recomenda para pouca coisa - é um dos rostos da estupidez sistémica que permite insignificâncias amesquinhadoras com a da intolerância selectiva de ponto imposta por um executivo preiférico que integra, com manifesta alegria, essa estupidez. A unanimidade bovina registada na reunião de ontem contra um país-membro revela a inutilidade do Eurogrupo e, por tabela, do Conselho Europeu. Bastava fazer circular imaterialmente uma papeleta elaborada sobre o que quer que fosse, sem discussão e para assinar em baixo, e poupava-se na mercearia, a causa única que os junta. O governo grego, ao arrepio da medonha criatura e dos seus lacaios, pôs cá fora uma dessas papeletas "confidenciais" que revela o carácter do holandês. Fez muito bem. Ficámos a conhecer melhor o "carácter" da "Europa" e dos seus mandarins intolerantes de ponto.

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